A guerra pela sobrevivência de Michel Temer se intensifica a partir do momento em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentar a denúncia contra o presidente. Temer seria denunciado por corrupção passiva, nos episódios da mala de dinheiro entregue ao ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) e das conversas gravadas pelos delatores da JBS. Caberá à Câmara autorizar o STF a apreciar a abertura da ação, que resultaria no afastamento por até 180 dias do presidente. Como no impeachment de Dilma Rousseff, o aval depende de 342 dos 513 deputados. Assim, Temer busca 172 zagueiros. Só o PMDB tem 64 deputados, faltando mais 108 em uma base que, no papel, beira os 400 nomes. No voto aberto, os deputados podem ir contra a denúncia ou não aparecer na sessão. Em tempos de discursos contra a corrupção, cada escudeiro do presidente terá de justificar ao eleitor a opção. Vai exigir malabarismo retórico, mas virão argumentos de perseguição de Janot a Temer, impacto negativo na economia e pró-estabilidade, como Gilmar Mendes no fatídico julgamento do Tribunal Superior Eleitoral. Talvez cole e não ameace reeleições. O Planalto está confiante, pois a batalha ocorre no terreiro de Temer, onde Janot é figura non grata, sem força e Diário Oficial para cabalar votos. Com emendas, cargos e ataques à credibilidade do procurador-geral e do ministro do STF Edson Fachin, Temer confia que encontrará 172 engavetadores.

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TROCA

Alvo de dois inquéritos a partir das delações da Odebrecht, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) pediu que os casos saiam das mãos de Edson Fachin. A defesa do gaúcho alega que não há relação com a Petrobras. Temer já teve pedido similar negado no STF.

PRAZO

A Polícia Federal pediu mais 90 dias para avançar no inquérito sobre irregularidades na obra do Trensurb, que investiga Eliseu Padilha e o deputado Marco Maia (PT-RS).

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ATOR

Foi classificado como “teatro” entre juízes o discurso indignado do ministro do TSE Napoleão Nunes Maia Filho contra as menções ao seu nome em delações. O magistrado, que deveria crer na Justiça e não na barbárie, desejou aos rivais a “ira do profeta”, fazendo sinal de degola.

Colaborou Silvana Pires

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