Brenda Eloiza, que completa 10 meses hoje, passa os dias na casa de uma vizinha. O cuidado que mora ao lado é bem visto pelos pais Lucenilda Rodrigues Amaral, 34 anos, e Olnei Alexandre Abegg, 37, que trabalham fora e precisam de alguém que zele pela bebê. O serviço custa R$ 350 no apertado orçamento mensal da família, que tem renda média de R$ 3 mil. O valor tem que pagar a casa — que é alugada — e os gastos necessários para manter quatro pessoas. A filha mais velha, de oito anos, fica na casa de outra vizinha no contraturno escolar, outra despesa de cerca de R$ 100.

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Brenda Eloiza está na Fila Única dos Centros de Educação Infantil (CEIs) desde que saiu da maternidade. Quando os pais se inscreveram para uma vaga, havia mais de 300 pessoas à frente — hoje a menina ocupa a 15ª posição. No total, há 4.243 inscrições aguardando por matrícula em uma das unidades do município ou conveniadas a ele. A demanda é maior do que em junho do ano passado (4.045).

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Mesmo aparentemente perto de ser chamada, os pais seguem preocupados, pois a vizinha que cuida de Brenda já disse que logo não poderá continuar o trabalho.

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— Eu tenho medo de ter que parar de trabalhar para cuidar dela, porque a gente precisa trabalhar e assim não tem mais quem cuide. Essa vaga faz muita falta para nós — lamenta a mãe.

Lucenilda e Olnei chegaram a pesquisar os preços de creches particulares, mas um gasto de no mínimo R$ 800 por mês é pesado para a família que mora no bairro Passo Manso, a cerca de 400 metros de onde deveria estar em construção uma das sete novas creches anunciadas pela prefeitura de Blumenau, na Rua Josephina Rausch Reiter. Mas a unidade ainda está apenas no papel.

Outra opção para a família de Brenda seria o CEI do bairro Água Verde, na Rua Nelson José Busarello, obra mais adiantada da lista e que fica a pouco mais de três quilômetros da casa da família. O canteiro de obras tem movimentação: as paredes estão erguidas e rebocadas e a estrutura se mostra espaçosa, mas só 26% dos trabalhos estão prontos. Esta e as outras seis unidades aguardam a liberação de recursos do governo federal que garantam o fim das obras, que já não têm previsão de ser entregues à comunidade.

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Recurso foi prometido, mas ainda não veio

Das sete creches anunciadas ainda em 2013 e que tiveram a construção aprovada, cinco iniciaram, de fato, as obras. Mas nenhuma deve ficar pronta dentro do prazo. Isso ocorre porque, segundo a Secretaria de Educação, o governo federal não enviou para o município nada dos R$ 6.392.286 que foram aprovados para as obras das. A contrapartida da prefeitura é de R$ 3.109.896,80, verba que segundo a secretária Patrícia Lueders está garantida e bloqueada nos cofres do Executivo para este investimento.

— Nós temos o recurso da contrapartida, mas como se trata justamente de uma compensação não podemos colocar esse dinheiro antes que o governo federal envie a primeira parcela do recurso que foi empenhado para essas obras, porque a parte principal é justamente do governo federal — explica.

Com o entrave dos valores federais, há risco de as obras que começaram e já estão atrasadas serem paralisadas. Patrícia ressalta que não será possível cumprir os primeiros prazos de conclusão divulgados e que a secretaria não pode dar uma data de finalização das obras, já que depende da liberação dos recursos federais.

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