O rebaixamento do Criciúma foi decretado antes da última rodada do Campeonato Brasileiro, mas só agora, com o encerramento da competição, que o presidente do clube, Antenor Angeloni, convocou uma coletiva de imprensa em seu escritório ao fim da tarde desta segunda-feira para o balanço anual.
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Além de uma gama de assuntos (reunidos nos tópicos abaixo), o presidente também mencionou a possibilidade de manter o técnico Luizinho no comando da equipe durante o Campeonato Catarinense, comentou a saída antecipada do ídolo Paulo Baier e as consequências que o ano estressante teve sobre sua saúde.
Em um bate-papo informal, após a entrevista coletiva, um dos repórteres perguntou o que era uma mancha roxa sob o olho esquerdo do presidente. Angeloni respondeu que “é o Criciúma”, que lhe causou um derrame. O cartola disse que teve muitas noites mal dormidas e completou que o sentimento é de decepção com a temporada de 2014.
Entre os principais tópicos abordados pelo cartola, esteve um apelo para que os sócios não abandonem o Tigre:
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– Queria pedir para o nosso sócio não nos abandonar. Estão nos abandonando aos milhares. Isso é um erro. Nós só temos o Criciúma. Temos que amar esse Criciúma, lutar pelo Criciúma, e se o sócio não ajudar nós vamos nos ver mal. O Angeloni está determinado e não vai mais botar dinheiro no futebol. As empresar, de modo geral, estão passando por dificuldades e não podem mais dispor disso. Esse ano nós temos uma dificuldade de receita muito grande. Se 10 mil, pelo menos 9 mil sócios não permanecerem conosco, teremos uma dificuldade imensa. Só vamos fazer futebol com a receita que vamos ter – disse o presidente.
Confira mais tópicos abordados na entrevista, que foi uma das mais longas do empresário de 78 anos que comanda o Criciúma pelo quinto ano consecutivo.
Prejuízo com o descenso
– Perdemos pelo menos R$ 25 milhões com essa caída para a Série B. Que o sócio não fique revoltado, não adianta. Se o Criciúma não tivesse sido prejudicado pelos árbitros, poderia estar na Série A. Quantos pontos não perdemos só contra o Palmeiras?
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Raimundo na direção do futebol
– Meu pedido é que o sócio permaneça conosco. A gente vai tentar, através da experiência do Raimundo Queiroz. Ele agora é o cara que vai determinar tudo. Temos que acreditar nele e vamos ver o que ele vai fazer. Estou gostando dele, que está botando muita fé nos guris (da base).
Olheiro do Tigre já viaja pelo Brasil
– Tenho a impressão de que virá outro para o futebol. Já temos um olheiro no Brasil, estamos pagando estadia, ele está viajando pelo Brasil todo. Ele vê o jogador, depois indica, depois trazemos ou não trazemos. Não sei se vai dar certo, mas aprovei isso também. Mais nada. O Lédio fica na gerência, não influencia no futebol, e o Cláudio fica no comercial.
Más contratações
– Esse ano veio, veio e não deu nada que prestasse. É complicado trazer muito jogador de fora, você não sabe o caráter do cara. A gente viu que fizeram festa aqui que não foi brincadeira.
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Dívidas do Criciúma
– Se quiserem a presidência, podem vir que a gente entrega. Só que por favor paguem o que nós tem em haver no clube. Da última vez tive que perdoar, dessa vez não. O Angeloni só tem R$ 5 milhões no Criciúma, e o Criciúma só deve R$ 8 milhões, em causas trabalhistas e umas causas cabeludas. Acho que a situação era muito confortável, poderia ter pago tudo esse ano se não fosse a ambição de ficar na Série A, fazer aquele time e fazer aquele time caro que não é de nada e deu naquilo.
Cláudio Gomes
– Acompanhei o Cláudio, toda negociação que ele fez. Foi o contratador mais barato que eu tive nesses quatro, cinco anos que eu estive aqui. Ele está sendo injustiçado pelo que estão falando dele. Minha posição, a ordem dada, ainda confirmada várias vezes depois disso é que ele não vai mais fazer nada no futebol. A única coisa que ele vai fazer é arrumar aquelas contratações feitas esse ano, como ele contratou, ele vai recolocar esses jogadores que a gente não quer mais. Agora o Cláudio vai para o departamento comercial novamente, porque eu preciso muito dele ali.
Calma no retorno à elite
– A gente vai, no decorrer de dois, três anos, voltar para a Série A. Todo mundo acha que Série A é uma barbada. Joinville é uma cidade que dá um banho na nossa. É muito maior pela riqueza, por tudo. E ficou 28 anos fora da Série A. E aqui todo mundo quer saber que a gente esteja na Série A. Mas a fila é grande, a briga é feia, se gasta. A grande incógnita nossa é quantos sócios vão ficar. Eu sei que os sócios estão abandonando o clube.
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Expectativa no início da temporada
– O que eu notei, em toda a imprensa, como os sócios em geral e a diretoria, é que estavam todos muito satisfeitos com a composição do time do Criciúma no começo do ano. Não sei se vocês estão lembrados disso. Veio Paulo Baier, veio não sei mais quem. Li mais de uma vez no Diário Catarinense que o Criciúma era o candidato número 1 para ser o campeão do Estado. Nós também estávamos com essa visão.
Elenco carregado
-A gente vê que foi contratado essa barbaridade de jogador e nada deu certo e agora essa gurizada deu certo. Do que adiantou ter acreditado que a gente faria um time pra se manter na primeira divisão? Não deu, mas eu quero lembrar que todos aprovaram o que foi feito. E a gente, que administra, a gente analisa que vai bem e depois não foi bem.
Arbitragem
– No primeiro jogo, Criciúma e Palmeiras. Não vou falar que roubaram o Criciúma, mas nossa senhora, nesse jogo o placar era pra ser 2 a 0 para o Criciúma e foi 2 a 1 para o Palmeiras. Todo mundo lembra que nesse jogo houve um pênalti contra o Palmeiras aos 37 do segundo tempo e o juíz não deu. No primeiro jogo lá se foram três pontos e por aí afora. No jogo contra o Corinthians, por exemplo, também houve um gol irregular dado ao adversário.
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Zé Carlos
– Eu falei que o Zé Carlos é uma encrenca. Eu não queria a contratação do Zé Carlos. Todo torcedor nosso, sócio, a imprensa, todo mundo é o “Zé do gol”. Mas nos últimos dois meses que ele esteve aqui (em 2012), ele não fez mais nada. Engordou uns cinco, seis quilos. Não queria mais nada, só queria vinho, jantar. Eu ainda disse “olha, não vai mudar”. Mas disseram que ele ia perder peso. E ele não jogou um jogo.
Catarinenses na Série A
– Agora não se pode fazer mais nada. Antes éramos os únicos na Série A, agora somos os únicos fora. Mas que bom que eles estão lá. Mas podem escrever, os catarinenses ano que vem serão os propensos a cair para a segunda.