Estádio lotado, com plateia digna de um grande espetáculo. As torcidas de Avaí e Chapecoense fizeram bonito na decisão do Campeonato Catarinense. No domingo (21) de tempo nublado e calor ameno, a Ressacada estava tomada pelo azul e verde, e ficou ainda mais bonita com a festa avaiana. Os donos da casa buscaram o empate no tempo normal (1 a 1) e vencerem nos pênaltis (4 a 2).
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Diante de 15,8 mil pessoas, os dois times travaram um jogo equilibrado. As torcidas tentavam empurrar os jogadores, mas, assim como os cantos surgiam, logo cessavam e a empolgação dava lugar à concentração. Os donos da casa cantavam "vamos, vamos Leão!", enquanto a torcida visitante fazia um barulho considerável, mesmo em número bem menor.
Nas arquibancadas, as reclamações miravam o trio de arbitragem. O foco era cada um torcer pelo seu, até que com meia hora de jogo, a torcida azurra resolveu provocar o adversário. A resposta veio em alto e bom tom, com um grito forte de quem veio de longe para empurrar a Chape.
Drama e campo iluminado
Um canto daqui, outro de lá, até que Régis bateu forte de fora da área e silenciou os donos da casa. O segundo tempo começou dramático, com os times criando mais oportunidades. Até que, aos 30 minutos, Alex Silva marcou o gol de empate, para a explosão azurra.
Os avaianos rugiam como leões, em uma festa bonita que reacendeu a esperança. Com ela, outras milhares de luzes vindas dos celulares que pareciam iluminar o caminho dos donos da casa rumo à vitória.
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Tudo igual no placar, a decisão foi para os pênaltis. Com uma defesa de Vladimir e com uma bola na trave de Bruno Pacheco, a melhor campanha do Catarinense foi coroada. A torcida invadiu o gramado e mesmo com o apelo da organização não arredou o pé e fez festa junto aos jogadores. No domingo de Páscoa, a decisão foi brigada lance a lance, sem direito a chocolate, mas com gostinho doce para o torcedor avaiano.
Paulista apaixonada pelo Avaí
As mãos inquietas, antes mesmo do início da partida, davam ares de que Eliane Vieira, 53 anos, estava com os nervos à flor da pele. Paulista, ela mora em Florianópolis há 40 anos, praticamente uma manezinha.
O amor pelo Avaí, ela conta que surgiu ao natural, mas o marido Odemir Vieira, 70, brinca e diz que foi determinante para surgir a proposta de casamento. Juntos há 27 anos, esse foi mais um jogo em que o casal torceu, riu e sofreu junto, testemunhas oculares de mais um título do time do coração.
A cada lance, um pulo na cadeira. O cavalinho de pelúcia que comprou há pouco não parava no lugar. Cada lateral, cada falta, virava reclamação. O marido estava mais cauteloso:
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— Sou torcedor, mas sou racional, ela é mais paixão — disse Vieira.
O gol da Chape ainda no primeiro tempo preocupou a torcedora. O nervosismo deu lugar ao silêncio, os olhos acompanhavam cada jogada. No intervalo, pausa para respirar e retomar a confiança. Assim que o time surgiu no gramado, lá foi ela apoiar.
Quando Alex Silva empatou, aos 30, ela explodiu junto com o restante do estádio. Dali em diante, foi difícil para Eliane conter a emoção, e a vitória nas penalidades serviu ver que a saúde está em dia:
– Não preciso de cardiologista neste ano, não enfartei então está tudo certo. Foi sofrido.
Nove horas de viagem para ver a Chapecoense
O casal Ademar e Rejane Simon, nascidos e criados em Chapecó, viajou 9 horas de carro para mais uma vez acompanhar o Verdão. Já Daniel Simon, filho do casal, veio de avião do Oeste do Estado. Ele conta que em um dos jogos em casa, em que levou a família à Arena Condá, foi o primeiro do seu filho, o pequeno Davi Lucas, de 2 anos, sócio-torcedor da Chapecoense desde os dois meses de idade. O ainda bem pequeno torcedor do Índio foi pé-quente: a partida terminou com a vitória de 2 a 1 da Chapecoense em cima do Metropolitano.
Dessa vez, que o jovem torcedor que não pode comparecer à decisão, a sorte da Chape não foi a mesma. O time do Oeste não conseguiu chegar ao segundo gol no tempo regulamentar, o que levou a decisão do campeonato para os pênaltis.
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A torcida da Chape começou a partida eufórica na quarta final consecutiva do Verdão. O ritmo da cantoria que empurrou o time nos primeiros minutos da partida, diminuiu até a torcida do Oeste silenciar o restante da Ressacada quando Régis acertou um chute de fora da área, abrindo o placar.
Dali em diante, cada lance da defesa passou a ser vibrado como se fosse um gol. O empate feito pelo adversário aos 30 do segundo tempo angustiou o torcedor, que sofreu e saiu derrotado nos pênaltis.