Em discurso durante ato contra o impeachment no Rio de Janeiro, na noite desta quinta-feira, a presidente afastada Dilma Rousseff (PT) disse que seu afastamento é uma tentativa de impedir a continuidade da Operação Lava-Jato e classificou como “assustador” o início da gestão do presidente interino Michel Temer (PMDB).

Continua depois da publicidade

— Fica claro na gravação que eles têm que impedir meu governo para que a investigação não chegue a eles, ao senhor (Eduardo) Cunha (presidente afastado da Câmara) e a todos que sustentam o governo Temer — afirmou, referindo-se às conversas gravadas entre Sérgio Machado e políticos como Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL). — Jucá é um grande conspirador — disse.

Leia mais:

Gilmar Mendes autoriza retomada de investigação contra Aécio Neves

Cerveró deve devolver R$ 18 milhões e deixará a prisão no dia 24

Continua depois da publicidade

Dilma participa de atos em Porto Alegre nesta sexta-feira

Dilma chegou ao ato, na Praça XV (centro do Rio), às 19h15min e foi recebida aos gritos de “volta, querida” e “fica, Dilma”. Antes ela havia estado na casa de Luiz Fernando Pezão (PMDB), governador do Rio que se licenciou para combater um câncer. Durante a visita, no Leblon (zona sul), a presidente afastada foi recebida com vaias por pessoas que passavam pelo local. Um grupo menor a aplaudiu.

A petista chegou ao protesto escoltada pela Polícia Militar (PM) e pela equipe de segurança composta por profissionais da Polícia do Exército. O ato, chamado Mulheres Pela Democracia Contra o Golpe, foi organizado pela Frente Brasil Popular, que reúne partidos e entidades contrários ao impeachment. Até as 21h a organização não divulgara estimativa de público.

— Não é o golpe tradicional militar, é um golpe parlamentar — afirmou Dilma em discurso. — Sei que sou um grande incômodo, eles acham que mulher é frágil — continuou. — A árvore da democracia está de pé — disse a presidente afastada.

— É lamentável a secretária de mulher ser contra o aborto em caso de estupro — reclamou Dilma, que fez várias referências ao estupro coletivo de uma adolescente de 16 anos, ocorrido no Rio no dia 21 de maio.

Continua depois da publicidade

Sobre os ministros e demais assessores de Temer, Dilma afirmou que “governo de homens velhos, brancos e ricos não representa diversidade”. A petista interrompeu o discurso quando viu seguranças tentando expulsar uma mulher que fazia críticas a Dilma, aos gritos.

— Nós lutamos muito pela liberdade de expressão — afirmou, após ordenar aos seguranças que libertassem a mulher.

Leia todas as notícias de política