Uma turista chega da praia açodada e se posta logo atrás do grupo de brasileiros que faz o check-in no hotel. Demonstra impaciência com a demora para ser atendida. Tamborila com os dedos na coxa, suspira. Passados cerca de cinco minutos, ela verbaliza sua inquietação e reclama por sua chave. Usa tom grave para acentuar seu incômodo em espanhol. Franze o cenho, meneia a cabeça.

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Com um sorriso doce e a voz macia, a recepcionista esfarela a tensão da turista:

– Calma, a senhora está em Aruba.

Estar em Aruba é descartar a pressa. A ilha do Caribe, mais para o lado da Venezuela, tem 184 quilômetros quadrados de sossego – são 30 quilômetros de extensão e nove de largura na parte mais esparramada. Ali, o tempo não passa. Ondula na mesma velocidade do mar azul que contorna a ilha. A impressão que se tem é de que os ponteiros do relógio se paralisaram. Por sorte, no verão. Ele esqueceu de acabar em Aruba. Fica mais quente ou menos quente. Depende o horário. Só é impiedoso entre 11h e 14h. No restante, um vento constante ameniza o calor e convida ao ócio.

Esse é só um dos atrativos de Aruba. E talvez seja a razão para tanta gente chegar e cravar a bandeira no solo seco e com aspecto de caatinga que surge a algumas quadras do mar. São 94 nacionalidades diferentes com endereço na ilha. Muitos são americanos. O que explica tantas redes de fast food. Você pode escolher entre KFC, Wendy’s, Burger King e McDonald’s. Ou ainda jantar em redes como Hard Rock Café e o mexicano Señor Frog, degustando a americana Bud Light ou a asteca Corona. Se quiser, também pode experimentar a Balashi, cervejaria que orgulha os arubanos.

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Há também muitos chineses. São os donos dos mercadinhos. Se apertar a forme ou a sede, sempre haverá um desses abertos para atendê-lo, apesar do ar desconfiado do chinês atrás do balcão. O negócio é familiar. Estive em um onde o caçula, mais ou menos cinco anos, era quem empacotava as compras. Mas você só o percebia quando ele cutucava sua coxa antes de perguntar, em tom grave:

– Box ou bolsa?

Os venezuelanos e os colombianos compõem a grande parcela que faz a ilha funcionar. São os funcionários de hotéis, restaurantes e demais serviços. Formam parte considerável da população de 110 mil habitantes. Também pudera: Maracaibo, na Venezuela, está a 40 minutos de avião. Completam a babel arubana europeus encantados com a praia, como a belga que trocou o emprego em um escritório de seguros na portuária Antuérpia para atender à beira-mar em uma escola de windsurfe e stand-up paddle.

– Esse é meu escritório faz seis meses – orgulhava-se apontado para o mar em tons de azul.

Palm Beach. Foto: ATA, divulgação

No mar azul

Aruba é postal de praia do Caribe. A areia branca encontra o mar azul, e este azul vai mudando de tom, fazendo as vezes de colírio para os olhos. Palm Beach é a principal praia da ilha. Ali estão os restaurantes, os resorts e toda a ferveção. Os hotéis à beira-mar oferecem cadeiras e guarda-sóis para os hóspedes. Se você não está em um deles, prepare-se para gastar alguns dólares para se acomodar diante de algum bar – US$ 20 e até US$ 40 a diária.

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A praia de Arashi, mais ao norte, também é interessante. Ali, há menos hotéis e mais espaço na areia.

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Na ilha

Para chegar a Palm Island, é preciso encarar cerca de 15 minutos de carro e mais uma travessia de barco. O complexo oferece até parque aquático e um inusitado mergulho com escafandro, o sea trek. O turista desce seis metros em um corredor com corrimãos e chega à carcaça de um avião Cessna 414. Ali, pode sentar-se para alimentar cardumes de peixes e tirar fotos.

O dia no parque custa US$ 120 e dá direito a passeio de banana boat, almoço e bebidas. Se quiser se aventurar com o escafandro, é preciso pagar mais US$ 49.

Passeio com os piratas

O mar translúcido convida para mergulhos. Uma dica é levar seu snorkel para conferir os cardumes de peixinhos coloridos, aqueles de revista. Há empresas que oferecem passeios em alto-mar. Como o do barco Jolly Pirates. Ele te leva para mergulhar até onde está afundado desde 1941 o navio Antilla. Na volta à costa, ele atraca a cerca de 50 metros. Uma corda amarrada ao mastro funciona como pêndulo para os turistas tomarem embalo e se atirarem à água. É claro que os drinks adocicados servidos a bordo ajudam a ganhar coragem. O passeio gasta o dia inteiro, com almoço e bebidas incluídos – à exceção da cerveja. Tudo por US$ 65.

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Baby Beach. Foto: Leonardo Oliveira, Agência RBS

Baby Beach

Para quem tem crianças pequenas, eis o paraíso. Como o próprio nome diz, Baby Beach parece ter sido feita sob encomenda para os pequenos. Trata-se de uma piscina natural. A água não passa da cintura, não há ondas e ela é translúcida. O único inconveniente é a distância. Baby Beach está ao Sul, em San Nicolás. Para chegar lá, é preciso alugar um carro. São cerca de 25 quilômetros de distância de Palm Beach, zona de concentração turística da ilha. Outro detalhe: há apenas um restaurante no local. Para os pequenos, o ideal é levar um lanchinho. Afora isso, estique-se na cadeira e relaxe. A praia é deles.

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Almoço quente

A temperatura média em Aruba é de 28ºC. Mas, ao meio-dia, ela sobe. Muito. Evite a exposição ao sol entre 11h e 14h. Se for fazê-la, use bloqueador solar. É comum nestas horas ver as praias mais vazias. Os turistas aproveitam para um intervalo e procuram refúgio nos restaurantes e nos quiosques.

E se chover?

Isso é difícil em Aruba. O período das chuvas se resume a pancadas em novembro e dezembro. Se não der praia ou você enjoar do mar azul, o parque Arikok é alternativa. A reserva natural se estende por 18% do território da ilha. Ali, o turista pode apreciar a ponte natural, uma rocha sobre o mar que desabou em 2005. O roteiro ainda inclui a mina de ouro explorada pelos holandeses no século 18, a capela e o farol, hoje desativado e endereço de um restaurante italiano com vista de cinema. O tour pode ser feito de carro ou até mesmo a cavalo. Há quem se aventure de bicicleta pelas trilhas, mas é preciso estar com o físico em dia.

Moomba Beach. Foto: Leonardo Oliveira, Agência RBS

Noites quentes

A agitação noturna faz Palm Beach estremecer. Mas até a 1h. Depois disso, todos devem se recolher ao hotel e descansar para o dia seguinte. Aos sábados, o agito se estende até as 3h. Uma dica: não perca a noite de domingo em Moomba Beach. Depois das 20h, à beira-mar, um DJ embala a festa. A animação é grande. Para quem preferir um ambiente mais calmo, a dica é o Pinchos, um deck com música ambiente. Chegue para o pôr do sol, é deslumbrante.

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*O repórter viajou a convite da Autoridade de Turismo de Aruba (ATA)