Capitão do Criciúma e com contrato até 2020, o goleiro Luiz não costuma fugir de perguntas polêmicas e é uma referência entre os jogadores. Há quatro temporadas no clube, ele fez uma avaliação de 2017, o que considerou “um ano para esquecer”. Além do time não conseguir o acesso à Série A, o atleta revelou alguns problemas extracampo, principalmente na relação do grupo com o ex-diretor de futebol Edson Gaúcho. A entrevista foi ao ar no programa Eldorado Futebol Clube, na Rádio Eldorado, com Denis Luciano e João Zanini.

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— Minha preocupação é fazer com que o Criciúma suba, mas o clube precisa do torcedor também na hora boa e ruim, a gente precisa se abraçar mais, está distante, esse foi o pior ano aqui dentro. Essa questão de jogos, alguns problemas que aconteceram, não subimos, problemas extracampo, muitas fofocas, inverdades, muitas mentiras, então isso atrapalhou, acaba sobrecarregando, a cabeça fica pesada, tem que cuidar para que atletas não se percam no meio do caminho, foi um ano realmente para esquecer — desabafou.

Os problemas citados pelo capitão tricolor foram, principalmente, na dificuldade do elenco em se relacionar com Edson Gaúcho. Ele ficou no clube pouco mais de quatro meses, e depois do vazamento de um áudio onde critica os jogadores, pediu demissão. Segundo Luiz, a maneira como o executivo tratava os atletas e funcionários do clube, muitas vezes com prepotência e arrogância, deixava o ambiente pesado. Ele também interferia no trabalho de Luiz Carlos Winck, segundo o goleiro, o que contribui para a saída do treinador.

— A gente tinha um ambiente saudável, muito bom, eu sempre vou falar e defender quem está correndo por mim. O presidente, o Emerson (Almeida), os funcionários, e estava uma situação melhor quando o Winck chegou. O Edson esqueceu de virar a chavinha, você não é mais treinador, é diretor executivo, tem que trazer recursos, buscar situação extracampo, ajudar o clube a melhorar. Ele interferiu sim no trabalho do Winck, ele saiu por causa disso, não deixava ele trabalhar, atrapalhava no vestiário, sempre intervia, no próprio intervalo do jogo o Winck dava preleção e ele dando dura em jogador. O vestiário é do atleta e do treinador, e ele não respeitava essa relação — comentou.

“O Luiz achava que era dono do clube”, rebate Edson Gaúcho

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Quando esteve à frente da diretoria executiva do Criciúma, Edson Gaúcho disse que não teve discussão com nenhum jogador, mas que tinha o jeito próprio de trabalhar. Ele confirmou que não teve problemas com ninguém, nem mesmo com Luiz, mas que existe algo chamado hierarquia e que ela precisa ser respeitada.

— Eu era profissional e tinha os caras que não eram profissionais. O Luiz achava que era dono do clube, podia fazer o que queria, e não é assim. Eu só tinha que dar satisfação para o presidente, se as pessoas gostavam ou não do meu jeito, era um problema delas — comentou.

Edson Gaúcho confirmou que costumava conversar com Winck sobre o time, mas que jamais determinou a escalação de um ou outro jogador. Lembrou que foi o treinador quem decidiu as contratações que queria para reforçar o time, e que elas foram atendidas. A demissão de Winck, segundo ele, foi uma decisão do presidente Jaime Dal Farra.

— Quando o Winck saiu, todo mundo falou que eu demiti, e foi o presidente. Ele me ligou e disse que ia tomar a decisão. Eu disse que não ia falar por telefone com o Winck, que não seria legal, chamei e falei que tive uma reunião com o presidente e que resolvemos desligar ele — explicou.

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Durante algumas rodadas, Edson Gaúcho deixou de viajar com o grupo, depois de um novo episódio que desgastou a relação entre as partes.

— Um dia eu falei que era acostumado a trabalhar com profissional, e que jogador de futebol para mim era vagabundo, e que a carapuça sirva para quem quiser colocar. Como eles são muito inteligentes, acho que não entenderam e foram falar para o presidente. Se o Luiz achava que era dono do Criciúma, lá ele nunca ganhou nada, cheguei para fazer um trabalho de profissionalismo e foi isso que eu fiz, até o dia que sai — completou.

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