A participação histórica do Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, contrasta com a dificuldade de jovens atletas em conseguirem apoio financeiro para disputar competições de alto nível. Em alguns casos, a família busca ajuda de outras pessoas, que pode ser através de vaquinhas virtuais e até mesmo ir às ruas para pedir dinheiro.

Continua depois da publicidade

O taekwondo, por exemplo, teve a melhor participação brasileira em Pans, com sete medalhas – dois ouros, duas pratas e três bronzes – nas oito categorias disputadas. Lara Ramos, de 17 anos, é um futuro talento da modalidade que busca também ajudar o Brasil com conquistas, mas não tem recursos suficientes para custear o sonho.

Larinha surgiu em um projeto social em São José do Cerrito. No ano passado, mudou-se para Lages, também na Serra catarinense. Segunda colocada no ranking estadual juvenil até 49kg, ela recorreu a um crowndfunding para conseguir ir até o Rio, onde ocorre o Supercampeonato Brasileiro de Taekowondo, que começa na próxima quarta-feira (14).

O objetivo era arrecadar R$ 4 mil, porém alcançou pouco de R$ 3 mil. Ainda assim, a atleta vai viajar contando com a ajuda de familiares, amigos e um empresário da região para complementar o valor.

– O esporte não tem o apoio que a gente gostaria. Então, tivemos que buscar essa alternativa para realizar esta etapa, que é extremamente importante no desenvolvimento dela com atleta – declarou Adonai Silveira, técnico da atleta do taekwondo.

Continua depois da publicidade

Ouça a entrevista do técnico de taekwondo Adonai Silveira:

Nas ruas

Mariana Firmo, Letícia Kato e Eduardo Silveira, todos joinvilenses de 13 anos, estão selecionados para disputar o Pan-Americano Júnior, Cadete e Sub-21 de Karatê, no fim de agosto, no Equador. A confederação brasileira da modalidade (CBK) disponibiliza verba para inscrição e hotel. Porém, hospedagem e transporte é por conta dos próprios atletas.

Mariana Firmo pediu dinheiro para conseguir participar de campeonato de karatê no Rio
Mariana Firmo pediu dinheiro para conseguir participar de campeonato de karatê no Rio (Foto: Salmo Duarte, A Notícia)

Assim, Mariana e a mãe Eliana começaram a ir para as ruas de Joinville com um cartão com dados sobre como ajudar e ainda um potinho para receber alguns trocados. Depois, Letícia e Eduardo foram chamados para fazerem o mesmo. A atitude é motivo de orgulho de parentes e professores da Associação Yokohama de Karatê, onde os adolescentes praticam o esporte.

– O Bolsa Atleta (do Governo Federal) é a partir de 14 anos, tanto nas categorias nacional e internacional. Apenas no ano que vem que eles vão poder tentar se credenciar para recebê-lo. Até isso acontecer, toda a batalha precisa ser feita – disse Sidnei Maciel, técnico de Mariana e Letícia. Eduardo é treinador por Clayton Roberto Pereira, Célio D'Avila e Procópio de Matos.

Segundo a Secretaria Especial do Esporte, o valor mensal do Bolsa Atleta em categorias de base é de R$ 370, enquanto nomes em nível olímpico/paralímpico recebem R$ 3,1 mil por mês.

Continua depois da publicidade

O karatê deu sete medalhas para o Brasil, sendo que Douglas Brose, que mora em Florianópolis, foi prata na categoria kumite até 60 kg. Além disso, Izabel Cardoso e as irmãs Sabrina e Carolaini Pereira – nascidas no Sul de SC – foram bronze no kata por equipe no Pan-2019.

Ouça a entrevista do técnico de karatê Sidnei Maciel: