Com nota 6,73, as calçadas de Florianópolis estão em terceiro lugar num ranking que avalia as 27 capitais do país, apontou o levantamento feito pela Campanha Calçadas do Brasil 2019, por meio do Mobilize, divulgado quinta-feira (19). Na frente da Capital catarinense estão São Paulo (6,93) e Belo Horizonte (6,84).
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No entanto, apesar da boa colocação frente outras cidades, de maneira geral, as calçadas avaliadas pelos pesquisadores, todas no entorno de prédio e demais estruturas mantidas pelo poder público, são consideradas ruins.
O levantamento aponta que a classificação se dá por conta da má conservação do piso, da largura da faixa livre ser insuficiente e de existir poucos os trechos identificados com características ideais para o deslocamento confortável das pessoas, como situações de pessoas em cadeira de rodas ou conduzindo carrinho de bebê, por exemplo.
Em Florianópolis, segundo o relatório do levantamento, foram escolhidos locais com maiores índices demográficos e também com maior destino de viagens, como terminais de transporte, hospitais e postos de saúde, escolas, áreas de lazer e outros espaços públicos.
As avaliações foram feitas em todas as regiões da cidade — Centro, Norte, Sul, Leste e Continente. Ao todo, 20 vias foram visitadas pelos pesquisadores.
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Os frequentes buracos e imperfeições no pavimento, mobiliário mal instalado e ausência de piso tátil foram pontos que tornaram o ato de caminhar pelas calçadas da cidade uma atividade perigosa, especialmente para a população idosa e deficientes visuais.
Capital se destaca na segurança das calçadas
Florianópolis obteve a melhor nota entre as 27 capitais no item segurança (7,90) e notas boas nos itens poluição atmosférica (8,15) e inclinação transversal da calçada (9,05), este último um indicativo de que não foram encontradas interferências de rampas de acesso de veículos nas calçadas.
A cidade pontuou também satisfatoriamente nos itens regularidade do piso (6,95), largura da calçada (7,85), e existência de barreiras e obstáculos (8), três fatores básicos para a acessibilidade. Mas, há problemas nas rampas de acessibilidade (5,50), o que dificulta a circulação de cadeirantes e carrinhos de bebês.
Nos itens de sinalização, a cidade obteve boa média em relação à existência e conservação das faixas de travessia (7,20), mas perdeu pontos por conta dos tempos de espera e abertura dos semáforos para pedestres (5,50). Não há também mapas ou sinais que indiquem os pontos de atração e as rotas mais adequadas para a mobilidade a pé, item que levou nota 0,65.
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Pontos com melhor e pior avaliação
Entre as melhores avaliações estão as calçadas no entorno da Praça XV de Novembro, no Centro, com nota 7,87; o entorno da rodoviária, no Centro, com nota 7,67; e as calçadas do Centro de Ensino da Polícia Militar, na Avenida Madre Benvenuta, com nota 7,57.
Já entre as piores avaliações estão o passeio da Lagoa da Conceição, na Avenida das Rendeiras, com nota 5,07; o entorno do INSS, na Avenida Governador Ivo Silveira, na região Central, avaliada em 5,20; e a área do terminal da Lagoa, na Avenida Afonso Delambert Neto, com nota 5,67.
O que diz a prefeitura
No levantamento conta que, para buscar melhorias, em 2018 a prefeitura de Florianópolis publicou uma revisão do manual de calçadas da cidade, o Calçada Certa. Conforme a descrição dos pesquisadores, "trata-se de um guia de projeto e execução que, além de instruir a população sobre a importância da correta construção e manutenção das calçadas, também revisa as orientações quanto aos itens de acessibilidade". No entanto, a pesquisa pondera que "sem fiscalização, o guia foi praticamente ignorado".
Ao Diário Catarinense, a prefeitura informou por nota que "em relação às melhorias em calçadas que são de responsabilidade da administração municipal, diversas ações estão sendo implementadas" e mencionou o Manual Calçada Certa.
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A prefeitura pontuou ainda "as ações de mais mobilidade lançadas pela prefeitura no início deste mês incluem a implantação de rotas acessíveis e continuidade do programa Mais Pedestres, que visa ampliar os espaços de circulação de pedestres e ciclistas". Informou que as ruas como a Álvaro de Carvalho, Tenente Silveira e Esteves Júnior, já contam com a iniciativa.
Ressaltou ainda que sabe "dos desafios e por isso estamos realizando no plano de mobilidade uma análise mais detalhada do panorama e as formas de aprimorar a cidade para as pessoas" e que estão "trabalhando justamente nas políticas de mobilidade com foco nas pessoas com diversos programas integrados".
Por fim, a nota enviada pela assessoria de imprensa ainda aponta que o "estudo, o Calçadas do Brasil, aponta que a Capital está no terceiro lugar geral" e que "destaca que Florianópolis obteve a melhor nota entre as 27 capitais no item Segurança e Poluição atmosférica", além de ter recebido "ótimas avaliações nos itens Inclinação transversal da calçada, Regularidade do piso, Largura da calçada e existência de Barreiras e obstáculos, que são os três fatores básicos para a acessibilidade, além dos quesitos Sinalização e conservação de faixas de travessia".
Entenda o levantamento
Ao todo, a campanha avaliou 835 calçadas nas 27 capitais do país, observado sempre 13 quesitos, que resumidos em quatro pontos principais, definem uma análise da caminhabilidade das estruturas. Entre os pontos analisados, os pesquisadores observaram a acessibilidade, sinalização para pedestres, conforto para quem caminha e segurança para o pedestre.
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Neste ano, o levantamento avaliou calçadas apenas no entorno de edifícios e demais equipamentos construídos e mantidos pelo poder público. A média nacional, em 2019, ficou em 5,71. Já a média mínima aceitável era 8 e nenhuma capital conseguiu chegar a esta nota. A pior avaliação foram das calçadas em Belém, que teve nota 4,52.