Última pandemia a atingir o Brasil e Santa Catarina, a gripe causada pelo vírus H1N1 (também chamada de gripe A ou, na época, gripe suína) tem várias semelhanças com o novo coronavírus, mas os dados disponíveis até agora mostram que a disseminação da Covid-19 pode ser ainda maior – e causar mais mortes.
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Mundialmente, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos estima que entre 151 mil e 575 mil pessoas morreram por causa do vírus H1N1 entre janeiro de 2009 e agosto de 2010 – período da pandemia. Em 2020 o novo coronavírus já causou 101 mil mortes em menos de quatro meses. A taxa de letalidade do H1N1, segundo a Organização Mundial da Saúde, foi estimada em 0,02%, enquanto a do novo coronavírus é apontada em 3,4%.
O H1N1 passou a ser controlado depois da pandemia com a vacina aplicada anualmente, e hoje contamina um número muito menor de pessoas – embora ainda cause mortes todos os anos. Sem vacina ou sequer um tratamento comprovado, em 30 dias o novo coronavírus já contaminou em Santa Catarina mais pessoas que a H1N1 nos últimos dois anos inteiros. Segundo dados oficiais da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina (Dive-SC), 572 pessoas foram confirmadas com H1N1 no Estado entre 2018 e 2019, e 92 morreram. Em 30 dias de circulação do coronavírus no território catarinense, 717 pessoas já haviam sido confirmadas com Covid-19 até esta sexta-feira (10), e 18 morreram.
Com os números crescendo exponencialmente a cada dia, especialistas veem no novo coronavírus um potencial de contaminação muito maior, mesmo que a forma de transmissão dos vírus seja parecida – através de partículas espalhadas na tosse, no espirro ou na fala. Como diferencial, estudos mostram que o tempo de vida do novo coronavírus nas superfícies e em objetos é maior do que o do H1N1.
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– O novo coronavírus e o H1N1 são semelhantes na questão de serem vírus respiratórios e terem sintomatologia parecida. No resto eles têm algumas diferenças. O coronavírus tem uma disseminação muito maior de crescimento do que o Influenza (H1N1), ele tem uma tendência a ser mais infeccioso – explica a médica infectologista Regina Valim.
Outro fator importante que pode diferenciar as pandemias é o tratamento, que foi mais fácil e rápido em 2009 por se tratar de uma variação de uma doença respiratória que já era acompanhada.
– No Influenza, na época tinha medicamento e logo teve vacina. Porque vacina de Influenza já existia, foi muito mais fácil só acrescentar um componente, que foi o H1N1, do que criar uma vacina específica, do nada, que é o caso do coronavírus. Além disso, não tem medicamento ainda para o coronavírus que, realmente, a gente pode dizer com certeza que pode usar de forma curativa ou de prevenção. Para a gripe A já existiam medicamentos para usar até de forma preventiva. E para o coronavírus ainda não tem vacina, apenas uma expectativa de desenvolvimento acelerado nos laboratórios, mas a probabilidade é de entrar no mercado no final do ano ou só no ano que vem – completa Valim.