Só este ano, 31 golfinhos mortos foram encontrados nas praias de Florianópolis. O levantamento foi feito pela Associação R3 Animal, executora do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), até essa terça-feira (12).

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O caso mais recente foi registrado em 1º de outubro, na Praia Brava, Norte da Ilha. O animal, do gênero Stenella, foi recolhido e levado para necrópsia no centro de reabilitação da R3 Animal, no Parque Estadual do Rio Vermelho. O golfinho era adulto e media 1,94 metro de comprimento. Ele estava em avançado estado de decomposição, por isso, a causa da morte não foi identificada.

As equipes da R3 Animal monitoram diariamente as praias de Florianópolis, para resgatar animais marinhos debilitados e encaminhá-los para atendimento veterinário, além de recolher carcaças de animais marinhos mortos. A depender do estágio de decomposição, é realizada a necrópsia para obter informações sobre a espécie e as condições da morte.

Intervenções humanas são as maiores ameaças

Dos golfinhos encaminhados para a necrópsia este ano, 45,5% deles tinham sinais de interações humanas. Destas, 60% estavam relacionadas à pesca. A ingestão de lixo também foi identificada.

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Para Manuel Ferreira, oceanógrafo e gerente operacional do PMP-BS/R3 Animal, estes dados ajudam a identificar uma das principais ameaças à fauna marinha, a captura acidental. Neste caso, mesmo os golfinhos não sendo alvo da pesca, eles interagem com redes, por exemplo, e são afetados. Em muitos casos, os animais morrem no mar, e encalham nas praias.

Em 2024, 31 golfinhos foram encontrados mortos nas praias de Florianópolis
Em muitos casos, golfinhos morrem no mar e encalham nas praias (Foto: Laíza Castanhari, R3 Animal)

— A interação com atividades pesqueiras representa um risco significativo para essas espécies, resultando em capturas acidentais que ameaçam suas populações. Golfinhos ficam presos em redes de pesca, sofrem ferimentos graves ou até morrem — explica o oceanógrafo.

Maioria dos animais mortos eram toninhas

Dos golfinhos resgatados mortos em 2024, 71% eram toninhas (Pontoporia blainvillei), uma pequena espécie de golfinho criticamente ameaçada de extinção, segundo lista nacional de espécies ameaçadas do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). As toninhas habitam águas costeiras e rasas, onde estão frequentemente expostos a interações humanas.

Em 27 de julho, uma toninha encontrada morta na Praia do Moçambique tinha lesões e hematomas que apontam interação com uma rede de pesca. A causa da morte foi afogamento. A equipe veterinária da R3 Animal, que fez a necrópsia, acredita que o animal tenha ficado preso à rede e não conseguiu subir à superfície para respirar.

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Caroline Maia, bióloga, mestre e doutora em zoologia, e especialista em peixes da organização de proteção dos animais Alianima, afirma ainda que quanto menos seletivo o método de pesca, maior a chance de haver capturas acidentais de outros animais. É o caso, por exemplo, da pesca com rede.

— Muitos animais acabam morrendo devido ao estresse do processo de captura. Se for mamíferos, como o caso dos golfinhos, podem ficar presos em redes e não conseguirem voltar à superfície para respirar, e a chance de morte por afogamento nestes casos são altas — diz a especialista.

Ela também lembra que a pesca fantasma também é um problema. Itens de pesca abandonados ou esquecidos no mar continuam “pescando”, e podem afetar tartarugas e golfinhos, por exemplo, impossibilitando que eles se livrem das redes para respirar.

— A longo prazo, isso pode contribuir para a problemática dos microplásticos na água, que podem ser ingeridos por animais, causando sua morte — conclui.

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