A Univille superou as dificuldades financeiras, reorganizou finanças e se reoxigena para alçar novos voos. Os últimos quatro anos foram de intenso trabalho de reestruturação interna, com ajustes que começam a dar frutos em várias áreas. Nesta entrevista exclusiva, a reitora Sandra Furlan explica o que foi realizado, mostra dados econômico-financeiros da recuperação e destaca as prioridades para os próximos anos.
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A Univille passou por sérias dificuldades nos últimos três anos. O que houve e como a instituição saiu do vermelho?
Sanda Furlan – Fizemos um trabalho coletivo intenso de rearranjo. Os números mostram o esforço que foi feito para o encaminhamento de soluções. De 2013 até 2016, passamos de um endividamento geral de 6,1% da receita para apenas 1,8%. A liquidez corrente (indica quantos reais há em caixa para pagar compromissos) era de 1,01 e, no ano passado, chegou a 2,71. O resultado final também é excelente. Em 2013, tínhamos prejuízo de R$ 5 milhões, e fechamos 2016 com lucro de R$ 2,5 milhões. A projeção para 2017 é de atingirmos lucro de R$ 6,5 milhões.
Como se obteve esse desempenho?
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Sandra – Adotamos várias medidas de redução de custos e de aumento de receita, cuidando de perto da qualidade. Agimos em pelo menos nove frentes. Setorizamos o orçamento por competências (manutenção e segurança no setor de infraestrutura; materiais de informática na TI; verbas de publicidade na área de comunicação; e também mudamos na gestão de pessoas. Os serviços terceirizados (pedreiro, pintor e motorista) foram internalizados. Adotamos o pregão eletrônico, para garantir compras a menor preço, e renegociamos contratos com fornecedores. E implantamos controles no uso de cópias de xérox e café.
E na parte acadêmica?
Sandra – Unificamos disciplinas e diminuímos turmas ociosas. Passou o momento de termos cursos deficitários. Por isso, artes visuais e gestão financeira deixaram de ser oferecidos. Na área de pessoal, reduzimos os triênios de 6% para 3%, ainda em 2013, para novos contratados. Incentivamos o PDV (programa de demissão voluntária) para profissionais seniores, com reflexos nos reajustes de mensalidades de 2017 – para índices menores. Trinta professores se desligaram. Aumentamos a receita, por exemplo, com prestação de serviços, com a criação de novos cursos (engenharia de software e enfermagem, em Joinville; engenharia elétrica em São Bento do Sul; e gestão portuária em São Francisco do Sul).
Quais resultados foram obtidos?
Sandra – Profissionalizamos a área de prestação de serviços e ampliamos seu escopo. Prestamos consultorias e fazemos monitoramento de praias da baía de Santos, envolvendo Itapoá e São Francisco do Sul. Implantamos a área comercial, em busca de oportunidades de venda de nossas competências e de serviços. O aumento da receita da prestação de serviços foi de 120%, chegando a 5,2% da receita bruta da instituição.
Que efeitos isso teve nos cursos?
Sandra – Aumentamos em 1% o número de alunos de graduação entre 2013 e 2015. E mantivemos o número em 2016. Em números: o crescimento da receita da graduação, de 12,3%, foi praticamente equivalente ao reajuste das mensalidades, de 12,8%, no período. O aumento da receita da pós-graduação lato sensu foi de 45% entre 2015 e 2016.
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E o caixa, como está?
Sandra – Ao final do ano passado, tínhamos R$ 21,5 milhões em caixa. A projeção para este ano é de obtermos R$ 22,7 milhões. Essa situação já nos permite investir. Vamos aplicar R$ 5 milhões também para evitar depreciação do patrimônio.
Parte significativa dos alunos ainda tem financiamento pelo Fies? Lembro que, em 2015, as universidades sofreram por causa do fim do repasse de dinheiro por parte da União.
Sandra – Hoje, só 16% dos alunos têm Fies. Estamos reduzindo essa dependência. Há outras alternativas ofertadas atualmente, como o financiamento via Credies, que permite o parcelamento próprio com gestão feita por uma empresa. E ainda posterga o recebimento das mensalidades no dobro do tempo da duração do curso.
A Univille tem feito investimentos relevantes?
Sandra – Investimos na biblioteca virtual Minha Biblioteca, consórcio das quatro principais editoras de livros acadêmicos do País: Grupo A, Atlas, Manole e Saraiva. Adquirimos 717 computadores NUCs, equipados com processadores Intel de 5a geração. Também implantamos 180 novas antenas wi-fi. Para o ensino híbrido e EaD (educação a distância), montamos estúdio para gravação de videoaula. E temos duas salas de aula para uso de metodologias ativas e há projeto para mais duas – uma delas em São Bento do Sul.
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Quais são as metas propostas e constantes do planejamento estratégico da Univille até 2021?
Sandra – No aspecto econômico-financeiro, o objetivo é alcançar resultado 10% superior à depreciação; manter o reajuste do custeio anual dentro do índice de inflação; comprometer o custeio com menos de 25% da receita líquida; e garantir que a folha de salários não ultrapasse 70% da receita líquida.
E no campo pedagógico?
Sandra – Melhorar ainda mais a qualificação do corpo docente. Em 2017, temos 69% dos professores com mestrado ou doutorado. A meta para 2021 é chegar a 77%. E estabelecemos metas com nota 4, pelo menos, nos cursos de graduação, numa escala que vai de 1 a 5. E na pós-graduação, queremos nota 4, no mínimo, numa escala que vai de 1 a 7.