Polêmico, o depoimento da apresentadora Xuxa, veiculado domingo no quadro O Que Vi da Vida, no Fantástico, movimentou a discussão sobre casos de abuso sexual envolvendo crianças e adolescentes. Em Santa Catarina, em 2011, foram registradas mais de 1,4 mil ocorrências. O número é bem próximo de 2010, que apresentou uma diferença de apenas quatro casos a mais que o ano passado.
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No relato, Xuxa disse que na época que foi molestada não tinha consciência do que estava acontecendo, tampouco a família da apresentadora conseguiu interpretar sua reação, por isso a denúncia não foi feita.
Mas como saber se uma criança foi vítima de abuso? Essa é uma das perguntas que angustia os pais. De alguma forma, a criança sempre mostra, de algum modo, que passa por uma situação de abuso sexual.
Isso pode ser pela fala ou por meio de sinais, como desenhos, utilização de um linguajar sexualizado impróprio para a idade, pesadelos e medos incomuns. Pode ser, também, através de sintomas físicos ou resistência para ver determinadas pessoas.
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Geralmente, a criança se sente culpada e preocupa-se com as consequências da denúncia para si e para toda a família.
– Penso que toda forma de falar no assunto é importante, pois a criança e o adolescente se sente encorajado a falar. Além da culpa que carrega, muitas vezes a vítima acaba se sentido na obrigação de “proteger” o abusador – observa Scheila Thomé, conselheira tutelar há seis anos em Florianópolis.
Além disso, recomenda, acolher a criança que sofre abuso é o primeiro passo para minimizar o impacto do problema.
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Professores e profissionais de saúde também podem ajudar. Por estarem na ponta dos serviços de atendimento, médicos e enfermeiros podem identificar e notificar situações de violência sexual. Eles podem observar sinais que indiquem situação de negligência, agressões físicas ou abuso sexual e encaminhar os casos à rede de proteção local.
Da mesma forma, os professores também têm papel importante: o comportamento do aluno pode ser um indicador de que o estudante esteja sendo vítima de violência.
Outra dúvida frequente dos pais é se é possível orientar a criança sobre o que seria um abuso sexual.
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Alguns especialistas consideram que aos cinco anos já é possível orientar a criança sobre a abordagem sexual imprópria por parte de adultos, colegas muito mais velhos ou pessoas próximas.
Os casos de abuso sexual dos últimos seis anos em Santa Catarina (inclui estupros e tentativas)
2006
Adolescente: 246
Criança: 153
2007
Adolescente: 342
Criança: 232
2008
Adolescente: 390
Criança: 562
2009
Adolescente: 561
Criança: 562
2010
Adolescente: 575
Criança: 838
2011
Adolescente: 660
Criança: 749
Fonte: Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina
Denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes atendidas pelos três conselhos tutelares de Florianópolis
Os números se referem a todas as crianças e adolescentes de zero a 17 anos que sofreram crimes contra a dignidade sexual. Para todos eles foram registrados boletins de ocorrência e realizados exames de corpo de delito.
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2007: 359
2008: 604
2009: 303
2010: 649
2011: 366
Onde buscar ajuda
Denúncias: 100 (disque 100 nacional ligação gratuita que transfere o caso para os órgaos competentes de cada região)
Florianópolis
Telefone para denúncias nos três conselhos 0800-644-1407
Telefone e endereço dos conselhos tutelares nas 10 cidades mais populosas de SC
Chapecó
Endereço: rua Minas Gerais, nº 526 E, bairro Presidente Médici
Telefones para denúncias: 0800-644-1407
Jaraguá do Sul
Endereço: rua João Piccoli, nº446, Centro
Telefones para denúncias: 0800-642-01
Lages
Endereço: rua Coronel Serafim de Moura, nº 232, Centro
Telefones para denúncias: (49) 3224-3148, plantão no (49) 8403-1225
Palhoça
Endereço: Rua José Afonso Eder, nº 184, Centro
Telefones para denúncias: (48) 3242-5251
Criciúma
Endereço: Av. Getúlio Vargas, nº 312, Centro
Telefones para denúncias: (48) 3445-8922
São José
Endereço: sede Barreiros – Rua Coronel Américo, nº 24 / sede Centro – Rua Gaspar Neves, nº 3.149
Telefones para denúncias: (48) 3357-0745 (Centro) e (48) 3240-6778 (Barreiros)
Blumenau
(duas equipes dividem o mesmo espaço. Uma atende a região central e a outra o bairro Garcia)
Endereço: Rua XV de Novembro, 340 – 2º andar – sala 208 – Edifício Londrina.
Telefones para denúncias: (47) 3326-6959 e (47) 3326-6980
Itajaí
Endereço: Rua Pedro Guerreiro Junior nº 46, Bairro Fazenda
Telefone para denúncias: (47) 3248-1711
O que a vítima de estupro deve fazer: (seja criança, adolescente, mulher ou homem)
1 – Conservar as provas que comprovem a violência (roupas rasgadas, objetos quebrados, presença de sêmen. É importante que a vítima não tome banho. A higiene será feita no hospital após as coletas de exames).
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2 – Ir ao hospital e informar que pode ser (ou foi) vítima de violência sexual. Em Florianópolis os hospitais de referência para estes casos são Hospital Universitário (HU) e Maternidade Carmela Dutra. (para homens somente o HU). A vítima receberá medicação contra doenças sexualmente transmissíveis e para evitar a gravidez indesejada.
3 – A vítima não precisa sair do hospital, é a polícia e um perito do Instituto Médico Legal é que deve se dirigir à unidade hospitalar para abrir o boletim de ocorrência e realizar os exames de corpo de delito (para comprovar a materialidade do crime – lesões, sêmen).
Fonte: 6º Delegacia de Polícia de Florianópolis
Obs: Tanto Conselho Tutelar como SSP de SC não contabilizaram os números de 2012.