Os torcedores mais jovens não conhecem a história, mas os jequeanos das antigas não se esquecem das imagens daquele domingo de maio de 1981 no Ernestão. O JEC recebia para um amistoso o Internacional, vice-campeão da Libertadores e semifinalista do Brasileirão do ano anterior.

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Em 45 minutos, a máquina tricolor já vencia por 3 a 1. O quarto gol no começo do segundo tempo foi a senha para o Colorado protagonizar uma das mais vergonhosas cenas do futebol joinvilense. Para que a goleada não fosse maior, partiu a ordem da diretoria gaúcha para que os jogadores caíssem no chão, obrigando o árbitro a encerrar a partida.

Os desavisados podem imaginar que fosse um time qualquer do Inter, uma equipe B montada para um simples amistoso contra um time de menor expressão. Mas não era. O Colorado veio a Joinville com nomes como o goleiro Benitez e o meia Mario Sérgio – eleitos entre os melhores do Brasileirão daquele ano -, além do zagueiro Mauro Galvão.

Só que eles não esperavam que o JEC de Borrachinha, Ladinho, Carneiro, Nardela e companhia seria um adversário tão difícil.

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No meio destes dois esquadrões estava um dos personagens centrais da polêmica: o árbitro Alvir Renzi.

Duas expulsões e muitos gols

Tudo começou aos sete minutos, quando o jogo já estava empatado por 1 a 1 – Pedro Verdum tinha aberto o placar e Ladinho igualado. Por fazer uma falta dura em Nardela, Mario Sérgio recebeu o cartão amarelo. Ele não gostou da marcação e foi ríspido demais na reclamação. Levou vermelho.

– Ele quis me menosprezar, me esnobar. Falou algo como: “Você quer fazer o nome nas minhas costas” – lembra Renzi.

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– Achou que o Inter era muito grande para jogar com o JEC. Para um árbitro, não importa. Ele quis me intimidar e expulsei – conta.

Com um a mais em campo, o Joinville colocou o Inter na roda. Barbieri e Jorge Luís Carneiro ampliaram para 3 a 1 antes do intervalo. Na volta para o segundo tempo, Zé Carlos Paulista fez o quarto.

Quando Renzi puxou o cartão vermelho para Tonho, do Inter, ficou claro que o time gaúcho não queria mais jogar bola. Mauro Galvão, Claudio Mineiro e Ademir saíram de campo lesionados e o árbitro encerrou o jogo aos 25 minutos, por falta de jogadores em campo.

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Colorados criticaram o árbitro

Um dos zagueiros mais vitoriosos do futebol brasileiro, Mauro Galvão estava em sua terceira temporada no Inter quando o episódio aconteceu. Trinta e três anos se passaram e lembrar de um jogo tão específico em uma carreira de mais de duas décadas não é fácil, mas o ex-xerife recorda que a arbitragem deu o que falar naquele dia.

– Não lembro muito bem. O que posso falar é que foi um jogo bastante conturbado, com lances polêmicos da arbitragem – resume.

No entanto, Galvão é enfático ao negar a possibilidade de o time gaúcho ter feito um cai-cai, história que ainda é contada e recontada pelos torcedores do Joinville.

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– Era uma partida amistosa, então não tinha porque fazermos isso. Aconteceram coisas durante o jogo e cada um interpreta de um jeito.

Mas o que Mauro Galvão nega foi confirmado ainda na época pelo então técnico do Internacional, Cláudio Duarte. Ao jornal “Folha da Tarde Esportiva”, de Porto Alegre, ele declarou à época:

– Infelizmente, o árbitro Alvir Renzi foi lamentável. Perseguiu os jogadores do Inter, ofendeu-os e inventou faltas. Esse cara não existe como árbitro. Como estávamos sendo tão prejudicados, após as expulsões injustas de Mario Sérgio e Tonho, além das lesões de Galvão e Mineiro, pedi que o Ademir caísse para que o jogo terminasse.

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