A inadimplência das famílias brasileiras aumentou 5,45% no período de um ano. Segundo indicador calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 57 milhões de brasileiros têm contas em atraso, o que corresponde a 38,9% da população adulta do país.

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O Sul foi a segunda região em que mais cresceu o número de consumidores que não honram seus débitos: 6,84%, atrás apenas do Nordeste. Entre Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, 8,18 milhões de pessoas estão em situação de inadimplência.

Chama a atenção a queda de 8,95% de devedores com idade entre 18 e 24 anos. Para o professor de finanças pessoais Jurandir Sell Macedo, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o percentual corresponde à tendência de compra dessa faixa etária:

_ Os jovens buscam crédito para fazer a aquisição de um bem, como uma moto, ou realizar uma vontade, como uma viagem. É uma dívida normalmente mais pontual, de curto prazo. Em tempos de crédito com juros mais altos, esses sonhos são mais calculados.

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Já os consumidores de 30 a 49 anos, que correspondem a 49,43% de todas as dívidas brasileiras, têm comprometimentos de renda com um prazo maior para serem quitados. Isso porque em geral essas dívidas estão associadas a um má gestão do dinheiro nas contas do dia a dia – quando se gasta mais do que se ganha de forma repetida.

Prova disso é que o aumento das dívidas foram alavancadas, em grande parte, por contas nos chamados serviços básicos, como água e luz. Esse setor teve uma alta de 12,55% nas dívidas, seguido pelas bancárias como cartão de crédito e financiamentos, que subiram 10,32%. Essas últimas ainda equivalem quase à metade das dívidas brasileiras.

Aumento de dívidas é resultado de economia mais lenta

O relatório do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) credita o aumento de dívidas à perda de dinamismo da economia, assim como uma queda nas condições do mercado de trabalho, que vem demitindo mais a cada mês. Se em 2014 a inadimplência era resultado de menos crédito, em 2015 tornou-se uma consequência de falta de condições de pagamento.

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_ Se lançarmos um olhar sobre a inadimplência ao longo dos últimos 12 meses, podemos notar que, a partir de meados de 2014, o crescimento de devedores desacelerou em razão da menor oferta de crédito na economia e dos juros elevados. No inicio deste ano, porém, a deterioração do cenário macroeconômico se sobrepôs ao freio do crédito e a inadimplência voltou a acelerar _ aponta a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti.