O cineasta sul-africano Neill Blomkamp, que sacudiu o cinema de ficção científica em 2009 com Distrito 9, volta às telas com Elysium, uma superprodução hollywoodiana que transporta a luta de classes entre pobres e ricos a um futuro apocalítico. Com este filme, que estreia nesta sexta-feira nos Estados Unidos, mas apenas no dia 20 de setembro no Brasil, a Sony Pictures espera virar a página dos fiascos de seus últimos dois filmes de alto orçamento, O Ataque e Depois da Terra.
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Assista ao trailer:
Escrito e dirigido por Neill Blomkamp – uma dupla função bastante rara em uma superprodução -, Elysium conta com os brasileiros Wagner Moura e Alice Braga no elenco, ao lado dos astros Matt Damon e Jodie Foster e do mexicano Diego Luna. O filme imagina o mundo em 2.154, quando os multimilionários fogem da Terra, arruinada e superpovoada, e se instalam na estação espacial Elysium, onde tudo é luxo e prazer.
Max (Matt Damon), um ex-prisioneiro exposto acidentalmente a uma dose letal radiação na fábrica onde trabalha, tem apenas uma solução para escapar da morte: chegar a Elysium, onde uma milagrosa máquina cura todas as doenças em segundos. Mas Elysium é protegido por Delacourt (Jodie Foster), sua “ministra da Defesa”, que não hesita em disparar contra os veículos cheios de imigrantes clandestinos que se aproximam da estação e deportar os que conseguem chegar
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– Blomkamp é um cara que admiro -, disse à AFP o ator mexicano Diego Luna, que encarna Julio, o melhor amigo de Max.
– Eu amo fazer este cinema comercial, este cinema de entretenimento, que se você arranhar um pouco tem uma reflexão um pouco mais profunda – completou.
Para este ator de 33 anos que acaba de rodar uma biografia do militante de direitos civis dos imigrantes César Chávez, Elysium prevê “o que vai acontecer se as distâncias e os contrastes entre os que têm e os que não têm continuarem se tornando cada vez mais dramáticos”.
– Chegará um dia em que (os ricos) terão que construir algo lá em cima (no espaço) se não quiserem ser removidos -, prosseguiu.
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Uma realidade cruel
– De alguma maneira, a ficção científica é uma grande ferramenta para questionarmos nosso presente -, disse o ator.
– Aparentemente está falando de algo que acontece anos depois, em um mundo imaginário, completamente afastado de sua realidade. Mas você começa a ver o filme e de repente tem uma reflexão total sobre onde estamos hoje e o que estamos fazendo.
Uma realidade cruel, segundo o ator.
– Há pequenos Elysium por todo o mundo -, disse.
– A riqueza está pessimamente distribuída e a quantidade de gente sem oportunidades vai crescendo e crescendo, e isto gera um fenômeno social que torna Elysium muito factível.
Referindo-se ao luxuoso hotel de Los Angeles onde falou com jornalistas para promover o filme, Luna destacou:
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– Hoje estamos fazendo uma entrevista em Beverly Hills, onde as pessoas decidiram que precisam disso tudo para sobreviver, sem se importar com o contraste que há ao dirigir por três horas em direção ao sul (ao México), onde as pessoas têm tão pouco.
Como em Distrito 9, Neill Blomkamp prestou muita atenção à realidade do mundo que descrevia e a sua humanidade, sem se deixar tomar pelos efeitos especiais, apesar de contar com um generoso orçamento estimado em 100 milhões de dólares.
– Na Terra ou em Elysium, o que (Blomkamp) mostra é gente sobrevivendo. Como, apesar de viver em qualquer lugar, o ser humano sempre encontra a forma de achar a felicidade. Até no contexto mais complicado, o ser humano sempre encontra a chance de ter uma relação de amor, de ser feliz. Somos sobreviventes a qualquer custo. Acredito que o que dá muita humanidade a estes personagens é que suas relações são importantes. E, normalmente neste tipo de filme você percebe que não exploram este mundo interior e pessoal dos personagens, esta intimidade -, completou.
No filme, Wagner Moura vive um contrabandista que transporta pessoas ilegalmente para Elysium, e Alice Braga é uma amiga de infância de Damon.
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