De férias em Bandeirantes, no interior de São Paulo, Lauro espera ansioso pelo início da temporada. Com a aposentadoria de Pato Abbondanzieri e a má fase de Renan, Lauro emerge como o goleiro mais experiente do grupo. Elogiado pelo novo vice de futebol Roberto Siegmann, Lauro se diz pronto para assumir essa responsabilidade, depois de um 2009 cheio de desconfianças, em que o banco de reservas foi o seu lar em dia de jogos.

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Em entrevista ao clicEsportes, Lauro projeta ser uma liderança no grupo e lembrou com pesar o início do ano, quando perdeu a posição de titular que sustentava desde meados de 2008. Depois disso, ficou mais de cinco meses sem jogar.

clicEsportes – O novo vice de futebol Roberto Siegmann vem elogiando você com frequência, qualificando-o como regular. Você concorda que a regularidade seja o seu principal trunfo?

Lauro – Sem dúvida, foi um objetivo traçado desde muito cedo. Taffarel, Zetti, Veloso, eram todos goleiros muito regulares, e me inspiravam. É importante a equipe saber que tem alguém no gol em quem você pode confiar, que não vai fazer grandes besteiras. Fico feliz com a confiança da direção. O Giovanni Luigi (presidente eleito) era o vice de futebol quando eu fui contratado. Ele me conhece muito bem.

clicEsportes – Com esses elogios, você espera começar a Libertadores como titular? Está pronto para isso?

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Lauro – Na verdade, estava pronto para ser titular desde a última Libertadores. Foi uma surpresa para mim na época. Fui campeão da Sul-Americana, vice da Copa do Brasil, estava há um ano e meio como titular. Não esperava e fiquei chateado com o modo como aconteceu.

Foto: Juan Barbosa

clicEsportes – A falha diante do Avenida (vitória de 2 a 1 pelo Gauchão) contribuiu?

Lauro – Creio que não. No primeiro dia da pré-temporada, o Fossati avisou os goleiros que havia pedido a contração de um novo jogador, mais experiente. Ele avisou que haveria igualdade de condições. Mas a gente sabe que, se ele pediu um novo goleiro, a tendência é escalá-lo. Mas isso é normal no futebol. Uma hora você serve, outra hora, não. O que me deixou um pouco chateado foi saber três horas antes da estreia da Libertadores (contra o Emelec) que o Pato jogaria. Mas segui trabalhando normalmente, não fiquei chateado com o Fossati, acho que ele teve problemas aqui pelo choque cultural. Só estranhei mesmo a situação.

Foto: Valdir Friolin

clicEsportes – E depois disso foram meses ruins. Você recebeu propostas para sair.

Lauro – Sim, recebi duas propostas concretas durante a temporada, do Sporting Braga, de Portugal, e do Fluminense. Eram bons números, mas não queria sair. As ofertas chegaram até a direção, que também vetou.

clicEsportes – Mesmo na reserva e jogando pouco, você participou do Mundial. Foi uma experiência complicada após a derrota. Como você, do banco, reagiu?

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Lauro – É uma reação diferente para quem estava fora do campo, mas foi uma dor imensa. Eu pensava: “como a gente vai passar por isso?”. Ninguém dormiu depois da derrota, o nosso hotel estava lotado de colorados, era difícil encará-los. Passava pelo grupo um sentimento de vergonha, de incapacidade.

Foto: Jefferson Botega

clicEsportes – E essa derrota no Mundial significa um 2010 complicado?

Lauro – Estamos cientes de que teremos um início de ano difícil. Por um lado, pelos desafios, Libertadores, Recopa. E o torcedor também está mais exigente devido ao tropeço em Abu Dhabi.

clicEsportes – Sem o Pato, você é o goleiro mais experiente. Além de buscar a titularidade, você se vê como uma possível liderança no grupo?

Lauro – Claro, assumiria isso com a maior tranquilidade. Quero agregar às lideranças já existentes no grupo. Mas, claro, da minha maneira. Há vários jeitos de se mostrar um líder: há os que se expõem na mídia, os que berram. Já eu sou mais do vestiário, de chamar num canto para conversar. Para mim, isso também é liderança.

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clicEsportes – Com 30 anos e contrato até 2014, o que você pensa sobre o futuro?

Lauro – Tenho contrato com o Inter até o fim de 2014 por um projeto pessoal de largar o futebol aos 34 anos. E penso em ficar aqui, sim, até o final, até porque me adaptei rapidamente a Porto Alegre e fixei residência na cidade. Encerrar a minha carreira no Inter seria um grande final. Seria perfeito.