A guerrilha do Exército da Libertação Nacional (ELN) alertou mais uma vez nesta segunda-feira que a continuidade do cessar-fogo acertado com o governo da Colômbia está em risco em função de graves fatos ocorridos desde que o acordo entrou em vigor em 1o. de outubro.

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A equipe negociadora do ELN, que busca desde fevereiro um acordo de paz com o governo de Juan Manuel Santos, em Quito, similar ao assinado com as Farc, difundiu pelas redes sociais seu balanço do quarto ciclo de negociações e do cessar-fogo bilateral válido até 9 de janeiro próximo.

“Apesar de as duas partes terem conseguido mantê-lo (o cessar-fogo) e levado alívios para as regiões de maior conflito, também foram reportados, durante os dois meses de execução, graves fatos que colocam em risco sua continuidade”, denunciam os rebeldes.

De concreto, o ELN denuncia “a reticência do governo em avaliar e verificar a responsabilidade da força pública na morte de 9 camponeses em um protesto cocaleiro em Tumaco, na fronteira com o Equador, e na de uma jornalista indígena em uma mobilização por terras.

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Os rebeldes também consideram violações graves e inadmissíveis ao cessar-fogo dois ataques das forças militares do governo a acampamentos do ELN e denunciam ataques de agentes carcerários em vários centros penitenciários.

O balanço do ELN difere do que foi fornecido pelo governo.

No entanto, o negociador de paz do governo colombiano junto ao ELN, Juan Camilo Restrepo, anunciou nesta segunda-feira que deixará o cargo no início de 2018, quando conclui a trégua acertada a guerrilha.

Ele solicitou ao presidente Santos que o libere das responsabilidades como chefe da equipe de negociação.

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O ex-ministro deu por concluído seu ciclo – que definiu como satisfatório na sexta passada – e pediu ao presidente que seja substituído para se ocupar de assuntos pessoais.

Designado no final de outubro de 2016, Restrepo negociava desde fevereiro um acordo de paz com o ELN.

“Considero que meu ciclo frente à equipe de negociação com o ELN está se encerrando, e estou há um ano e meio à frente dessas negociações que não são fáceis, mas se mantêm e apresentam avanços”, afirmou.

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Restrepo alcançou a primeira trégua bilateral com o ELN desde que esse grupo pegou em armas em 1964.

Com 1.500 combatentes, o ELN, que reconheceu suas responsabilidades e pediu perdão pela morte de um governador indígena durante a trégua, é a última guerrilha reconhecida pelo governo.

Os rebeldes asseguram que o quinto ciclo de negociações, que começará em 9 de janeiro, quando termina o cessar-fogo, deverá avaliar a trégua.

A ONU e a Igreja, que acompanham seu cumprimento, pediram que seja estabelecido um novo pacto, mesmo que se admitam as violações.

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O presidente Santos tenta alcançar um acordo com o ELN similar ao que permitiu o desarmamento e transformação em partido político da guerrilha das Farc.

Mais de meio século de conflito armado na Colômbia deixou 7,5 milhões de vítimas entre mortos, desaparecidos e deslocados.

* AFP