O palpite de Eli Heil é o de que o público vai estranhar as obras de sua próxima exposição, Eli Heil em Branco e Preto, que abre neste sábado no Museu Victor Meirelles, na Capital.

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– A cor é muito presente na minha arte, né? Mas nesta mostra não está – ela diz.

Nessas idas e vindas do vermelho, a cor de seu sangue, a cor que corre em suas veias e sentimentos e brota de suas mãos ao pintar – ou botar para fora o próprio coração, como ela gosta de dizer -, a artista de 84 anos explica que a ausência de cor é também uma parte sua, embora pareça um descompasso em sua carreira que completou 50 anos em 2012.

– O preto e o branco fazem parte de mim e da minha obra. O médico disse: “Dona Eli, a senhora está com anemia”. Pronto, perdi a cor. E as obras também – conta ela.

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É à mesma simpática e poética história que ela recorre repetidas vezes para exemplificar como seus sentimentos e as transformações de seu corpo estão diretamente ligadas à sua criação.

– Tudo meu é sentimento. Qualquer coisa que acontece, qualquer aborrecimento, eu fico sem cor.

Mas o vermelho sempre volta. Há cerca de um mês, por exemplo, ela pintava um novo trabalho bem colorido, até ter que interromper os planos de restauração de algumas obras de O Mundo Ovo, sua casa-museu-ateliê, em Florianópolis, para fazer uma operação no olho. Agora já está bem, mas ainda não voltou a pintar.

Eli Heil em Branco e Preto reúne desenhos realizados entre 1960 e 1990. As obras foram feitas em papel de diferentes tamanhos e gramaturas, com técnicas que variam entre o grafite, o nanquim e a caneta esferográfica. Mas mesmo no universo PB ela acha espaço para criar novos espaços para cor, ainda que seja trabalhando com uma escala de cinzas ou pincelando aqui e ali tons de azul ou amarelo.

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Curiosamente a exposição de Eli Heil no Victor Meirelles mostra uma fase um pouco sem cor e sem vida da instituição. Sem o vigor do ano retrasado – em 2012 o museu localizado no Centro da Capital realizou quase cem atividades culturais, um contraponto às apenas 17 realizadas em 2013 – o espaço está na iminência de uma reforma que o deixará de portas fechadas por um longo período.

No ano passado não foi lançado o tradicional edital para realização de exposições temporárias e para este ano estão agendadas apenas três mostras. A de Eli, que segue até maio, depois a do artista Pedro Américo e por fim a de Regina Silveira.

:: Agende-se

O quê: exposição Eli Heil em Branco e Preto

Quando: abertura sábado, às 11h. Visitação até 8/5,de terça a sexta, das 10h às 18h. Sábado, das 10h às 14h

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Onde: Museu Victor Meirelles (Rua Victor Meirelles, 59, Centro, Florianópolis)

Quanto: gratuito

Informações: (48) 3222-0692