O relógio marcava 6h13min quando o elevado do Rio Tavares foi aberto para o tráfego de veículos na manhã deste sábado (23) em Florianópolis. Foram quase quatro anos entre o início da obra, uma das principais promessas de campanha do prefeito Gean Loureiro (MDB), e a passagem dos primeiros veículos sobre a estrutura, no dia do aniversário de 346 anos da Capital. O principal objetivo com o elevado é diluir um dos maiores gargalos do trânsito no Sul da Ilha, por onde passam diariamente cerca de 55 mil veículos.
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Como a entrega da esperada obra aconteceu em um feriado, a avaliação mais precisa de como o elevado repercutirá no trânsito da região fica para segunda-feira (25), primeiro dia útil para testar a nova estrutura que custou – com as desapropriações – pouco mais de R$ 30 milhões. Para o prefeito Gean Loureiro, a obra, por si só, "vai melhorar consideravelmente o trânsito no Sul da Ilha". Ele pondera, porém, que o elevado não será a solução "100%" para o problema da mobilidade na região.
— Para estar 100% bom para a comunidade do Sul da Ilha nossa expectativa é que se conclua a obra do novo acesso ao aeroporto, que está sendo feita pelo Governo do Estado. Em conjunto com essa obra, o elevado completa a mobilidade do Sul da Ilha — destacou o prefeito Gean, poucos minutos antes de entrar em um carro e ao lado do vice-prefeito, João Batista Nunes, serem os primeiros motoristas a passarem oficialmente pelo elevado.
Diante do tempo demandado para concluir a obra, na contramão de uma das principais promessas de campanha do emedebista em 2016 – a de que entregaria o elevado no primeiro ano de mandato -, Gean pediu desculpas à população do Sul da Ilha. Em seguida, justificou a demora por conta de desapropriações, escavações arqueológicas, entre outros empecilhos.
— O poder público tem que pedir desculpas. Eu como prefeito faço isso. O Sul da Ilha merecia essa obra, era um compromisso muito antigo e que todos desejavam. O mais importante é que nós conseguimos superar os obstáculos. É uma obra que eu tive que realizar 100% com recursos próprios, já que não conseguimos o financiamento que estava previsto. Tivemos que trabalhar dezenas de desapropriações, discutindo na Justiça, os estudos arqueológicos do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) se prolongaram mais que o esperado, mas o mais importante é que a gente consegue fazer essa entrega para a população.
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Embora o elevado esteja funcionando, a obra por completo ainda não terminou. Faltam ser construídas calçada, ciclovia e no entorno da estrutura a implantação de uma praça e um ambiente de convívio para a comunidade.
— Muito mais do que a entrega, já há um planejamento. No dia 28 (de março) abre a licitação para uma praça em todo o entorno aqui do elevado do Rio Tavares, dando uma estrutura de urbanização muito melhor, com tratamento paisagístico, ciclovias e passeios. Diferente de outros elevados que ninguém utiliza a parte de baixo, aqui vai ter uma estrutura de convívio da população. Então é uma obra que a gente conseguiu apresentar com qualidade à região, mesmo sabendo que ela não resolve 100% dos problemas da mobilidade, mas traz uma melhora considerável — concluiu o prefeito.
A estrutura inaugurada tem 220 metros de extensão e faz a ligação entre a SC-405 e a rodovia Dr. Antônio Luiz Moura Gonzaga, que une o Rio Tavares e o Campeche à Lagoa da Conceição. A obra, cujo valor inicial era de R$ 14,9 milhões, teve dois aditivos de valor e saltou para R$ 16,3 milhões. Outros R$ 15,4 milhões foram empregados na desapropriação de terrenos de 33 famílias.
Transporte público
Mesmo com a liberação do trânsito no elevado do Rio Tavares, o itinerário de quatro linhas do transporte coletivo que faz o trajeto Sul da Ilha sentido Lagoa da Conceição e Lagoa da Conceição sentido Sul da Ilha segue alterado.
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A mudança aconteceu por causa das obras, mas de acordo com o secretário de transportes e mobilidade urbana, Marcelo Silva, as linhas só voltarão ao normal a partir do dia 1º de abril.
Antes disso, porém, uma reunião será feita com moradores do Rio Tavares, Campeche e Porto da Lagoa na próxima terça-feira (26) para discutir futuras alterações, tendo em vista que o tempo percorrido dos ônibus vai diminuir.
— A ideia é nós recolocarmos as linhas em funcionamento a partir do dia 1º (de abril), até por que temos uma escala de trabalho que é mensal e ela se encerra na sexta-feira que vem (29). Estamos convocando a comunidade da região, Campeche, Rio Tavares, Porto da Lagoa e Ribeirão para que na terça-feira tenhamos uma reunião. Iremos discutir com eles. Até por que o tempo de percurso das viagens se modifica. É importante passar algumas modificações que serão feitas. Nós queremos introduzir uma forma de circulação um pouco diferente, e essa é a ideia de discutir com a comunidade — afirma o secretário de Transportes e Mobilidade Urbana da Capital, Marcelo Silva.
Com isso, as linhas 841 (Tilag – Tirio) e 843 (Tilag – Tirio via LIC) seguem da seguinte forma:
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Saída do Tilag: Itinerário normal até a Rodovia Doutor Antônio Luiz Moura Gonzaga (SC-406), depois acessa a Avenida Campeche, Avenida Pequeno Príncipe, Rodovia SC-405 e Tirio.
Saída do Tirio: Rodovia SC-405, Avenida Pequeno Príncipe, Avenida Campeche, Rodovia Doutor Antônio Luiz Moura Gonzaga (SC-406), seguindo itinerário normal até o Tilag.
Saída do Tirio (circular): Rodovia SC-405, Avenida Pequeno Príncipe, Avenida Campeche, Rodovia Doutor Antônio Luiz Moura Gonzaga (SC-406), Rua Pau de Canela, Avenida Campeche, Rua da Capela, Avenida Pequeno Príncipe, Rodovia SC-405 e Tirio.
A linha 472 (Campeche via Capela) segue com suspensão temporária devido à sobreposição no atendimento da linha 462 (Campeche na Rua Pau de Canela). Já a linha Porto da Lagoa não sofreu alteração de itinerário.
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O que dizem os motoristas
Um dos primeiros motoristas – excluindo o prefeito Gean e os carros da Polícia Militar Rodoviária – a passar pelo elevado foi Eduardo Loureci, de 40 anos, morador do Campeche. Ao lado da esposa, que filmava a estreia na ansiada construção, ele disse acreditar que o trânsito vai melhorar na região. Ressaltou, no entanto, que ainda "vai pegar uma filinha".
Já o operador de máquinas Josi José da Silva, de 48 anos e morador do Rio Tavares, foi rápido ao responder o que achou da obra:
— Vamos ver segunda, porque hoje (sábado) não é um bom teste — resumiu.
Policiais militares rodoviários que trabalham na entrega do elevado também disseram à reportagem que segunda-feira (25) será um dia chave para verificar o impacto da obra no trânsito e testar a sinalização, o comportamento dos motoristas e outros detalhes.
Elevado vai se chamar "Seu Getúlio", mas alguns querem outro nome
A Prefeitura de Florianópolis encaminhou à Câmara de Vereadores uma proposta para que a estrutura se chame "Elevado Seu Getúlio". A escolha faz referência a Getúlio Manoel Inácio, músico morador do Campeche, no Sul da Ilha. Ele morreu em 31 de janeiro de 2018. Na sua trajetória, além de ter trabalhado como militar na Base Aérea, montou uma escola de música para crianças do Campeche dentro do rancho de pesca do próprio pai. Por conta do legado cultural deixado na região, foi o escolhido para nomear o elevado. O projeto precisa ser aprovado no Legislativo.
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Mas, para algumas pessoas que bateram ponto na inauguração do elevado, o nome da estrutura teria que ser outro: Milton Otávio da Silva, conhecido como Milton Tatu, que faleceu há 11 anos e morava bem no local em que começou a obra do elevado. Neta de Milton Tatu, Thamiris Silva dos Santos, de 30 anos, diz que respeita e admira a história de seu Getúlio, porém entende que seu avô foi pioneiro no comércio na região onde hoje ergue-se o elevado.
— Já conversamos com alguns vereadores e vamos brigar na Câmara para chamar o elevado de Milton Tatu — avisou.
Como fica o trânsito no elevado do Rio Tavares
A principal novidade é que o encontro de diferentes vias agora só terá um ponto de cruzamento, ao contrário dos três existentes no local até este sábado (23).
Chefe de gabinete da Prefeitura de Florianópolis, Bruno Oliveira, explica que o trecho em que haverá encontro de veículos será nos sentido Lagoa/ Campeche e Centro/ Lagoa. Ali, revela, a preferência é do motorista que vai da região central em direção ao Rio Tavares e Lagoa da Conceição.
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Oliveira afirma que o sentido Lagoa/ Campeche é o de menor fluxo de veículos do cruzamento. Além disso, o motorista que vem da Lagoa e deseja ir para os bairros do sul da Ilha pode fazê-lo por dentro do Campeche. O chefe de gabinete do prefeito Gean Loureiro (MDB) destaca que o único ponto em que o motorista terá que parar é no sentido Lagoa/ Campeche, o que deve melhorar o fluxo de veículos na região.
— Os maiores pontos de cruzamento não vão mais se cruzar. Que é quem vai do Centro para o Campeche, do Campeche para o Centro e da Lagoa para o Centro. E a preferência será para o motorista que vai do Centro para a Lagoa, porque, além de o fluxo ser menor, tem a opção de ir por dentro do Campeche, o que já é feito por bastante gente — diz Oliveira.
Passam sobre o elevado
— Só quem vem do Sul da Ilha e vai para o Centro passará sobre o elevado;
Não passam sobre o elevado, mas têm caminho "livre"
— Quem vem do Sul da Ilha e vai para a Lagoa usa a pista à direita, e segue livre;
— Quem vem do Centro e vai para o Sul da Ilha usa a pista à direita e segue livre;
— Quem vem da Lagoa e vai para o centro segue reto, passando sob o elevado;
O cruzamento que continuará a existir
— Quem vem da Lagoa e vai entrar à esquerda para ir ao Sul da Ilha/ Campeche terá de cruzar com quem vem do Centro e segue, por baixo do elevado, para a Lagoa. Ali, a preferência é do motorista que vai da região central em direção ao Rio Tavares e Lagoa da Conceição.