Em assembleia agendada para dezembro, a Eletrobras vai propor aumento de 130% no valor destinado ao pagamento de salários e bônus a seus executivos, alegando que eles recebem menos do que a média de mercado e que terão mais responsabilidades.

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A proposta prevê aumento de quase cinco vezes no salário do presidente da companhia, que passaria dos atuais R$ 52.335,71 para R$ 300 mil. E pede que os aumentos sejam retroativos a abril de 2022, quando foi realizada a última assembleia de acionistas.

O valor geral destinado à remuneração de diretores e conselheiros passaria de R$ 15,4 milhões para R$ 35,9 milhões por ano. Além de salários e benefícios, o valor inclui bônus por desempenho, cujos montantes dependerão do cumprimento de metas.

A assembleia é extraordinária, ou seja, foi convocada apenas para discutir esse tema. Geralmente, a remuneração dos executivos é discutida em assembleia ordinária em abril, quando as contas do ano anterior são avaliadas pelos acionistas.

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Neste caso, porém, a ideia é alterar os valores aprovados em abril de 2022 para a remuneração para o ano corrente, que a empresa defende ser “inevitável” para evitar perda de talentos e incapacidade de atração de novos profissionais.

Em documento enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) com a proposta, a Eletrobras diz que “a estratégia de remuneração é uma parte fundamental da cultura de alta performance vinculada à meritocracia”.

“Conferir à companhia os insumos e ferramentas adequados para incentivo de seus administradores é peça chave no destravamento das alavancas de valor associadas à desestatização da Eletrobras”, segue o texto, assinado pelo presidente do conselho de administração da empresa, Ivan Monteiro.

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Entre os novos desafios que ajudariam a justificar o aumento, o documento cita a necessidade de atuar em um novo modelo de comercialização de energia e de vender participações em coligadas, a melhoria de processos de suprimentos, modernização de ativos, entre outros.

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O texto defende que os administradores da Eletrobras estão sem reajuste desde abril de 2015. “A defasagem remuneratória se verifica não somente em função dos players privados, mas também frente às principais empresas estatais federais de porte equivalente.”

O salário proposto ao presidente da Eletrobras, porém, equivale a mais do dobro dos R$ 116 mil pagos pela Petrobras ao seu presidente. No BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o salário do presidente é de R$ 80,8 mil por mês.

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“Sobressai-se ainda mais a discrepância entre o patamar remuneratório atualmente praticado pela Eletrobras e aqueles adotados por empresas privadas de porte equivalente, do mesmo setor de atuação e com o semelhante grau de responsabilidades, complexidade e desafios”, segue a justificativa da Eletrobras.

A nova proposta cria ainda programas de incentivo como a remuneração por ações, para desenvolver “uma cultura profissional de alta performance” e para a tomada de decisões que privilegiem resultados de longo prazo, superação das metas e criação de valor e o crescimento sustentável.

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Foi aprovada por unanimidade pelo conselho, que também terá seus salários elevados, de R$ 5.440,36 para R$ 60 mil.

“Caso aprovado o novo modelo de remuneração, será possível, efetivamente, adotar nova prática cuja principal finalidade é promover o alinhamento dos interesses dos administradores com os interesses dos acionistas da Companhia, bem como realmente possibilitar atração e retenção de talentos”, diz a empresa.

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No processo de privatização da Eletrobras, o governo emitiu novas ações para investidores privados, reduzindo sua participação na estatal para 29%. O processo incluiu uma cláusula, conhecida como “poison pill”, que dificulta a recuperação da posição majoritária.

*Por Nicola Pamplona