Dona Lolita de Matos acordou triste na manhã desta quinta-feira em sua casa na rua Albertina Maria de Quadros, no bairro Aririú, em Palhoça. Na companhia de dois de seus quatro filhos, ela preparou o café da manhã enquanto aguardava a chegada da oficial de justiça que levaria o mais velho deles, Anderson de Matos, 32 anos.
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Homem é morto em Palhoça após polícia ser chamada para auxílio em internação compulsória
A partir do pedido da própria família, o homem seria internado pela 14ª vez no Hospital Psiquiátrico Colônia Santana, em São José, devido à esquizofrenia – doença psiquiátrica que o acompanha desde os 19, quando voltou do colégio falando que iria se enforcar.
A mãe ainda lembra que o filho ficou internado por três meses até o dia 19 de maio, quando recebeu alta. A família percebeu que o jovem não estava bem, não aceitava o tratamento e tampouco tomava todos os remédios receitados.
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– Ele sabia que era doente, mas sempre resistia à internação. A polícia sempre tinha que ajudar – explica dona Lolita.
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PM foi chamada para ajudar mas…
Na manhã de ontem, a Polícia Militar foi chamada pelo Samu para auxiliar na internação compulsória de Anderson, mas não ajudou. Quando o homem percebeu a chegada da oficial de justiça, médicos e policiais, assustou-se e fugiu. Correu o mais rápido que pôde até o fim da rua de barro. Segundo Sabrina, uma de suas irmãs, ele pegou uma barra de ferro para defender-se.
– Ele estava violento, mas não vi nada acontecer. Os policiais correram atrás dele – conta.
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No momento em que Anderson estava quase chegando a um riacho, foi atingido por um disparo fatal. Morreu ali mesmo.
– Eles mataram o meu filho doente. Por quê? Ele não precisava disso. Precisava era de tratamento – diz aos prantos a mãe.
O enterro deve acontecer no cemitério de Santo Amaro da Imperatriz, município de origem da família De Matos.
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Vão apurar se houve abuso
Por meio do setor de Comunicação Social, a Polícia Militar informou que foi chamada para prestar apoio e garantir a segurança do oficial de justiça. Também disse que Anderson demonstrou comportamento agressivo com os pais e, inclusive, com os policiais. Segundo o Major Pilonetto, os policiais alocados na ocorrência tentaram verbalizar e, diante da negativa, utilizaram armas não-letais: disparos de balas de borracha e eletrochoque.
Na sequência, a PM informa que “para guardar a vida dos envolvidos, foi utilizado disparo de contenção [de fogo]”. Não soube precisar o número de tiros, apenas confirmou que Anderson veio a óbito no local. A PM também não confirmou se os policiais envolvidos nessa ocorrência já haviam participado de outro atendimento a Anderson.
O caso foi encaminhado para a Delegacia de Polícia de Palhoça, onde os policiais envolvidos prestaram depoimento nesta tarde. Também será aberto inquérito na Corregedoria da Polícia Militar para apurar se houve abuso nesse caso.
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