Moriluz e Migdalia Morillo, duas irmãs de 59 e 60 anos, votam há anos no mesmo colégio eleitoral em que o falecido presidente Hugo Chávez depositava seu voto, no reduto chavista de 23 de Janeiro, bairro na zona oeste de Caracas.
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_ Nós o vimos muitas vezes, todo mundo enlouquecida. Hoje se sente um vazio_, afirmam.
Um grande mural que representa o libertador Simón Bolívar com seus dois professores, Simón Rodríguez e Andrés Bello, adorna o pátio da escola Manuel Palacio Fajardo, onde mais de 3.700 eleitores estão inscritos para votar e escolher o sucessor de Hugo Chávez.
_ Nós vínhamos votar na hora que o presidente vinha, porque queríamos vê-lo. Eu me sinto como se faltasse algo, é triste. Ele nos ajudou muito_, explica a mais velha das irmãs, que não esconde as lágrimas por trás de seus óculos.
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_ A última vez que ele veio – nas eleições de outubro passado quando foi reeleito -, ele votou ali e todos queriam vê-lo_, acrescenta, apontando uma das salas de aula.
Nas paredes da escola não faltam cartazes e fotos do líder que governou a Venezuela desde 1999, mesmo assim, sua ausência é a mais notada.
_ Ele costumava votar entre as 11 e 12 horas. A calma de hoje não tem nada a ver com o alvoroço de quando ele vinha_, comenta um segurança que toma conta de uma das entradas da escola.
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Por volta de meio-dia, as duas filhas mais velhas de Chávez, Rosa Virginia e María Gabriela, assim como seu genro e o vice-presidente Jorge Arreaza votaram neste colégio sob os aplausos dos presentes, alguns dos quais carregando flores como presente.
_ Aqui está a família do comandante Hugo Chávez. É um sinal forte para nós, um momento forte para as suas filhas_, explicou Arreaza aos jornalistas com um de seus filhos no colo.
Chávez tinha uma relação muito especial com o bairro de 23 de Janeiro, convertido em símbolo de sua revolução bolivariana e onde marcou seu discurso radical que polarizou os venezuelanos.
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A menos de um quilômetro dali, no alto de uma colina tomada por moradias humildes de tijolos multicoloridos, fica o “Quartel da Montanha”, onde, em 1992, Chávez urdiu o fracassado golpe de Estado contra o então presidente Carlos Andrés Pérez e onde agora repousam seus restos.
Entre os eleitores na escola, o nome Chávez é muito mais falado que o de seu herdeiro político e verdadeiro candidato, Nicolás Maduro.
_ Não há dúvidas de que vamos vencer, em sua memória. É um grande homem e como ele não haverá mais nenhum. Temos que sair e votar em Maduro, como ele disse. Se os outros ganharem, vão se esquecer dos pobres _ , assegura Reyna Brizuela, secretária da Universidade Central da Venezuela.
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Do lado de fora do prédio, o alto-falante de um carro reproduz a conhecida “Pátria Querida” e o discurso no qual Chávez anunciou sua recaída pelo câncer e pediu aos venezuelanos que votassem em Maduro caso ele ficasse incapacitado de governar.