Em 1º de janeiro, quando os prefeitos eleitos tomarem posse, a transmissão de cargo também marcará a alternância de partidos no poder em 154 prefeituras (veja detalhes por cidade nos mapas abaixo com as mudanças e a nova configuração dos partidos). O movimento observado nas eleições municipais 2020 representa 53% das 291 cidades que definiram o novo mandatário para os próximos quatro anos. Mas não quer dizer que necessariamente novatos ocuparão a cadeira de prefeito, nem que um grupo político inédito tomará posse.

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Em 137 municípios, no entanto, as prefeituras serão comandadas pelo mesmo partido dos atuais mandatários, conforme levantamento do Diário Catarinense. Nessas, o resultado das urnas atenua qualquer onda de mudança ou de nomes desconhecidos – a exemplo do que chacoalhou a política brasileira em 2018 e em 2016, quando o Estado teve o menor índice de reeleições da história –, sinalizando que o eleitorado catarinense optou por siglas tradicionais.

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Nas demais quatro prefeituras do Estado, o posto ainda está indefinido. Em Joinville e em Blumenau, o novo prefeito só será conhecido em 29 de novembro, após a disputa do segundo turno. Em Anita Garibaldi, na Serra Catarinense, e em Petrolândia, no Vale do Itajaí, os mais votados aguardam julgamento, pois tiveram os votos anulados pela Justiça Eleitoral e só concorreram porque obtiveram recurso após terem as candidaturas indeferidas.

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Em 32 cidades do interior as trocas lembram as tradicionais disputas entre o MDB e a Arena no passado, com representantes do PP se alternando com membros do Movimento Democrático Brasileiro no comando das prefeituras.

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Troca de siglas não significa alteração de rota

Proporcionalmente, as regiões que observaram mais trocas de partidos no comando das prefeituras foram o Sul do Estado, o Oeste, a Grande Florianópolis e a Serra, onde mais da metade dos municípios elegeram candidatos de siglas distintas às dos atuais mandatários. A maior cidade onde ocorreu a troca de siglas foi Chapecó, com a vitória de João Rodrigues (PSD) no último domingo. 

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Ele será o sucessor de Luciano Buligon, eleito pelo PSB em 2016 e que agora integra os quadros do PSL. Mas Rodrigues não será um novato na cadeira de prefeito, já havia passado entre 2005 e 2011, quando se elegeu pelo PFL e se reelegeu pelo DEM, conseguindo fazer o sucessor em 2012, José Claudio Caramori, já pelo recém-criado PSD, que teria como vice justamente Buligon.

A região onde a troca de siglas entre o atual prefeito e o futuro foi menos frequente é o Vale do Itajaí: só 39% das cidades vivenciaram o fenômeno.

Para especialista, grupos políticos podem ser os mesmos, apesar de mudança nos partidos

Sérgio Saturnino Januário, cientista social e mestre em sociologia política da Exitus Comunicação e Pesquisa, pondera que além de observar se houve mudança nas siglas, é necessário expandir a comparação e verificar se na composição políica do atual prefeito o eleito ou a sigla dele já fazia parte. 

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– Por exemplo, se o concorrente eleito é do grupo de vice-prefeito, posto que o processo de reeleição, em geral, encaminha a formação de grupos políticos com alternância de sigla, mas não de ”elite política local”. A reeleição é um fenômeno que pode explicar este fato nos arranjos e combinações político-partidárias locais. Ser diferente em partido aqui, não significa ser contra o atual gestor. Isso fará diminuir a frequência de 53% – pontua Januário.

Alianças atenuam mudanças

Mesmo nos 154 municípios de Santa Catarina onde os eleitos pertencem a partidos distintos dos atuais chefes do Executivo, a mudança não foi tão drástica. Isso porque em 26 deles, a sigla do atual prefeito compõe a coligação vencedora e pode participar do novo governo com cargos ou influência em troca do apoio na campanha. 

Essa possibilidade criou até situações inusitadas em Praia Grande, no Sul do Estado, Salto Veloso e Pinheiro Preto, no Oeste, cidades nas quais o PP costurou uma improvável aliança com PT e PSL, principais antagônicos da política nacional atualmente, e venceu as eleições.

Nas eleições deste ano, especialmente nas menores cidades, as coligações mantiveram importância na tentativa de compor chapas competitivas, apesar de mudanças que ocorreram após a reforma eleitoral de 2017. 

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Este foi o primeiro pleito municipal em que vigorou o fim das coligações partidárias na disputa de cargos proporcionais, para vereadores, ou seja, os partidos puderam selar alianças para apoiar um único concorrente a prefeito, mas os candidatos a vereador não mais se beneficiaram dos votos recebidos pela coligação para conquistar cadeiras por meio do quociente eleitoral. 

Esperava-se com isso que houvesse menos alianças. Ainda assim, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, 260 prefeitos de Santa Catarina se elegeram apoiados por coligações.

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