O número de eleitores com mais de 70 anos terá aumento de 24% em Santa Catarina nas eleições 2020, na comparação com a disputa de 2016. São 414,9 mil votantes na faixa etária em que o voto é considerado facultativo, o equivalente a 8% de todo o eleitorado, o que confirma a importância e o impacto que esses eleitores podem ter nas eleições 2020 no Estado. Quatro anos atrás, SC registrava 334 mil eleitores desta idade, o que representava 6,7% do total de votantes da época, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Fazer com que essa parte da população não deixe de ir às urnas é um desafio para as autoridades e também para os políticos. Porém, em SC, sobram exemplo de cidadania. É o caso da moradora do bairro Capoeiras, em Florianópolis, Suzerlei Marques Moreira, que completou 70 anos em fevereiro deste ano – o último mês antes de tudo mudar por causa da pandemia do novo coronavírus. Nas próximas eleições, ela já não precisaria comparecer às urnas. Mesmo assim, faz questão de continuar participando das eleições.
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– Não devemos desistir, é nossa obrigação. Os idosos de hoje em dia, sem qualquer tipo de preconceito, estão mais atualizados, com acesso a muita informação. Por isso acho que não devemos abrir mão desse direito de participar – observa.
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A pandemia que impôs isolamento ainda mais rigoroso aos idosos, com todas as consequências que o afastamento de amigos, familiares e atividades do dia a dia provoca, é a mesma que vai exigir cuidados de prevenção na hora de ir às urnas. Nesta semana, o TSE divulgou medidas sanitárias a serem adotadas na votação e um horário preferencial para eleitores com mais de 60 anos (leia mais abaixo). Para Suzerlei, nem mesmo a preocupação com a pandemia vai afastá-la das urnas.
– A gente sabe quais são as recomendações e, depois, é algo rápido. Apesar de tudo isso, a gente tem que esperar melhorar. Errando ou acertando, a gente tem que tentar melhorar, para deixar para nossos netos um mundo melhor – ressalta.
O marido de Suzerlei, Antônio Carlos, 71, quebrou um dedo do pé em um acidente doméstico. Mas diz que pretende recorrer até a muleta se for preciso para não deixar de votar.
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Jorge Negri tem 71 anos e também está desobrigado de votar a partir deste ano. Mesmo assim, pretende continuar indo às urnas. Ele acredita que as pessoas com mais de 60 anos estão mais ativas atualmente, até mesmo para avaliar e participar politicamente da sociedade, e que isso exige um novo conceito a respeito desse público.
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– Temos hoje no nosso grupo pessoas de 60 até 95 anos praticando esporte, e tendo sua opinião mediante o cenário nacional. Uns gostam desse, outros daquele, mas o que todos esperam é que o país seja melhor, que venha uma pessoa com boas ideias, sem pensar naquilo que a mídia divulga a toda a hora, que seria a corrupção – opina.
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Exemplo de cidadania aos 95 anos
Dionízio Luiz Colombi tem 95 anos, ainda pratica vôlei e ginástica. Colega de Jorge no Grupo de Idosos do Continente (GIC), ele também faz questão de votar. Até hoje diz que só faltou às urnas no primeiro turno de 2012, porque estava hospitalizado – no segundo turno, faz questão de frisar, compareceu.
– Sempre gostei de política e de compartilhar a política com as pessoas. Este ano não vai ser diferente – conta.
Suzerlei coordena um grupo de idosos, o Bonavita, que precisou interromper as reuniões semanais para atividades como artesanato, ginástica e dança por causa da pandemia de Covid-19. Ela elogia a estrutura e o atendimento da cidade destinado à terceira idade, ponto que também é destacado por Jorge, e diz que espera dos políticos um trabalho mais cidadão, com menos ganância e mais valor ao país.
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– Todos deveriam trabalhar juntos, o povo que votou e que exige deles, e eles, para que nos representem lá. Uma ajuda mútua – defende.
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O número de eleitores com mais de 70 anos será maior também no Brasil. Em 2016, o país tinha 11,4 milhões de pessoas aptas a votar com essa idade, 7,8% do total. Neste ano, são 13,5 milhões (9,13%). O fenômeno é inverso ao que ocorre no outro grupo de voto facultativo, os jovens, com idades de 16 e 17 anos. Entre esses, Santa Catarina terá em 2020 um número 65% menor de eleitores do que o registrado em 2016.
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TSE define horário preferencial para votação de idosos

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou nesta semana o protocolo de proteção do novo coronavírus a ser adotado na votação de novembro. Uma das medidas é a definição de um horário preferencial, das 7h às 10h, para as pessoas com mais de 60 anos.
O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, deixou claro que este horário não será obrigatório e que pessoas de outras faixas etárias também poderão votar neste período. O apelo é para que a população, dentro do possível, respeite a preferência.
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Em razão da pandemia, o TRE-SC não adotou medidas para aumentar a participação do eleitorado idoso neste pleito eleitoral. No entanto, o órgão afirma que não há “elementos para concluir se haverá ou não uma menor participação desse eleitorado com mais de 70 anos”.
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Entre as outras medidas anunciadas pelo TSE para o dia da votação, essas válidas para todas as faixas etárias, estão a exigência de uso de máscara nos locais de votação, disponibilização de álcool gel e solicitação para que os eleitores levem sua própria caneta para assinar o caderno de votação. Apesar disso, haverá canetas higienizadas para quem não levar a sua.