Enquanto o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) divulga uma carta fora de época, conclamando lideranças de centro para um movimento contra a polarização, as equipes de Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) começam a preparar as estratégias para um eventual segundo turno. 

Continua depois da publicidade

O candidato Bolsonaro se recupera do atentado em uma cama de hospital, mas aliados adiantaram à coluna que estão profissionalizando a campanha de TV e contarão com um marqueteiro com mais experiência para aproveitar o tempo do segundo turno. Haddad amenizou o discurso, tem mandado recado para mercado e destacou interlocutores para começar a costurar apoio de lideranças de outros partidos. No Nordeste, onde a popularidade de Lula é alta, PP e MDB já anunciaram o 
apoio a Haddad.

A polarização convém a Bolsonaro a Haddad. Por isso mesmo, os dois alimentam essa ideia do já ganhou para inflamar os seus apoiadores. Bolsonaro tem vantagem nas pesquisas, mas enfrenta problemas dentro de casa. A declaração do economista Paulo Guedes sobre a volta da CPMF provocou uma crise interna e explicitou a contradição do discurso. Como parlamentar, ele votou contra a reforma da Previdência. Guedes defende a cartilha clássica da economia liberal, com prioridade para privatizações, estado mínimo e reformas. Também o vice, Hamilton Mourão, provocou reações indignadas ao afirmar que casa só com mãe e avó é fábrica de desajustados. 

Do outro lado, Haddad também tem fragilidades. Como está oficialmente no jogo há pouco mais de uma semana, participou de apenas um debate. Além disso, será sempre confrontado com uma lista de contradições do PT: o fracasso de gestão do governo Dilma, os casos de corrupção do partido, as alianças com antigos adversários pelo país e a Lulodependência. Como presidente, ele irá sempre ao cárcere, buscar orientações de um condenado? Há ainda 15 dias de campanha, tanto Ciro Gomes (PDT) quanto Geraldo Alckmin (PSDB) tentam buscar a diferença. Com vantagem para Ciro tanto 
nas pesquisas, quanto na relação com aliados. 

°°°

A cartinha de FHC só serviu para enfraquecer o colega de partido. Os dois líderes da pesquisa agradecem a confusão. O pedetista Ciro Gomes debochou da carta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que pede união dos candidatos à Presidência da República contra aqueles que pregam o extremo. Afirmou que era “muito mais fácil um boi voar de costas” do que ele apoiar Geraldo Alckmin. A língua afiada de Ciro foi mais longe ao falar de FHC.
– A minha sugestão é que ele troque aquele pijama de bolinhas por um de estrelinhas, porque ele está preparando voto no Haddad. Ele não tem respeito a nada e a ninguém, só ao seu ego – disse.

Continua depois da publicidade

 

Leia também:

Eleições 2018: confira os números da segunda pesquisa Ibope para o governo de SC e Presidência