Os números de registros de candidaturas divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até a noite de sexta-feira confirmam a estável liderança do PMDB em Santa Catarina em candidaturas a prefeito, consolidam o PSD como segunda força política no Estado e mostram um PT abalado pela crise que afeta o partido em todo o país. Os dados revelam ainda os emergentes PR e PSB ganhando espaço no Estado, entrando no grupo de sete partidos responsáveis por 89% das cabeças de chapa das 295 cidades catarinenses nas Eleições 2016.

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Conforme os dados do TSE, ainda não totalmente consolidados, mas próximos do que o eleitor verá nas urnas em 2 de outubro, o PMDB fez 213 pedidos de registros de candidatos a prefeito ou prefeita, três a menos do que em 2012. Na sequência vem o PSD, que confirmou a segunda posição de quatro anos atrás e abriu vantagem, passando de 128 para 140 candidatos a prefeito.

Herdeiros políticos do antigo PFL, os pessedistas souberam aproveitar o período à frente do governo estadual com Raimundo Colombo e os mandatos de Gelson Merisio na presidência da Assembleia Legislativa (de 2010 a 2012 e desde 2015). O resultado é desempenho melhor aqui no comparativo com todo o Brasil, onde o partido fica atrás de PMDB e PSDB.

— Esse avanço é fruto do nosso planejamento e de um grande esforço, com influência do grande líder do partido, que é o governador Colombo, e liderança do Merísio — diz o presidente em exercício do PSD, Antônio Ceron.

PSDB busca subir de patamar

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O PP teve 103 registros, leve aumento em relação aos 99 em 2012. Já o PSDB registrou 84 candidatos, nove a mais do que na última eleição, e aposta no pleito municipal e no sentimento antipetista fortalecido no Estado para mudar de patamar.

— A quantidade de candidatos é reflexo de trabalho, da unidade partidária e também da eleição presidencial de 2014, quando elegemos quatro deputados estaduais, dois deputados federais e o Aécio Neves foi o mais votado no Estado — destaca o presidente do PSDB em SC, deputado estadual Marcos Vieira.

Antes ocupadas por PDT e DEM, a sexta e sétima posições nesse ranking agora ficam com o PR e o PSB, respectivamente. O maior salto entre os dois foi do PSB, de cinco para 28 candidatos. No PR, eram 11 e hoje são 33.

— Executamos um planejamento. Focamos nas 50 maiores cidades de SC porque na nossa visão nesses municípios é onde partidos como o nosso têm condições de crescer, com mais voto de opinião e menos estrutura, menos tradição no Estado — comenta o presidente do PSB catarinense, Paulinho Bornhausen.

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A radiografia partidária também permite observar que o número de candidatos dos cinco maiores partidos, somados, é maior do que há quatro anos. São 613 prefeituráveis agora, contra 599 em 2012.

A situação de menos composições e mais disputas entre si vai ao encontro das análises de todas as lideranças partidárias, que avaliam a eleição deste ano como um espelho do que vai acontecer na disputa pelo governo do Estado em 2018. Nesse cenário, marcar presença é estratégico para ter nomes viáveis daqui a dois anos, em um pleito que por enquanto se anuncia sem favoritos.

O PT catarinense, seguindo a tendência nacional, foi o partido com maior redução de registros de candidaturas de 2012 para 2016. Em Santa Catarina caíram 38% (de 95 para 59), enquanto no país a queda foi de 54% (diminuíram de 1.829 para 989).

O presidente estadual do partido, Cláudio Vignatti, afirma que são dois os principais fatores para essa diferença grande nos números. O primeiro deles é há mais de 20 prefeitos do PT no fim do segundo mandato e com acordos já costurados previamente para que outros partidos encabeçassem a chapa em 2016. O segundo motivo, admite Vignatti, é reflexo da situação do partido no cenário nacional, com afastamento da presidente Dilma Rousseff e a Operação Lava-Jato.

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— Muitos vinham para o PT no embalo, porque o partido estava bem. Muitos não vieram mais ou se afastaram porque têm dificuldade em fazer uma leitura mais ideológica de tudo que está acontecendo. No fim, resulta em termos candidaturas mais compromissadas — avalia o petista.

O professor de ciência política da Univali Fernando Fernandez acrescenta dois itens à lista de explicações: a complicada busca por aliados, diante do pouco interesse das siglas em manter coligações com a atual crise que afeta o PT, e o cuidado do próprio partido ao ir para as urnas:

— Se for concorrer e ter risco de ser uma derrota acachapante, você está se enterrando politicamente, então compor com outros partidos e pensar bem cada candidatura é importante. O PT precisa se reinventar, porque já não se sabe mais quem ele representa — pondera

O especialista associa ainda os problemas do PT a consequências em outras agremiações:

— Partidos como PSDB, PR, PSB, aproveitam esse mau momento petista, porque não existe vácuo na política. E eles também usam, assim como acontece de forma muito forte com o PMDB, a mobilização da militância gerada pela participação nos governos estadual ou federal ao longo dos anos.

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