No Centro de Florianópolis, na Rua Felipe Schmidt, militantes azuis e vermelhos criaram um clima de Guerra Fria. A cerca de cem metros um do outro, os grupos têm passado as tardes balançando bandeiras dos partidos e distribuindo panfletos ou adesivos à população, sempre evitando qualquer confronto direto. Nenhuma agressão física foi registrada naquele local até o momento, mas ninguém consegue garantir que não acontecerá até o fim do segundo turno.

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Com a proximidade das eleições presidenciais e a bipolarização entre PT e PSDB, o debate político tem saído do plano da discussão ideológica e entrado no da agressão pessoal. Embora o clima de hostilidade deva prevalecer até o próximo domingo, o que se observa nas ruas é uma vontade mútua de que o dia 26 chegue logo.

– No primeiro turno, ninguém queria dizer seu voto. Agora a sociedade se dividiu, literalmente, entre um lado e outro – analisa Ricardo Bulcão Vianna, filiado ao PSDB.

Com uma bandeira do PT nas mãos e adesivos vermelhos pelo corpo, Carlos Augusto, de 70 anos, conta que um grupo fazia campanha em frente à Catedral de Florianópolis no sábado, quando um “fascista” – nas palavras de Augusto – teria arrancado a bandeira da mão de um deles. Confrontado pelo grupo, o rapaz ainda teria tentado dar um soco no outro antes de ir embora.

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– Eles vêm gritando que a ‘mamata vai acabar’, que somos manipulados. O PT nunca me deu nada, nunca ganhei para defender minhas ideologias – afirma Augusto.

Flávio Bernardes, de 60 anos, é fundador do PSDB em São José e perdeu as contas do número de campanhas que participou. Ele afirma ter testemunhado situações ali mesmo, nas imediações da Esquina Democrática, que superam – em muito – o nível de hostilidade observado em 2014.

– Já vi gente ameaçando, ao microfone, esmurrar a cara do adversário. No geral, já ouvi bastante xingamento, mas neste ano as agressões estão mais verbais e, principalmente, na internet, onde o anonimato protege. Ao vivo as pessoas ficam constrangidas de falar bobagem.

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Casos de agressão são registrados em todo o país

Faltando quatro dias para as eleições, casos de brigas e agressões se multiplicam por todo o país. Ontem, um grupo de estudantes de Medicina que protestava contra o programa Mais Médicos foi expulso por militantes petistas durante um discurso de Dilma Rousseff em Uberaba (MG).

Na semana passada, o blogueiro paulistano Ênio Barroso, cadeirante, saía de uma estação de metrô com materiais de campanha do PT quando foi surpreendido por três homens que desceram de um carro e tentaram agredi-lo, até que fosse acudido por um transeunte.

Na sexta-feira, o vídeo em que uma professora estadual ligada à Secretaria de Educação de Brasília xinga militantes do PSDB e chama uma estudante de “loirinha de m…” viralizou na internet.

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No mundo artístico, o clima também é de bastante receio entre quem declara voto publicamente. Colunista da Folha de S. Paulo e ator do Porta dos Fundos, Gregório Duvivier apoia ao PT e foi hostilizado por militantes contrários em um restaurante do Rio de Janeiro.

– Existem pessoas agressivas nos dois lados, mas elas são minoria. A melhor resposta é ser bem humorado e responder às ofensas com educação – avalia José Roberto de Oliveira que, nesta quarta-feira, participava do ato pró-Dilma no Centro de Florianópolis.