O pleito na Venezuela se encerrou por volta das 18h deste domingo (19h30min no Brasil) e já tem vitoriosas: as filas. Elas tomaram quarteirões ao longo do dia, especialmente pela manhã, quando a maioria preferiu votar, tirando o resto do domingo para descanso. Alguns dos 18,8 milhões de eleitores venezuelanos levaram até seis horas na espera. Um mistério, já que o sistema de urnas eletrônicas é semelhante ao brasileiro. Aliás, peças publicitárias de campanha dos dois candidatos, Hugo Chávez e Henrique Capriles, também são tocadas por marqueteiros brasileiros.

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O grande problema é conseguir entrar na seção eleitoral e ter o nome encontrado pelos mesários. Desde as 6h, ainda noite escura, os venezuelanos começaram a se deslocar para as urnas, não para apenas votar, mas para uma decisão que aparenta ser um plebiscito: Chávez e sua Revolução Bolivariana ficam ou vão embora, mudando o modelo econômico e político do país?

Quatro dos seis maiores institutos eleitorais venezuelanos dão como certa a vitória de Chávez, por margens que variam de 4% a 15%. São enquetes realizadas antes de quinta-feira, quando terminou o período eleitoral. Pesquisas boca-de-urna são proibidas na Venezuela, mas os institutos as fazem e dão um jeito de vazar os índices para a mídia.

Há temor de violência após o resultado, dos dois lados.

A oposição, comandada pelo candidato Henrique Capriles,receia que as milícias chavistas (como os Círculos Bolivarianos e a Guardia del Pueblo) saiam das favelas e promovam baderna nos bairros nobres, caso o projeto continuísta de Chávez seja derrotado nas urnas. Seria uma reedição, organizada, do famoso Caracazo, um protesto de massas contra o governo de Carlos Andrés Perez, realizado em 1989 e que deixou saldo de 300 mortos e mais de mil feridos.

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Caso Chávez vença por pouco, há convicção de que os oposicionistas vão alegar fraude e uso da máquina pública. E poucos duvidam que também acontecerá baderna – em 2002, oposicionistas chegaram a derrubar e prender Chávez, mas foram derrotados após três dias de combates nas ruas de Caracas. A hipótese de que nada aconteça é se Chávez ganhar com grande margem de votos.

Tiros e mortes já aconteceram. Uma pessoa morreu ao ser atingida por tiros de escopeta disparados por motoqueiros, quando se aproximava de uma das filas de votação. O homicídio ocorreu em Paróquia Macarao, distrito de Caracas. Outras três pessoas foram mortas no vizinho Estado de Miranda, todas próximas a postos eleitorais. A Polícia Nacional não vê indícios, ainda, para relacionar os assassinatos às eleições.