A disputa acirrada para presidência da República entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) nas Eleições 2022 marcam a sétima eleição definida em um 2º turno no Brasil desde a redemocratização. Das nove disputas presidenciais desde 1985, apenas duas foram vencidas em votação única.​

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A primeira eleição presidencial direta após a promulgação da Constituição Federal aconteceu em 1989. Na época, concorreram 22 candidatos, mas a disputa em primeiro turno ficou entre Fernando Collor de Mello (PRN), que fez 32,47% dos votos, e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atual concorrente ao cargo de presidente da República, com 16,69% da votação.

A eleição foi definida em 2º turno, quando Collor foi eleito com 53,03% dos votos. O candidato petista ficou cerca de sete pontos atrás do vencedor, e garantiu 46,97% da votação.

Quatro anos depois, os brasileiros foram às urnas para escolher a forma de governo do país — com isso, as eleições foram adiadas. Os brasileiros votaram entre três sistemas: República, Presidencialismo ou Parlamentarismo. A República foi escolhida por 66,28% do eleitorado.

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O pleito ocorreu então em 1994 e depois em 1998 — as duas foram decididas em único turno. Fernando Henrique Cardoso saiu na frente e venceu as votações com mais de 50% dos votos. Na primeira eleição que concorreu, FHC teve 55,22% dos eleitores favoráveis, já na reeleição a porcentagem registrou aumento, e o político garantiu 62,59% dos votos.

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Todas as outras eleições presidenciáveis pós governo de Fernando Henrique Cardoso foram decididas em dois turnos. Em 2002, seis políticos disputaram o cargo de chefe do Executivo, mas a principal corrida ficou entre José Serra (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O segundo turno foi vencido pelo petista com 61,27% dos votos.

Lula concorreu à reeleição em 2006. Em uma acirrada disputa com Geraldo Alckmin (PSDB), encerrada no 2º turno, o petista recebeu mais de 60% dos votos. Hoje, Lula e Alckmin compõem chapa como candidatos a presidente e vice, respectivamente.

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Em 2010, José Serra (PSDB) voltou a concorrer após oito anos e disputou as eleições ao lado de nove candidatos. Entre eles, estava Dilma Rousseff (PT), que viria a ser a primeira mulher a assumir o cargo executivo no Brasil. Dilma fez em primeiro turno 46,91% dos votos, ficando quase 15 pontos à frente de Serra, que teve 31,61%¨dos eleitores à seu favor. No segundo turno, a candidata seguiu na frente e terminou as eleições com 56,05% dos votos.

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Quatro anos depois, em 2014, Dilma Rousseff se candidatou à reeleição e venceu Aécio Neves (PSDB) no segundo turno com 51,64% dos votos. Apesar de uma segunda votação acirrada entre os dois políticos, com três pontos de diferença, Dilma foi a vencedora da votação em primeiro turno, quando fez 41,59% dos votos.

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As eleições de 2018, considerada até então uma das mais polarizadas que o país já teve, Jair Bolsonaro (PL) foi eleito em segundo turno com 55,13% dos votos. O país foi às urnas em uma grande disputa do atual presidente com Fernando Haddad (PT). Na época, houve aumento no número de eleitorado adolescente e idoso. No primeiro turno, Bolsonaro fez 46,03% dos votos e Haddad 29,28%.

Agora em 2022, há similaridade com as últimas votações presidenciáveis. Novamente polarizada, as eleições deste ano estão acirradas na disputa entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que busca reeleição.

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O segundo turno está previsto para acontecer no dia 30 de outubro e vai garantir também os cargos de governadores de 14 federações. Entre elas, Santa Catarina, que tem como candidatos ao cargo de chefe do Estado Jorginho Mello (PL) e Décio Lima (PT).

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O que dizem especialistas

A definição frequente das eleições em 2º turno é consequência de um país com sistema multipartidário, segundo o que explicam especialistas. De acordo com o professor de administração pública do Centro de Ciências da Administração e Socioeconômicas (ESAG) da Udesc, Daniel Pinheiro, a ideia de voto útil, consolidada nas últimas eleições, faz com que o eleitorado escolha também candidatos de acordo com quem está à frente nas pesquisas, o que deixa a disputa concorrida entre dois candidatos.

— É muito comum que candidatos que saem à frente nas pesquisas recebam votos de pessoas que estão em dúvida e optam por votar em quem vai ganhar. Mas somado a isso, como a gente possui vários partidos disputando as eleições, a votação fica mais diluída. Apesar de termos percentuais perto dos 50% para alguns candidatos, é só olhar para baixo e ver onde os votos se dispersaram, nos outros políticos que concorreram. Essa situação dificulta também a eleição em primeiro turno — diz.

Conforme análise do cientista político Julian Borba, o fato de dois partidos frequentemente concentrarem grande parte da parcela do eleitorado, mantendo porcentagem similar no decorrer dos pleitos perto dos 50%, tem relação com a preferência dos eleitores a uma sigla específica.

— Existem partidos com maior preferência e que possuem maiores bases organizacionais, e tendem a polarizar as votações. Então, por exemplo, a gente vê que de 1994 a 2014 a concentração de votos se distribuía entre os candidatos do PT e PSDB. Já em 2018 e 2022, foi entre PT e PL. Em todas as eleições a gente vê a presença do PT, o partido que concentra o maior nível de identificação do eleitorado, segundo pesquisas. Por outro lado também, o partido concentra maior rejeição, o que ficou conhecido como antipetismo. Então é um processo de polarização grande — explica o especialistas.

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Nas eleições de FHC, em que a votação foi definida em turno único, o cientista político Julian Borba analisa como um momento particular do país em relação à situação inflacionária que vivia o Brasil. O especialista Daniel Pinheiro complementa que as propostas de FHC ligadas a economia, em um momento em que o país apresentava grandes dificuldades econômicas, geraram expectativas nos eleitores e que quando isso se consolidou no primeiro mandato do político, a porcentagem da reeleição aumentou.

— FHC foi considerado o “pai” do Plano Real e manteve a estabilização econômica do país. Ele vinha com essa força no momento em que o Brasil esperava por uma mudança por conta da inflação, baixo salário e altos preços. Por isso ele alcançou a popularidade nas eleições, e teve maioria absoluta dos votos — diz.

*Diane é estagiária e atua sob supervisão de Raphaela Suzin.

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