Desde sábado, a família de Luís Carlos Ferreira tenta buscar forças para entender e superar o que aconteceu naquela madrugada, quando o jovem de 22 anos foi morto a tiros na frente da filha de cinco anos. Luís dirigia seu carro quando duas pessoas em uma moto passaram, atiraram várias vezes contra ele e fugiram. Para a esposa, Bruna Muller, de 22 anos, o assassinato dele foi um engano, uma forma dura de tirar a vida de um bom marido, bom pai e bom filho.
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A primeira notícia que Bruna recebeu foi de que havia acontecido um acidente de carro. Eram sete horas da manhã de sábado quando policiais chegaram à empresa onde ela trabalha como auxiliar de produção para contarem que algo ruim havia acontecido, mas evitaram lançar toda a história de uma vez sobre a jovem que, em um piscar de olhos, havia ficado viúva. Fazia duas horas que Luís a deixara no trabalho.
Naquela madrugada, ela acordou primeiro, se arrumou e chamou Luís. Ele se vestiu, pegou a filha de cinco anos e a embrulhou em um cobertor antes de a colocar no carro para que não ficasse sozinha em casa enquanto o pai levava a mãe ao trabalho. Depois que Bruna saiu do carro, a menina ficou no banco do carona, e dormia quando tudo aconteceu.
— Ela estava na frente porque a gente nunca imagina que esse tipo de coisa vai acontecer. O Luís pensou que era perto, apenas alguns minutos até a nossa casa, e como era de madrugada podia ir devagarzinho — conta Bruna.
Ela acredita que foi por milagre que nenhum disparo atingiu a criança. Quando Luís foi atingido pelos tiros, perdeu o controle do carro e bateu contra um muro. A menina acordou com o impacto e teve ferimentos leves.
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O crime tem características de execução, mas o jovem não tinha antecedentes criminais que o ligassem a atividades ilícitas ou organizações criminosas. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil de Joinville e o delegado Dirceu Silveira Júnior informou que é prematuro fazer qualquer afirmação sobre as motivações para o assassinato e os fatos que ocorreram no momento do crime.
Sonho era comprar casa para a família
Luís e Bruna se conheceram na época do colégio. Ele morava no Jardim Paraíso, ela no Aventureiro, e um frequentava a escola do outro por terem amigos nas instituições que ficam em bairros vizinhos. Começaram a namorar aos 15 anos e, aos 16, Bruna engravidou. Apesar de jovens, casaram, foram morar juntos e terminaram os estudos com a ajuda da família.
— Ele já começou a trabalhar para sustentar a casa. Assumiu mesmo a responsabilidade de ser pai e marido. O primeiro emprego foi em uma empresa na rua Tuiuti, depois foi trabalhar em uma empresa no Parque Perini e agora estava muito feliz, super empolgado, com um emprego de operador de empilhadeira. Ele via que nessa nova empresa ele podia crescer, ter promoções — recorda Bruna.
Depois de tantos anos levando uma vida de adulto, Luís havia acabado de realizar o primeiro sonho: fazia pouco mais de um mês que comprara o carro que usava para levar a esposa ao trabalho. Também era o responsável por levar e buscar a filha na escola. O próximo passo era comprar uma casa para a família.
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— Ele queria dar uma vida melhor para a nossa filha. Ela entende o que aconteceu, mas pergunta sobre ele e diz que sente saudade. Está sendo difícil, porque quando você casa, planeja uma vida inteira juntos. Não imagina uma morte. Ele foi tirado da gente, não foi uma morte natural — conta.