Elvis Presley morreu, mas Jaime Leandro vive. Ele não toca instrumento musical, não integra uma banda e nem se veste de preto. Mas, para muitos, Jaime é o rei do rock em Joinville. Isto porque há mais de 20 anos virou uma referência na cidade quando o assunto é rock.
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Com 47 anos, ele é dono de uma loja de artigos especializada no gênero, a Rock Total Discos. Do emocore ao heavy metal, do punk ao grunge, é difícil encontrar um roqueiro que não o conheça. Há uma variedade de estilos na loja, assim como nas preferências do dono.
Jaime não tem uma banda preferida, mas escuta AC/DC, Pink Floyd, Metallica e Ramones. Cada dia, escolhe uma banda diferente. Mas nem só de rock vive Jaime. Ele também respeita o gênero sertanejo e admira a música popular brasileira.
Desde que o rock entrou na vida de Jaime, tomou conta do tempo dele. A ponto de não ter férias há 21 anos. Para compensar, nos fins de semana, ele prefere ir à chácara, em Araquari, onde tem ovelhas, peixes e três cães.
Mas não descarta vender a loja.
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– É desgastante. Trabalho todos os dias, mas é difícil abrir mão, sei que vai fazer falta.
A família mora no prédio em frente à loja. Jaime e a mulher, Maria Goreti Leandro, 42 anos, se revezam no trabalho. Ela também prefere o rock.
O filho, Carlos Eduardo, herdou o gosto e aprendeu a tocar guitarra. Juntos, eles já organizaram excursões para shows em outras cidades. Exemplos são os eventos do Curupira Rock Club, em Guaramirim, e o show dos Ramones, em Balneário Camboriú.
– Ele é um sustentáculo da música ?pesada? em Joinville. É um referencial. Ele vai atrás e está aberto ao diálogo. Procura o que o público quer, valoriza o cliente e não desaprova nenhum estilo – afirmou o roqueiro e analista judiciário Flávio Dauner, 48 anos.
Ele foi um dos primeiros clientes e se tornou amigo de Jaime, amizade que já dura mais de 20 anos. Para Maria, a qualidade de Jaime é ser honesto.
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– Isso supera tudo. Todas as pessoas que o conhecem sabem disso.
Jaime nasceu em Vidal Ramos, mas se mudou para Joinville quando tinha 22 anos. Antes de montar a loja (em parceria com o cunhado Evaldo Knies), trabalhou como metalúrgico e, por dois anos, intercalou as funções.
Até que saiu da metalurgia e se dedicou ao comércio “metaleiro”, exclusivamente.
– Hoje, o preconceito diminuiu bastante. Muitos achavam que [roqueiros] era um bando de loucos – conta Jaime, ao lembrar o início de seu negócio.
– A Rock Total e o Jaime já são quase a mesma pessoa. Quando se lembra de rock?n?roll em Joinville, no âmbito, não só de discos, mas no de formar roqueiros na cidade, ele e a loja têm, sem dúvida, uma influência – entende Dinho, da banda Sexy Pearl.