Os braços enfaixados são apenas uma das sequelas que uma mulher de 31 anos de Joinville terá de carregar pelo resto da vida, depois de quase ser morta pelo ex-marido, na noite da última terça-feira. Reinaldo Bruch, 61 anos, foi morto a facadas após a tentativa de homicídio contra a ex.
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Segundo a Polícia Militar, Bruch foi assassinado com seis golpes de faca pelo atual companheiro da ex-mulher, dentro da casa dela no bairro Comasa, região Leste de Joinville. Clodomar Cardoso de Almeida, 34 anos, foi preso em flagrante.
Mesmo com o movimento das mãos limitados por causa da dor e do curativo nos braços, a soldadora vítima da violência conseguiu mostrar de que forma Bruch apontou a faca.
– Ele encostou a faca na minha barriga, bem próximo da costela e pediu para ficar em silêncio, caso contrário ele me mataria – revelou.
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Ela foi abordada pelo ex-marido na entrada do quintal, no momento em que estava voltando do trabalho. Segundo a soldadora, Bruch se ofereceu para abrir o portão. Mas a gentileza durou poucos segundos.
– A minha esperança era de que a minha vizinha me visse entrando com ele e chamasse a polícia, pois ela sabe de toda a nossa história – contou.
O problema é que a porta da quitinete da vizinha estava fechada. A mulher disse ter ficado com medo de gritar e pedir ajuda. Segundo ela, ao entrar na casa, os momentos de tortura começaram.
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A primeira facada atingiu o braço direito da vítima. A segunda foi mais dolorida, disse a soldadora, e chegou a perfurar o osso do braço esquerdo. Apesar de ter realmente acreditado que iria morrer, a mulher não hesitou em pedir para que ele a deixasse viver e cuidar dos dois filhos, fruto do casamento de quase 11 anos com o próprio Bruch.
– Ele estava decidido e dizia que ia me matar aos pouquinhos – lembra.
A história ganhou um novo rumo depois que o atual companheiro da soldadora, que estava na casa, acordou e interviu. Ela contou que conseguiu fugir para o quarto assim que Almeida apareceu na cozinha.
– Eu não lembro de mais nada depois disso. Eu via algumas sombras e ouvi barulhos, mas meus braços estavam sangrando tanto que eu não tive forças para pular a janela e fugir – explica.
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A preocupação dela ficou ainda maior quando o silêncio tomou a casa. A soldadora só se recorda do momento que o atual companheiro entrou no quarto e falou desesperado que havia matado Bruch.
– A gente não sabia o que fazer, pois o meu irmão não atendia o celular. Então ele chamou um vizinho que nos orientou a chamar a polícia e permanecer no local – diz.
Ex-marido não aceitava a separação
Segunda a vítima, Bruch não aceitava a separação, que ocorreu há cerca de um ano e meio.
– Ele dizia que se eu não fosse ficar com ele, não ficaria com mais ninguém – conta.
A situação ficou mais crítica nas últimas semanas, quando ela passou a sofrer ameaças de morte por telefone e pessoalmente.
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– Eu tenho mais de dez boletins de ocorrência contra ele. O último deles eu registrei na segunda-feira. Ele estava proibido de chegar perto de mim – disse.
A irmã dela, que cuidava dos dois sobrinhos no período da noite, também fez um BO contra ele.
– Ele vivia me incomodando e rondando a região. No início, eu até deixava ele ver as crianças quando ele pedia, mas depois eu não deixei mais, principalmente por causa das ameaças de morte contra a minha irmã – explicou a irmã da vítima.
Mulher acredita que crime foi planejado
Há tempo sem ver os filhos, a mulher estranhou quando Bruch apareceu perto do meio-dia de terça-feira pedindo para levá-las para passear. Mesmo assim, a soldadora deixou os meninos saírem com ele.
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– Ele é pai e pagava pensão direitinho, então, não tinha porque eu não deixar – justifica.
No entanto, ela ficou desconfiada da atitude dele e foi trabalhar de carro. Isso porque o celular da soldadora havia registrado 25 chamadas não atendidas do ex-marido no dia anterior.
– Uma hora depois que ele pegou as crianças, ele me ligou novamente, mas não pude atender porque estava no trabalho – comenta.
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O fato a deixou ainda mais preocupada. O ex-marido já tinha dados sinais de que poderia ser violento. Ela já havia sido abordada por ele no último sábado, por volta das 19 horas, quando voltava do trabalho. A soldadora relatou que Bruch apontou uma faca para ela no ponto do ônibus e fez uma ameaça.