Ser bom demais em um gênero costuma virar camisa-de-força para a maioria dos artistas. Não é o caso de Elba Ramalho. Aos 63 anos, a Leoa do Norte bota o vozeirão a serviço do que bem entender em Do Meu Olhar pra Fora, seu novo disco, o 33º da carreira.

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Ela até tenta enganar, abrindo o álbum com um forró pé-de-serra (Olhando o Coração), mas as guitarras distorcidas de Fazê o Quê indicam que a viagem não vai ser previsível. Um ponto do qual Elba não abre mão.

– Entendo que muitas cantoras se preocupem com rótulos, mas não eu. Não sou diva, sou rebelde, quebro o protocolo, mesmo – conta, bem-humorada, por telefone.

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Além das guitarras roqueiras (também presentes em Nossa Senhora da Paz), Do Meu Olhar… percorre gêneros tão distantes quanto o fado (Nos Ares de Lisboa), a chanson (La Noyée, de Serge Gainsbourg), o baião (Patchuli) e o reggae (Árvore). Sem falar nas psicodélicas Risoflora e Ser Livre, que misturam Tropicália com manguebeat.

– É um trabalho diferente, mas também coerente, porque eu não gravei nada com o que não me identifiquei – diz. – Embora tenha autoridade na música regional, eu sou do mundo.

Universo em constante expansão, Elba acredita que poderia reler a obra do primo Zé Ramalho, com quem tem intimidade. Mas é outro mestre que lhe atrai para breve:

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– Uma hora vou deslanchar um projeto que tenho de gravar Chico Buarque. Foi com as músicas dele que estreei como cantora. Vai ser bonito.