O inverno de 2024 em Santa Catarina provavelmente será mais rigoroso em comparação ao do ano passado. Isso porque, com o El Niño enfraquecido, o fenômeno não conseguirá “bloquear” as massas de ar frio, que devem circular conforme o esperado para a estação. Antes disso, o outono promete chuva acima da média e “veranicos”.
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A previsão para os próximos meses foi feita nesta semana pelo Fórum Climático — grupo que reúne meteorologistas catarinenses de diversos órgãos públicos e instituições de ensino. Segundo os profissionais, as chuvas devem diminuir em relação aos últimos meses, mas ainda ficarão acima da média, principalmente em março e abril.
A diferença é que as trovoadas de verão vão dando lugar a precipitações mais regulares. As regiões que devem ter mais impacto são a Litorânea e Oeste, onde os volumes chegarão a 200 milímetros ao longo do mês.
Já nos Planaltos Norte e Sul e Meio-Oeste os acumulados devem ficar entre 100 e 150 milímetros, em média. Em abril pode chover menos, com 100 milímetros na maioria das regiões.
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Em maio, com a proximidade do inverno, as frentes frias se tornam mais frequentes e os volumes de chuva voltam a aumentar no Oeste, Planalto Sul e Litoral Sul, ficando entre 125 e 200 milímetros, mas não passam dos 100 milímetros no restante do estado.
O fenômeno El Niño perde força gradualmente e caminha para a neutralidade, o que significa que ele não influenciará tanto no volume de chuvas como ocorreu no ano passado, quando o Estado enfrentou enchentes históricas.
A depender da velocidade dessa entrada no período da neutralidade (leia mais abaixo), o impacto no inverno pode ser maior ou menor. Porém, já que a perda de força é algo certo, espera-se que a estação mais fria do ano tenha as características bem marcadas: massas de ar polar permanecendo mais tempo sobre o Estado (prolongando os períodos gelados), possibilidade de geada e até neve, explica a meteorologista Gilsânia Cruz, da Epagri Ciram.
— Ainda é cedo para fazer qualquer previsão, mas há a perspectiva de ser um inverno mais frio que ano passado porque as massas de ar polar devem transitar dentro do esperado — detalha.
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Sobre as temperaturas, elas devem ficar na média durante o outono, com possibilidade de “veranicos” (dias mais quentes consecutivos) tanto nos próximos três meses quanto no inverno.
O El Niño
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o El Niño é o nome dado ao aumento na temperatura da superfície da água no Oceano Pacífico, fazendo ela evaporar mais rápido. O ar quente sobe para a atmosfera, levando umidade e formando uma grande quantidade de nuvens carregadas.
Com isso, no meio do Pacífico chove mais, afetando a região Sul do Brasil, pois a circulação dos ventos em grande escala, causada pelo El Niño, também interfere em outro padrão de circulação de ventos na direção norte-sul e essa interferência age como uma barreira, impedindo que as frentes frias, que chegam pelo Hemisfério Sul, avancem pelo país. Logo, elas ficam concentradas por mais tempo na região Sul.
O contrário, o resfriamento dessas águas, é chamado de La Niña. Normalmente, o El Niño perde força, a temperatura no oceano volta ao “normal” — o chamado período de neutralidade — e gradativamente vai ficando mais fria, entrando no La Niña. Os efeitos do La Niña para Santa Catarina são o oposto do outro fenômeno, já que as chuvas caem em menor volume no Estado.
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