Seguindo a deposição do presidente Mohamed Mursi e a dissolução de seu parlamento altamente islâmico, a Irmandade Muçulmana, principal força política do país, pediu resistência a seus partidários.

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O que se viu foi uma intensificação da violência praticada desde o início da revolta anti-Mursi, com um tom religioso crescente que fez também aumentar o temor de que uma guerra civil se instaure no país.

Pelo menos 33 pessoas foram mortas em episódios de violência no Egito nesta sexta-feira enquanto apoiadores de Mursi protestavam contra sua derrubada, segundo o ministério da Saúde. Mais de 200 pessoas ficaram feridas.

O líder supremo da Irmandade Muçulmana, Mohamed Badie, que reapareceu no Cairo após rumores de sua prisão, instou seus seguidores a manterem os protestos até que Mursi volte ao cargo:

– Nossos peitos de urso são mais fortes que nossas balas e nossas multidões são maiores que os tanques. Nós vamos ficar nas praças até que libertem nosso presidente eleito e que possamos carregá-lo em nossas costas – afirmou.

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Os apoiadores de Mursi afirmam que o exército deu um fim à democracia no Egito após o golpe contra um líder democraticamente eleito. No entanto, os partidários da Irmandade também veem o golpe como uma conspiração contra o Islã.

No processo de laicização do Estado, o presidente interino, Adly Mansour, anunciou ontem a dissolução da câmara alta do parlamento dominada por islâmicos, indicou a agência oficial Mena.

Em represália, extremistas promoveram uma série de ataques no país. A maior igreja da cidade de Qana, no sudeste egípcio, foi alvo de ataques. Na cidade de Dabaiya, um grupo ateou fogo às casas de famílias cristãs, deixando centenas de desabrigados.

No cenário de violência e medo de guerra civil, as forças políticas falam em reconciliação. A Frente de Salvação Nacional, grupo de oposição durante o governo Mursi, condenou a exclusão dos islâmicos do poder: “Rejeitamos totalmente a exclusão de qualquer partido, especialmente dos grupos políticos islâmicos”, afirmaram representantes da Frente em um comunicado.

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– A reconciliação é o nome do jogo, e isso inclui a Irmandade. Precisamos ser inclusivos – disse Munir Fakhry Abdel-Nour, líder da Frente.