A rotina se repete nas três delegacias de Blumenau: muita demanda para pouco efetivo. Por dia, são mais de 50 boletins de ocorrência entre registros de furto, roubo, perda de documentos, homicídios e tráfico de drogas. Com 79 policiais no quadro, efetivo menor do que o de 2006, quando a equipe era composta por 82 profissionais, muitos desses crimes ficam sem solução. Diante da maior defasagem entre sete cidades do Estado – Blumenau tem um policial civil para cada 4.227 habitantes enquanto Florianópolis tem um para cada 1.264 moradores – as delegacias priorizam crimes contra a vida.
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Outro impacto do baixo número de efetivo é que desde setembro a Divisão de Investigação Criminal (DIC) não tem mais equipes especializadas, criadas em meados de 2010. Antes havia um grupo para investigar furtos e roubos, outro para entorpecentes, buscas e capturas e um terceiro para homicídios. Agora são apenas cinco agentes e um delegado para cuidar dos crimes mais graves.
Além disso, desde o início do ano todas as ocorrências registradas em Ilhota e Gaspar das 19h às 13h são atendidas na Central de Polícia, no distrito do Garcia. Para o delegado regional interino, Francisco Ari dos Anjos, o problema só será resolvido com a vinda do pessoal que foi aprovado nos concursos de 2010 e 2014 que ainda não foi chamado por falta de dinheiro:
– No mínimo teria que ter o dobro de policiais para dar tranquilidade e melhorar o atendimento à sociedade. Não podemos dizer que não vamos investigar um furto, mas às vezes não há condições de dar andamento a esses casos de menor gravidade.
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Na 2ª Delegacia de Polícia Civil, na Itoupava Norte, há um policial e um agente para mais de 170 mil habitantes 24 horas por dia. De janeiro a julho foram registrados mais de 4,2 mil boletins de ocorrência:
– É lamentável. Não deixamos de atender ninguém, mas logicamente com deficiência. Com esse efetivo dificilmente damos um resultado adequado. Além do atendimento e investigação, temos que cumprir prazos judiciais e do Ministério Público que exigem diligências – diz o delegado Juraci Darolt.
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Para o coordenador da Comissão de Segurança Pública da OAB Blumenau, Rodrigo Novelli, o problema do efetivo da Polícia Civil é de todo o Estado:
– Há um déficit gigantesco de polícia por falta de pressão política e falta de organização financeira do governo. O Vale do Itajaí, principalmente, carece de representação política e a sociedade acaba ficando refém do sistema que atua contra o cidadão.
Quanto a Blumenau ter a pior proporção entre efetivo e população, o comando da polícia civil diz que a distribuição dos policiais se baseia nos procedimentos deflagrados, ocorrências, incidência criminal e gravidade.
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