Há pouco mais de um ano e meio, o mundo ainda tenta aprender a lidar com um vírus que, diariamente, faz milhares de vítimas. Com a chegada do coronavírus, a rotina mudou: máscaras passaram a ser obrigatórias, álcool em gel virou item indispensável e pessoas deixaram de se encontrar, a fim de evitar aglomerações.

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Atualmente, o cenário continua preocupante. Em Santa Catarina, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), até sexta-feira (9) eram 1.074.422 casos confirmados. Desses, 17.252 foram vítimas da doença ao longo dos últimos meses.

Em contrapartida, a vacinação veio como uma forma de esperança para a retomada de uma “vida normal”. A expectativa do governo estadual é que até o fim de agosto todos os adultos com mais de 18 anos recebam, ao menos, a primeira dose. Até quinta-feira, segundo o Monitor da Vacina do NSC Total, 12,70% da população foi imunizada com as duas doses.

A esperança faz com que as pessoas voltem a imaginar um futuro em que a Covid-19 está controlada, sem o uso de máscaras. Por isso, perguntamos a especialistas: o que esperar de Santa Catarina nos próximos meses?

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Até que idade a população de Santa Catarina será vacinada?

Segundo a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive), a princípio, apenas os adultos com 18 anos ou mais devem ser vacinados contra a Covid-19, seguindo as diretrizes do Plano Nacional de Imunização (PNI). Ou seja, apesar de alguns Estados já terem iniciado a vacinação de adolescentes, em Santa Catarina isso só acontecerá em caso de orientação do Ministério da Saúde, que ainda não incluiu o grupo na lista de prioridades.

Tomei a segunda dose da vacina. Como comprovar que eu estou imunizado?

Durante a vacinação, os aplicadores registram no sistema do Ministério da Saúde os dados da pessoa, confirmando que ela foi imunizada. Neste registro, além do nome, também consta o local onde a dose foi aplicada, o tipo de imunizante e quem foi o responsável.

Além disso, a pessoa também recebe um cartão de vacinação onde há informações sobre a vacina recebida. De acordo com o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, esse processo ajuda a identificar quantas pessoas precisam retornar para tomar a segunda dose.

— O sistema também ajuda em casos em que se tenha que comprovar a vacinação, o que deve acontecer no futuro — salienta.

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Expectativa do governo estadual é vacinar toda a população adulta com a primeira dose até o fim de agosto
Expectativa do governo estadual é vacinar toda a população adulta com a primeira dose até o fim de agosto (Foto: Folhapress)

Será necessário tomar a vacina todos os anos?

Para especialistas, ainda é cedo para dizer. Segundo o imunologista e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Daniel Mansur, os números referentes à vacinação são recentes e, por isso, ainda não foi possível avaliar como os anticorpos agem no organismo. O que se especula é que as pessoas vacinadas estão desenvolvendo uma resposta mais duradoura ao vírus.

— Vale lembrar que a necessidade de vacinação também pode mudar com o tempo. Um exemplo é a vacina da febre amarela, que tinha duração de 10 anos, mas após análise de dados mais recentes, foi possível perceber que ela pode proteger durante toda a vida. Então, isso é algo que vamos saber com o passar do tempo — salienta.

O professor reforça que também é necessário analisar o comportamento da vacinação em meio às variantes, já que os imunizantes disponíveis foram desenvolvidos para cepas diferentes daquelas que surgiram nos últimos meses, como a Alfa e a Beta.

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E as máscaras?

Outra dúvida que também surge na cabeça de muitas pessoas é até quando vamos ter que usar máscaras. Para Mansur, isso depende de dois fatores: o avanço da vacinação e o respeito às regras de controle da pandemia.

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— Como o país é muito grande e o fluxo de pessoas também é grande, é preciso estar em um nível de vacinação bem elevado e com queda nos casos para que se possa voltar ao normal. Mas, em Florianópolis, por exemplo, se a maioria dos adultos estiverem completamente vacinados, é possível que até o final do ano esteja liberada. Mas isso é uma estimativa — salienta.

Já o secretário de Estado da Saúde, André Motta, alerta que, enquanto praticamente toda a população não estiver vacinada, é necessário continuar o uso de máscaras. Ele frisa, ainda, que mesmo no Natal pode ser preciso usá-las em alguns ambientes, caso a vacinação não atinja 95% dos adultos.

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Também há esperança para a retomada de uma vida normal?

O professor da UFSC, Daniel Mansur, salienta que é preciso vários fatores para que a retomada aconteça, mas que o catarinense pode, sim, ter esperanças de voltar à rotina pré-pandemia.

— Tem que se levar em conta duas coisas: o nível de vacinação e a curva da doença. Se estiver em um bom patamar, é possível sim que se volte a ter uma vida normal, mas depende de muita coisa — explica.

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Mesmo após a vacinação, as pessoas vão continuar morrendo por Covid-19?

Segundo o professor, com os dados já disponíveis, é bem possível que as mortes por Covid-19 se tornem raras com o tempo. Um dos exemplos foi o que ocorreu na cidade de Serrana, em São Paulo, onde houve a vacinação em massa. Desde o fim dos testes, a quantidade de mortes caiu quase em zero no município.

— Nós estamos na fase 4 dos testes clínicos das vacinas, em que vemos a performance dos imunizantes em toda a população, não mais em grupos selecionados. E na cidade paulista, mesmo com a circulação da variante, a quantidade de mortes caiu quase em zero. O resultado foi muito bom e isso é uma coisa positiva — explica.

Será possível um dia ‘erradicar’ o coronavírus?

Tanto o secretário de Saúde, André Motta, quanto o imunologista e professor da UFSC, Daniel Mansur, acreditam que não será possível acabar com o vírus, mas sim aprender a conviver com ele.

— É bem possível que ele não vá embora e que seja como a Influenza, em que teve seu período de surto, mas depois foi possível controlar por meio da vacinação — pontua o imunologista. 

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Economia: SC ainda vive os impactos da pandemia?

Diversos setores econômicos foram afetados durante a pandemia, seja pelo fechamento dos comércios, restrição de circulação ou outros fatores que foram necessários para conter a disseminação do vírus. Mas, para o economista e professor da UFSC, Lauro Mattei, a economia catarinense já retomou o patamar prévio do início da pandemia.

— O setor agropecuário praticamente não foi afetado. Em contrapartida, há o setor de serviços que foi o mais atingido pela pandemia e ainda tem reflexos disso. Ou seja, pode-se afirmar que, em seu conjunto, a economia catarinense já se recuperou dos principais impactos oriundos do primeiro semestre de 2020. Mas ainda existem diferenças em relação aos setores — explica.

A temporada de verão poderá voltar a ser como antes?

O litoral catarinense é um dos destinos favoritos de brasileiros e estrangeiros durante o verão. Porém, a época também foi ‘prejudicada’ devido às restrições. A expectativa é que, em 2022, com a vacinação, a rotina das cidades veranistas retorne à normalidade. Mas, para Mattei, o período ainda terá que ser de muita cautela.

— Apesar da imunização, a vida ainda não terá retomado as condições pré-pandemia. Isso reforça a necessidade de um comportamento distinto das autoridades sanitárias e governamentais para evitar uma possível explosão de casos — salienta.

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Educação foi um dos setores que mais sofreram com a pandemia
Educação foi um dos setores que mais sofreram com a pandemia (Foto: Leo Munhoz/Arquivo NSC)

Educação: como recuperar o ‘tempo perdido’?

Outro setor que foi profundamente afetado com a pandemia é a educação. A introdução do ensino remoto escancarou as dificuldades de escolas e estudantes a manterem um ensino igualitário e de qualidade. Isto acentuou as diferenças e prejudicou o aprendizado de centenas de alunos.

Para a professora do curso de pedagogia da Universidade do Vale do Itajaí, Marialva Spengler, o trabalho de recuperação desse aprendizado será de longo prazo.

— A aprendizagem ficou muito defasada. Os alunos aprenderam sobre o cotidiano, mas o conhecimento científico, com certeza, fez um buraco no aprendizado. Não sei como vamos dar conta disso. Nós [professores] temos que buscar estratégias para suprir essa falta com o tempo. Mas essa recuperação seria a longo prazo — pontua.

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