O segundo tema do Projeto Joinville que Queremos, a educação, traz orgulho à cidade pelas boas notas no Ideb, criação de novos cursos e projetos premiados. Mas também há obstáculos a serem vencidos, como falhas na infraestrutura, déficit de vagas no ensino infantil e evasão escolar no ensino médio. A Prefeitura tem planos para avançar na área. Entre eles, a construção de novas escolas.
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Ao mesmo tempo que relatamos iniciativas de professores e alunos que foram premiados nacionalmente, as boas notas de escolas joinvilenses na avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), a criação de novos cursos superiores e de projetos educacionais, a educação em Joinville ainda é uma área que preocupa gestores e autoridades.
Se temos escolas e instituições com notas acima da média, temos outras que precisam se adequar aos novos tempos. O ano de 2012 foi encerrado com 18 escolas interditadas pela Vigilância Sanitária por causa da má estrutura. Para virar esta página, a mudança não está só nas mãos do poder público. Também é de responsabilidade dos pais, dos estudantes, das universidades e dos educadores.
Mais uma vez neste ano (assim como nos anos passado, retrasado e no anterior), tivemos professoras representando Joinville no Prêmio Victor Civita de Educação. No Prêmio A Educação Precisa de Respostas, da RBS, lançado neste ano, um joinvilense figura entre os finalistas. No prêmio estadual Elpídio Barbosa deste ano, mais uma vez, uma escola da cidade é homenageada. O exemplo de superação da Escola Estadual Senador Rodrigo Lobo, do Jardim Sofia, que teve a pior nota de Joinville no Ideb de 2009 e conquistou uma das melhores notas no Estado em 2011, foi lembrado pelos especialistas e serve de exemplo. Com foco e novas ideias, além de apoio financeiro e estrutural, eles incentivaram alunos e professores a fazerem o seu melhor e, assim, conseguiram criar um ambiente atrativo e chamaram a comunidade para dentro da escola.
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No ensino fundamental, de acordo com a Secretaria de Educação, basicamente 100% das crianças estão na escola – até porque a medida é exigida por lei e o pai que não cumprir a norma pode ser punido. Joinville ainda está em um patamar bastante confortável em relação ao número de analfabetos.
De acordo com o Censo de 2010, 2,7% da população joinvilense, o que equivale a 11.697 pessoas, não sabem ler nem escrever. Para se ter uma ideia, a cidade de Londrina, no Paraná, que poderia ser comparada com Joinville, conta com 4,5% de analfabetos. Iniciativas como a educação de jovens e adultos têm ajudado a diminuir ainda mais o percentual. Atualmente, 3.959 pessoas recuperam os anos de estudo na cidade.
Evasão no ensino médio
Há cerca de 200 escolas espalhadas pela cidade e com perspectiva de mais três até o ano que vem. Estes são os pontos positivos na educação. Mas é preciso equilibrar e repensar.
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Um dos grandes desafios é vencer a evasão escolar no ensino médio. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), cerca de 10% dos alunos deixam a sala de aula entre 15 e 17 anos em Joinville. Os motivos vão desde a falta de interesse até o início do trabalho. Para especialistas, o grande dilema da educação no País é melhorar a qualidade no ensino médio. E isso, a longo prazo, vai desde condições e estrutura adequada aos estudos, professores valorizados e preparados, a políticas públicas para a juventude. O ensino integral ou inovador, aliado ao ensino técnico e profissional, é uma das soluções que tem trazido resultados positivos.
No superior, com faculdades públicas e privadas, Joinville ainda foca em cursos de ciências exatas e muito mais em bacharelados do que nas licenciaturas. Até porque a procura é bem menor. A cidade ainda espera a construção da nova sede da UFSC, na BR-101.
O ensino infantil é o ponto de atenção para a rede municipal. De acordo com o secretário Roque Mattei, de 4 mil a 5 mil crianças estão na fila de espera por uma vaga. Este número pode variar porque muitos dos que estão na fila já podem ter se matriculado em instituições privadas ou já até conquistado esta vaga. Para diminuir o gargalo, até 2016, a Prefeitura tem como plano a construção de 15 novos centros de educação infantil, que atenderão a 2.276 crianças. Cinco deles já estão sendo erguidos. Outros sete estão em fase de licitação. Há ainda o desejo de ampliar os CEIs já existentes. Hoje, em média, eles atendem 198 crianças cada um. Com a reorganização, eles deverão atender até 300.
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Infraestrutura, interdições e reformas
Joinville é uma cidade que sente na pele os problemas da má estrutura das escolas. Uma Vigilância Sanitária atuante e espaços considerados insalubres levam à interdição dos locais. No fim do ano passado, 18 foram fechadas. Seis permanecem interditadas ou parcialmente abertas.
Uma das escolas, a Estadual Osvaldo Aranha, está sendo reformada e será entregue para a comunidade no fim deste ano. A Maria Amin Ghanem também passa por reformas, assim como a Annes Gualberto e a Francisco Eberhardt. A escola centenária Conselheiro Mafra será cedida para uso do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), que oferece cursos superiores de tecnólogo e cursos técnico-profissionalizantes.
A situação da Escola Monsenhor Scarzello, abandonada e atual morada de mendigos, também é polêmica. Moradores chegaram a se reunir com o prefeito Udo Döhler para pressionar o governo do Estado a reabrir a unidade. A municipalização seria um desafio, que começaria com a Monsenhor. Mas ela precisa ser reformada para ser recebida pelo município. Já a Escola Rui Barbosa foi fechada no início deste ano. Será reformada e abrigará as turmas da educação de jovens e adultos. Mas as obras ainda não começaram.
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A falta de dinheiro emperra a solução de todos estes problemas. Enquanto isso, alunos e professores são encaminhados e transferidos para unidades diferentes, em algumas áreas provisórias.
Na rede municipal, na última semana, duas escolas foram interditadas. Reformadas rapidamente, já foram abertas. Mas deixam o sinal em alerta.
Há, ainda, o desafio de oferecer mais escolas. De acordo com o Censo de 2010, Joinville está crescendo para os bairros. A expectativa é de que em 25 anos a população dobre. E como atender a crianças e adolescentes? Em setembro, o governo do Estado lançou duas licitações para a construção de escolas nos bairros Vila Nova e Parque Guarani, com investimento de R$ 8 milhões em cada uma. Há a previsão para outras duas.
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Na rede municipal, já em 2014 uma nova escola será aberta no Jardim Paraíso. Mais de mil alunos serão atendidos. Outra está prevista para o Jardim Edilene. Deve começar a ser construída ano que vem.
Valorização do professor
Para um ensino de qualidade, a atuação do professor é fundamental. E isso vale desde a educação infantil até o ensino superior. Para se chegar ao patamar desejado, é importante lembrar que a valorização precisa ser cultural e financeira. Na segunda, a responsabilidade fica por conta dos governos. Na primeira, a responsabilidade é da sociedade.
No último 15 de outubro, Dia do Professor, educadores relataram os pontos positivos e os negativos da profissão. E foram unânimes: o lado ruim da educação são a desvalorização e o excesso de trabalho. Se antes muitas crianças queriam ser como seus mestres, hoje a história é muito diferente: baixos salários (o piso nacional do magistério é de cerca de R$ 1,5 mil), falta de condições de trabalho (estrutura precária e poucas ferramentas) e a falta de respeito.
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– O professor era uma coisa sagrada antigamente – chegou a citar a professora finalista do prêmio Victor Civita, Marlene Steffens.
Este problema não é exclusivo de Joinville. A situação é ainda mais crítica em outras cidades brasileiras. A Secretaria de Educação de Joinville, no entanto, tenta investir em capacitação e cursos. A entrega de tablets e agora de notebooks também tem este objetivo. Para o ano que vem, está prevista a instalação de fibra ótica nas escolas.
Junto do apoio tecnológico, também cabe ao professor a adaptação aos novos tempos. Diminuir o choque entre gerações é uma das metas do governo. Capacitações às novas tecnologias precisam ganhar prioridade.
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– Todas as gerações convivem dentro da escola. Temos que trazer para dentro da sala o que os alunos têm fora – disse o secretário Roque Mattei.