Colunista Iomani
(Foto: NSC Total )

Ao fazer uma análise sistêmica dos números do setor catarinense de tecnologia apresentados no Tech Report 2020, lançado recentemente pela Acate, podemos ver que o ecossistema de Santa Catarina está crescendo de maneira sadia. Tivemos melhoras em todos os indicadores, como produtividade, empreendedores, número de empresas, colaboradores e faturamento. 

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Isso é motivo de muito orgulho para todos nós, pois é natural que, quando há um crescimento, se perca produtividade, ou eventualmente, quando algumas empresas crescem, que não se abram tantas outras. Mas, pelos dados do estudo, vemos que a realidade de Santa Catarina é equilibrada, evidenciando que o trabalho liderado pela Acate, com diversos programas estratégicos, está colaborando com toda a jornada dos empreendedores.

Um dos destaques é o número de colaboradores. Em comparação com os maiores estados do setor de tecnologia, Santa Catarina apresentou o maior crescimento  no último ano. A formação de mão de obra qualificada é um fator essencial para esse resultado. Apesar disso, sabemos que este é um dos grandes desafios do setor. O estudo apontou que, pelo terceiro ano consecutivo, o número de matrículas no ensino superior no Brasil diminuiu. 

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Já o número de concluintes se manteve em crescimento, porém, quando comparado com países de mesmo tamanho populacional, vemos que a expansão do ensino superior brasileiro ainda precisa se fortalecer. A taxa de formandos para cada mil habitantes no Brasil é de 4,75, número inferior ao da Colômbia (9,42), por exemplo.

Além do baixo índice de formandos, dados do Inep apontam que a participação de alunos de ensino superior em cursos STEM, voltados para a atuação profissional nas áreas de tecnologia, como Computação, Ciências, engenharias e Matemática, é ainda menor. Considerando apenas os cursos presenciais, a taxa de matrícula STEM no Brasil representa cerca de 25% do total. Houve uma redução se comparado com 2017, principalmente pela queda das matrículas em cursos de engenharias, principalmente Mecânica, Elétrica, Química, Automação, Ambiental,  Computação e Ciências Físicas.

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Em Santa Catarina, nos últimos dez anos, o número de matriculados no ensino superior passou para 222 mil, um crescimento de 8,7%. Entre os formandos, o volume subiu de 32,6 mil para 33,8 mil. No período mais recente, contudo, é o terceiro ano consecutivo de queda no total de matrículas. Somente em 2018, o número de matrículas se reduziu em cerca de 10 mil. Por causa disso, temos uma realidade preocupante: o número de concluintes por mil habitantes em Santa Catarina é de 4,79, valor que está pouco acima da média nacional (4,75), mas que representa, por exemplo, cerca de metade da taxa do Distrito Federal, de 10,57 em 2018.

Embora não apresente um percentual elevado no volume de concluintes do ensino superior, Santa Catarina é um dos estados que possui o maior número de matrículas nos cursos voltados às engenharias e à tecnologia. O percentual de alunos STEM em Santa Catarina é o maior do Brasil, com 31%. Isto representa 68,8 mil estudantes, sendo que 13,1% estão em fase de conclusão, o equivalente a 9 mil pessoas aptas a ingressar no mercado de trabalho.

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Este número pode até parecer alto, mas a realidade é outra: falta mão de obra capacitada para trabalhar no setor. Um levantamento de vagas realizado pelo Linkedin (maior rede social corporativa do mundo) entre junho e julho, apontou que as profissões nas áreas de tecnologia são as com maior demanda.  Mesmo em meio à pandemia e à crise econômica, vemos muitas empresas de tecnologia crescendo e com vagas abertas, mas que enfrentam dificuldades para preenchê-las. Isto já se tornou um gargalo para o segmento em todo o país, e que pode ficar ainda mais preocupante se não agirmos logo para mudar esse quadro.

Colaborar para mudar esta realidade rapidamente, atuando na formação de jovens desde o Ensino Médio, é um dos objetivos da Acate para os próximos anos.  A população brasileira está envelhecendo muito rapidamente,  então temos basicamente entre 20 a 30 anos em que ainda teremos uma parcela relevante de jovens. Este grupo precisa estar bem formado para uma nova realidade, um mercado de trabalho que vai exigir uma mão de obra muito mais qualificada e preparada para toda a transformação digital e automação de processos que vários setores da economia estão passando. A pandemia acelerou esse desenvolvimento ainda mais, e estes conhecimentos serão necessários, independentemente da área de atuação. Se nada for feito, corremos o risco de ter uma geração que não terá oportunidades por falta de capacitação.

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Quando um estudante conhece precocemente as possibilidades que uma carreira em tecnologia pode lhe oferecer, isto pode direcioná-lo a uma formação adequada e ao mesmo tempo suprir o mercado que já possui a demanda por este tipo de profissional. Com mais oportunidades e devida capacitação, conseguiremos construir uma sociedade mais justa, com pessoas bem instruídas e competitivas no mercado de trabalho, com salários melhores, gerando mais equidade social.

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