Treinar, superar obstáculos, se recuperar de lesões, viajar, conhecer diversos lugares do Brasil e do mundo. Ser convocado para a seleção brasileira, se aposentar e depois? Viver de quê? Esta tem sido uma pergunta que diversos atletas têm feito: o que vou fazer depois que encerrar minha carreira? Cada vez mais preocupados com o futuro e em ter uma formação acadêmica, atletas de pequeno, médio e alto rendimento estão administrando o tempo entre viagens e treinamentos para conciliar suas carreiras com uma faculdade.

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— Não conseguimos garantir nada depois que a carreira acaba. A gente vai, talvez, ter um nome, mas precisamos de conhecimento e formação. A gente sabe que é uma minoria que consegue dar certo no esporte, e hoje temos pessoas que fazem essa opção, correndo um risco muito grande. E o estudo nos deixa tranquilo, um diploma debaixo do braço. Tem que ter uma preocupação com o futuro, buscar algo mais na vida — disse o jogador de basquete Marcelinho, do Flamengo e da seleção brasileira, que está se formando em Marketing pela universidade carioca Estácio, que lançou nesta terça-feira um projeto que incentiva atletas à prática de esportes aliada à formação — mais de 300 atletas fazem parte do programa.

Quando conciliar a carreira com os estudos não é possível, o jeito é correr atrás do prejuízo e não ficar para trás. É o caso da campeã olímpica Sandra Pires, que depois de ter deixado às quadras, se dedicou e conseguiu concluir o curso de Educação Física.

— Eu tinha vergonha de dizer que não era formada. E com estudo, educação, a pessoa até abre a cabeça para o esporte. É uma mentalidade que precisamos mudar no Brasil. Eu consegui, estudei os quatro anos e não é fácil, mas aí vem a raça do atleta, o sangue nos olhos. E se formar é o maior prazer, é também uma medalha na nossa vida — contou a ex-jogadora de vôlei de praia, em evento realizado na Barra da Tijuca, no Rio.

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Além de Sandra Pires, já formada, os tenistas Bruno Soares e Teliana Pereira também estão no caminho e esperam poder exercer uma nova profissão quando a carreira de atleta acabar.

— Eu estou estudando marketing agora, e espero um dia poder trabalhar com tênis e televisão. Gosto muito dessa profissão, de jornalismo, mas comecei agora, ainda tenho muito para jogar — disse a tenista, que se prepara para disputar a primeira olimpíada.

O embaixador do projeto é o tenista Gustavo Kuerten. Identificado com o projeto e ovacionado por todos os presentes na cerimônia, o ex-número 1 do mundo falou sobre a importância de esporte e educação andarem de mãos dadas.

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— Jamais ia imaginar que um dia eu estaria aqui, compartilhando essas histórias com esses caras. Para defender o esporte e a educação no nosso país. É uma oportunidade incrível poder cursar uma faculdade e poder desenvolver a capacidade esportiva — vibrou Guga.

O ídolo aproveitou para relembrar histórias do início da carreira, de quando precisava conciliar os estudos com o tênis.

— Eu desde 14, 15 anos, até os 17 eu viajava com oito apostilas e o Larri (Passos, ex-técnico) ficava tomando as matérias. E assim a gente foi indo até os 17 anos. Eu era o número 400, 550 do mundo, jogador juvenil de destaque, mas profissional era um “Zé Bolha”. E era um caminho muito difícil, que deu certo. Hoje você acessa o computador e tem um professor esperando, existe o compromisso e a possibilidade de fazer as duas coisas, e para mim isso não tem preço – disse o catarinense.

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O presidente da Estácio, Rogério Melzi, explicou porque Guga foi o escolhido para encabeçar o programa.

— O Guga foi um atleta espetacular, uma história de vida maravilhosa, de superação. Você vê os discursos do Guga, sempre falando da estrutura da família. Ele é o exemplo perfeito e está em sintonia com a gente – contou Melzi.

* A repórter viajou a convite da Estácio