O empresário Eduardo Uram foi citado por Wilfredo Brillinger na entrevista publicada no Diário Catarinense na edição do último domingo, 30 de setembro, acusado de interferir nas contratações do clube usando informações privilegiadas. O DC procurou Uram para dar espaço para sua defesa. O empresário explicou que chegou em 2009 no Figueirense, ainda na gestão de Paulo Prisco Paraiso, e que teve continuidade no seu trabalho com Nestor Lodetti. A relação, segundo Uram, sempre foi boa até que surgirem problemas com a Alliance, que teve o desejo de também agenciar jogadores, como faz a Brazil Soccer, empresa de Eduardo Uram.

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Diário Catarinense _ Houve vazamento de informação privilegiada?

Eduardo Uram _ Informações privilegiadas são apenas os meus olhos, treinados para escolher os melhores jogadores. São os meus olhos e os de quatro pessoas que trabalham comigo. E o Figueirense nunca me passou informações privilegiadas. Sobre os dois exemplos que ele utiliza, o Elsinho e o Claudinei, são atletas da minha empresa muito antes de chegarem ao Figueirense. O Elsinho, desde o começo do ano, eu analisava ele no Nacional de Nova Serrana (MG). Já tínhamos comprado ele, do time formador que é do Paraná, o Cincão, há muito tempo. E esse jogador não chegou de graça para a Brazil Soccer, foi um investimento caro. E na carência de lateral direito para o Figueirense a gente disponibilizou de graça.

DC _ E o Claudinei?

Uram _ Desde o ano passado a gente observava o Claudinei. O Sidney Moraes, técnico do Boa Esporte-MG, me falava das características dele. Eu assisti aos jogos do Boa pessoalmente. O Claudinei já estava comprado pela Brazil Soccer e já estava pré-agendado para ser emprestado para o Botafogo. Em um conversa com o Hélio dos Anjos, no Rio de Janeiro, após a derrota do Figueirense para o Botafogo, a gente estava falando de futebol e eu disse que tinha contratado seis jogadores da Série B. E ele se interessou pelo Claudinei e o Elsinho. E ele me pediu. E nesse momento eu já havia dito que estava fora do Figueirense. Depois conversei com o Anderson Barros, do Botafogo, se ele poderia relevar o acordo verbal que eu tinha com eles. Tenho certeza que o Wilfredo só ouviu falar do Claudinei e do Elsinho quando foram apresentados no clube.

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DC _ E a não contratação do Eduardo e do Lima para o Figueirense?

Uram _ O Argel Fucks gostava do Lima e do Eduardo e pediu ao Marcos Teixeira a contratação desses jogadores. Nesse tempo eu tinha contatos frequentes com o Marcos. Ele chamou os dois jogadores para Florianópolis e acertou o salário. Só dependia do acerto entre os clubes (Joinville e Figueirense). E o Marcos me falou que a melhor forma de acertar isso era através do Wilfredo, falando diretamente com o Nereu Martinelli, em função das atividades profissionais deles de construção. Eles foram diversas vezes a Joinville e os jogadores não chegaram, e não teve nenhum interferência minha nesses casos.

DC _ Como você se distanciou do clube?

Uram _ O que houve é que eles mesmos queriam agenciar jogadores, e eu acho uma coisa natural. Isso foi verbalizado para mim pelo Marcos Teixeira, principalmente com a chegada do Cléber Giglio, em fevereiro. Foi aonde eu sinto que houve o rompimento comigo. Eles queriam fazer uma agência de jogadores nos mesmos moldes da Brazil Soccer. Eu não tinha a intenção de falar com a imprensa, eu gostaria de preservar o clube. Mas, como eu fui citado, eu me sinto no direito de me defender.

DC _ Como você se sentiu com essa situação?

Uram _ Magoado, mas entendo que o futebol vai além de 90 minutos, ele é o esporte da transferência de responsabilidade. Não é o Marcos Teixeira chegando para os cabeças da equipe e dizendo que se a Alliance sair o Figueirense não teria dinheiro para comprar um clipes. Apesar de tudo, desejo tudo de bom para o Figueirense e que tudo aconteça da melhor maneira.

DC _ Você faria negócios no Figueirense com o Wilfredo na presidência?

Uram _ Hoje eu não tenho como responder essa pergunta. Eu que eu posso dizer é que eu gosto muito da instituição do Figueirense. A vontade de ajudar não terminou, mas evidentemente, quando eu não me sinto bem-vindo a paixão diminui. Não sei te responder.

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