O empresário Eduardo Uram, proprietário da Brazil Soccer, concedeu entrevista ao programa Debate Diário, da rádio CBN, na tarde desta quinta-feira. Uram foi questionado pelos comentaristas do programa sobre diversos assuntos, entre eles a parceria com o Figueirense, o que projeta para 2013, o futuro do atacante Aloisio e do goleiro Wilson. O empresário também comentou sobre a contratação de Loco Abreu e da crise interna do clube que, segundo ele, acabou prejudicando dentro de campo.
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Confira os principais trechos da entrevista.
Aloisio
O Aloisio esse não vai ficar. Vai ser decidido no momento adequado, vamos escutar o Figueirense, se houver uma proposta que atenda os interesses do Figueirense e do Aloisio. O Aloisio tem um carinho enorme pelo clube, está dando a vida para ajudar o clube a sair dessa situação, mas eu tenho impressão de que o jogador tende a sair.
Wilson
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Wilson tem contrato com o clube. Ele renovou ano passado, tem mais esse final de ano e mais um ano de contrato. É um jogador extremamente vinculado ao clube, não só pelo contrato, mas pelo carinho com a torcida. Não está sendo tratada a saída dele, ele tem contrato com o clube e a decisão final da saída ou não é do Figueirense, que é quem detém 100% dos seus direitos.
Direitos econômicos, federativos e salários
– O salário é uma contrapartida ao trabalho do jogador. O clube paga, o jogador joga. O jogador joga para dar resultado esportivo ao clube. O direito econômico é uma aposta que pode dar certo ou errado. Quando ela dava errado, quem perdia era o Uram. E quando ela dá certo quem ganha é o Uram _ e em alguns casos o Figueirense teve direitos econômicos, taxa de vitrine e tudo o que tinha direito.
Se falou muito de direito econômico e pouco de futebol. E isso era compatível com o viés da Alliance Sports, que era uma empresa com fins lucrativos, como a Brazil Soccer é. Agora, me espanta o fato de com a extinção da Alliance, se continuar falando de direitos econômicos. O Nestor (Lodetti, ex-presidente) sempre falou: “a prioridade é o esportivo”.
Essa é a postura de um presidente de clube, onde se prioriza o resultado esportivo, a manutenção na Série A, as conquistas. Ele falava que não era hora de discussão de direito econômico, mas uma discussão pertinente, de futebol, que foi muito pouco discutido dentro do Figueirense.
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Explique a definição desses dois tipos de Direitos
– Federativo: direito de apenas um clube de registrar um contrato de trabalho de um jogador em uma federação e na CBF. Econômico: pode ser compartilhado, só existe quando existe o federativo.
O direito econômico só existe anexo ao direito federativo. O direito federativo do Aloisio era do Caxias e os direitos econômicos eram do Grêmio. Eu comprei os direitos federativos e 70% dos econômicos. E o próprio jogador, o Aloisio, é dono de 30% dos seus direitos econômicos. O que ele (Wilfredo) se confundiu é que ele comprou os direitos federativos do Aloisio da Chapecoense, mas a Chapecoense não tinha estes direitos.
O contrato-mãe era registrado ao Caxias, com 20% de direitos econômicos do Grêmio, e estava emprestado à Chapecoense. Eu comprei os direitos econômicos do Grêmio e fiquei quieto esperando escoar o contrato de empréstimo com a Chapecoense. O que o Figueirense fez: negociou um final prematuro do empréstimo dele à Chapecoense. E interessava ao Aloisio jogar a Série A, então foi bom pra todo mundo.
Depois disso terminou o ano, havia outras possibilidades para o Aloisio, mas a gente, privilegiadamente deu mais um ano de empréstimo ao Figueirense, apesar de que o Marcos Moura não tinha muito interesse na continuidade do Aloisio por conta dos direitos econômicos. Eu gostaria de dizer, inclusive, que neste ano do Figueirense se falou mais de direito econômicos do que de futebol.
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Enquanto o pau estava comendo na Série A, a situação se deteriorando e a discussão era sobre direitos econômicos, enquanto o orçamento do Figueirense para 2012 era de R$ 55 a 60 milhões, a folha do futebol era menor do que R$ 25 milhões e estavam discutindo direitos econômicos. Enquanto o direito econômico que era relevante, era o direito econômico de televisão, da TV Globo, para 2013.
Contratação de Loco Abreu
– Eu estava presente nas reuniões que culminaram na contratação do Loco Abreu. Em diversos momentos ele contestou a cláusula que dizia que ele não poderia entrar contra o Botafogo. Ele se posicionou firmemente pelo cancelamento da cláusula. Ele queria jogar contra o Botafogo, e ele se posicionou no momento adequado, que era o momento da assinatura do contrato.
Depois, na hora do jogo, o jogador não deve e não pode se posicionar, ele precisa ser preservado. Os clubes é que acordaram de que ele só jogaria mediante pagamento de multa. Estando feito o acordo entre os clubes o atleta não pode interferir.
2013
– Estou apenas contrapondo algumas posições que o Wilfredo colocou ontem. Não há nenhuma inimizade minha com o clube. Voltei a falar pelo telefone de assuntos relevantes com o Marcos Moura Teixeira. Não houve nenhum encontro entre mim e a cúpula da Alliance, como foi publicado no Diário Catarinense. Não existe nenhuma inimizade entre mim e Marcos Moura Teixeira. Temos nossas diferenças, temos, sim, alguns contrapontos.
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Entre Marcos Teixeira e Uram sempre saiu um ponto em comum e satisfatória para as três partes – clube, Alliance e Brazil Soccer. Com o Wilfredo a mesma coisa, manterei um nível de amizade na maneira que for possível. Serei cordial com ele da mesma maneira que ele for cordial comigo. Dentro de mim, sobre o Figueirense, sobra um carinho enorme. Pro ano que vem vamos continuar administrando. Se tiver que tirar alguém da minha rede de conexões, irá sair. E os jogadores que já forem segregados, seguirão seu caminho. E o Figueirense seguirá o seu caminho glorioso. Às vezes acontecem os desencontros no futebol, mas as pessoas refazem suas trajetórias, com bom senso e equilíbrio. Não tem nenhuma mácula que nos impeça de conversar em um nível aceitável.
Uma análise das tuas responsabilidades neste ano do Figueirense
– Quando acontece um insucesso todo mundo tem responsabilidade. Não deve-se ficar buscando, caçando as bruxas, todo mundo tem sua parcela de culpa. Quando foi remontado o elenco para 2012, dentro de casa, quando estávamos todos unidos, tínhamos a percepção de que os acertos desse ano tinham sido enormes. A gente tinha a convicção de que se contratou pontualmente e que tínhamos encontrado jogadores que superariam o nível dos jogadores anteriores.
Todo muno achava, Chico Lins, Marcos Moura, os técnicos da época. Com o estadual a gente teve a convicção que ganhou sem ter jogado bem e sabia que, naquele momento, a necessidade de ajustes finos, de contratações pontuais, como nos outros anos também foram feitas. O Túlio, Ygor, Reinaldo chegaram no meio do ano. Depois o Wellington Nem e o Julio Cesar chegaram no meio do ano. E no momento adequado, logo a seguir em fevereiro ou março, no momento em que era pra ter sido feitos os ajustes finos, não tinha mais diálogo, era a crise política instaurada. E se falou de política, menos de elenco.
Tenho uma lista de jogadores da minha empresa indicada ao clube e já havia uma decisão de contratar fora desse modelo. Não tiro minha responsabilidade, no caso também dos treinadores. Teve o Adilson Batista e o outro treinador que chegou no lugar dele, desde ali eu não tive voz ativa. Meu sofrimento com o insucesso do projeto é enorme como de todo mundo ali.
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Com a ruptura naquele no decorrer do estadual, que reflexo teve no desempenho do time e jogadores?
– O empresário quer que seus jogadores joguem bem. Eu ainda sofro vendo o Figueirense jogar. Meu nível de conversa com os jogadores nunca modificou. Da minha parte sempre foi incentivo completo aos jogadores, nunca poderia ter sido diferente disso, mesmo porque o empresário não faz isso, não tem como dizer para o jogador: “ó, não joga bem porque eu briguei com o presidente”.