O brutal assassinato da médica Mirella Macarini Perucci provocou uma comoção em Criciúma e municípios do Sul. Foi mais um caso grave de violência na região. Mobilizou as entidades civis e autoridades municipais, que reclamam a presença do governo estadual.
Continua depois da publicidade
Em Nova Iorque, onde se encontra realizando curso de Inglês, o vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB) foi acionado pelo telefone e pelo correio eletrônico inúmeras vezes depois da grave ocorrência. Ele está solidário, mas se declara de “mãos atadas”, sem poder para agir.
Em entrevista pelo telefone, o político revelou que está isolado no segundo mandato de Raimundo Colombo (PSD), que o Sul está sem representativide e ele nada manda no governo. O governador Raimundo Colombo preferiu não comentar as declarações de seu vice.
DC – O que o senhor tem feito no governo contra a insegurança em Criciúma e no sul do Estado?
Continua depois da publicidade
EDUARDO PINHO MOREIRA – Em primeiro lugar, depois do lamentável assassinato da médica Mirella Perucci, telefonei ao governador Raimundo Colombo, sobre a urgência em novas medidas de segurança. Falei com lideranças de Criciúma. O problema é que eu não mando nada nesse governo.
DC- Mas os problemas de Criciúma são antigos.
EDUARDO- Em dezembro de 2014, fiz uma reunião com as entidades organizadas, comandadas pela Acic, numa reunião para tratar das principais reivindicações. O resultado foi frustrante, porque foi sem direcionamento. As entidades alertaram que a situação era crítica e de alto risco. Repito: foi frustrante porque não houve nenhuma providência na área da segurança pública. Ao contrário, dois meses depois os bandidos tomaram conta de bairros de Criciúma. Fecharam tudo e não deixaram nem a Polícia entrar. A cidade está insegura, em clima de comoção geral. O próprio delegado Regional me procurou para também alertar que a situacão é muito crítica, com criminalidade crescente. Mas não houve nenhuma resposta do governo.
DC- Ninguém do governo fez nada?
EDUARDO – Só um fato. O presidente da Assembleia, Gelson Merísio(PSD), esteve em Criciúma, ligou na frente da imprensa para o Secretário Cesar Grubba, que prometeu instalar câmeras de segurança. Até hoje nem as câmeras colocaram. Está faltando ação de governo. É muito grave a criminalidade em Criciúma.
Continua depois da publicidade
DC – O que o senhor disse de Nova Iorque ao governador?
EDUARDO – Eu enfatizei que precisamos de uma pauta posistiva para o Sul. Por exemplo, a obra mais importante para o sul é a Via Rápida de Criciúma. Acontece que a obra está parada há dois meses. A obra tinha a minha cara, é vital para o desenvolvimento da cidade. O sul está muito pouco representado no governo.
DC – Então o vice-governador não tem prestígio?
EDUARDO – Não tem! Neste segundo mandato está sem prestígio e sem poder. O que o sul tem no governo? A Ada de Luca está lá por uma condição da bancada estadual e porque o Raimundo gostou do trabalho dela. Temos o Acélio Casagrande, Secretário em Brasilia. E mais nada! Uma região que tem o vice-governador e não tem representação politica. Como vice-governador estou sem tinta na caneta.
DC – Mas o senhor não trata disso com o governador?
EDUARDO – Já te disse e repito: estou sentindo uma grrande decepção, profunda frustração. Eu também estou frustrado. Liguei para o presidente da Acic dizendo que sou solidário com as reivindicações. A sociedade do sul acha que eu sou o responsável. O problema é que eu não mando nada neste governo. Não mando absolutamente nada. O vice-governador é absolutamente periférico. Eu já disse isso ao governador.
Continua depois da publicidade
DC – Quem é que impede que o vice-governador trabalhe por sua região?
EDUARDO – Ninguém respeita nem o vice-governador. Pediram de Criciúma uma palavra do secretário de Segurança, Cesar Grubba. A resposta do assessor do gabinete foi: “Isto é problema de voces”. É tudo muito complicado. O governo tem que se mexer. Criciúma entrou em convulsão com a morte da médica. Conheço os pais da médica há mais de 30 anos. Há uma grande revolta na cidade. É necessário presença e ação de governo.