O PMDB catarinense está unido em torno de Mauro Mariani como candidato a governador em 2018, não teme desgastes pelo apoio ao presidente Michel Temer (PMDB) na Câmara dos Deputados e vê o PSDB como futuro preferencial para as próximas eleições. As avaliações são do vice-governador Eduardo Pinho Moreira (PMDB), com quem conversei na tarde desta quinta-feira, logo após participação dele no programa Conversas Cruzadas, da rádio CBN/Diário.

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Leia a íntegra da entrevista.

Os cinco deputados federais do PMDB de Santa Catarina votaram a favor do presidente Michel Temer (PMDB). Acredita que isso possa afetar o desempenho do partido no Estado?

Eu espero que não. Acho que a pecha de traidor seria pior. Há uma expectativa muito importante de que o Brasil possa se recuperar, de que o presidente Michel Temer possa apresentar algo mais positivo para o país. Eu lembro que na época do impeachment do Fernando Collor, aqueles que votaram a favor dele hoje lideram vários Estados, notadamente na Bahia (se refere a ACM Neto, prefeito de Salvador e neto de Antonio Carlos Magalhães, cujo grupo político apoiou Collor no impeachment). O importante agora é o governo apresentar bons resultados e isso acabará repercutindo favoravelmente lá na frente.

O pré-candidato a governador do PMDB, Mauro Mariani, é um dos que votou a favor de Temer. Isso foi discutido internamente, havia preocupação em relação a isso?

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Claro que havia uma preocupação, mas o Mauro votou de forma consciente de que era o melhor para o Brasil. Ele sabe que tirar o Temer para colocar o Rodrigo Maia (do DEM, presidente da Câmara dos Deputados) ou o Eunício Oliveira (do PMDB, presidente do Senado) seria mais prejudicial para o país. Eu vejo que foi uma decisão que a bancada tomou unânime e espero que Santa Catarina seja beneficiada por isso, inclusive.

O senhor surpreendeu há duas semanas quando anunciou o apoio a Mariani como pré-candidato, considerando que foram adversários internos em diversos momentos nos últimos anos. Como foi a construção desse apoio? Isso pacifica o PMDB, o partido tem mesmo só um pré-candidato agora?

Só tem um candidato. Foi esse o meu objetivo, pacificar o PMDB. A gente está percorrendo o Estado e eu percebi que essa divisão interna estava angustiando os companheiros. O confronto meu com o Dário Berger (PMDB) através da imprensa, entre outro, estava deixando eles inquietos. Foi uma decisão partidária que tomei reconhecendo os méritos do deputado Mauro Mariani. Ele tem experiência política como prefeito (de Rio Negrinho), deputado estadual, federal, secretário de Estado. Isso parece ter pacificado o partido. Acho que hoje 100% do PMDB apoia Mauro Mariani.

Essa definição por Mariani consolida o cenário que coloca PSD e PMDB como adversários na próxima eleição ou ainda acredita que a aliança possa se manter?

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Eu teria que agora tem mais dificuldade. Mas não podemos nos preocupar com isso, não. Diria que neste momento nosso foco de procura deve ser o PSDB. Acho que nós podemos oferecer duas vagas à majoritária ao PSDB, de uma forma que alas distintas do partido possam ser atendidas.

Acha mais fácil coligar com PSDB do que com PSD?

Eu acho que sim. Esse é o nosso foco nesse momento.

E o adversário que o PMDB identifica é o deputado estadual Gelson Merisio (PSD)?

Acho que sim. Até espero que seja ele.

O PMDB governou Santa Catarina pela última vez com Luiz Henrique da Silveira defendendo a bandeira da descentralização administrativa. Hoje, o modelo das secretarias regionais é questionado, inclusive com projetos de lei na Assembleia Legislativa propondo a extinção. O PMDB vai levantar novamente esta bandeira em 2018?

Não tenha dúvida disso. O poder imperial do governador em Florianópolis tem que acabar. Não é possível que lá de Porto União, lá de Passo de Torres, lá de Dionísio Cerqueira, as lideranças comunitários, empresariais, políticos, tenham que vir a Florianópolis pedir a benesse do governador. A descentralização é a forma mais moderna, mais democrática de gestão pública. Discutir o número de secretarias acho que é válido.

Houve é excesso na criação de secretarias, que chegaram a ser 36 (hoje são 35 agências)?

O projeto original eram 21 secretarias. O excesso acabou acontecendo em função dos pedidos dos políticos e das entidades. Muitas entidades empresariais, universitárias, sindicais, vinham ao governador pedir para criar secretarias regionais. Hoje em dia está todo mundo quieto, mas acho que é muito mais a classe política contra as secretarias regionais do que a comunidade como um todo. Elas levaram o governo para próximo do cidadão e essa é uma conquista que ninguém vai conseguir acabar. Os projetos na Assembleia tem conotação política e oportunista. Acham que as secretarias são mal vistas. É inegável que elas perderam função no atual governo. O PMDB pode devolver função a elas, não cargos.

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Não é uma estrutura muito cara?

Não é verdade. A maior parte dos funcionários são servidores efetivos que seriam pagos de qualquer maneira. O transporte escolar, os investimentos são feitos através da secretaria. E colocam isso como despesa, o que não é verdade. Tem que ser discutido e isso a eleição do ano que vem vai permitir. O que não pode é voltar o poder imperial. Isso faz o governo cometer erros. Tem secretário liberando dinheiro atendendo as interesses políticos dele apenas, sem discutir com o secretário regional.

O senhor assume o governo em qualquer condição ano que vem no caso de renúncia do governador Raimundo Colombo (PSD) para concorrer ao Senado?

Eu e o governador ainda não conversamos sobre isso de forma definitiva. Essa conversa tem que existir. Não sei se semana que vem, mês que vem, mas vai precisar existir. Porque minha vida política está entrelaçada na dele. A decisão de sair é dele, a decisão de assumir é minha. Uma vai ser decorrente da outra.

O senhor pleiteia que ele renuncie em janeiro e não apenas em abril, data-limite da legislação eleitoral?

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É uma decisão pessoal dele. Ele decide a data e as condições. Eu decido o que fazer.

Preocupa o senhor que ao assumir o mandato não tenha condições de honrar pagamento de salários, pagar empréstimos, dívidas?

Tenho a preocupação que o Raimundo tem hoje. É um ano difícil. As despesas não param de crescer e a receita não crescem na mesma proporção. Querem mais mil policiais. Os que saem aposentados, continuam na folha do Estado. A preocupação que o Raimundo tem hoje, eu terei ano que vem.

Ouça a entrevista do vice-governador no Conversas Cruzadas na íntegra: