O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, anunciou nesta segunda-feira (28) que vai renunciar ao cargo. Em entrevista coletiva, no Palácio Piratini, o político também disse que permanecerá filiado ao PSDB.

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— Vou renunciar ao poder para não renunciar à política — disse Leite.

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Com a renúncia, o governador poderá concorrer a cargos nas eleições de outubro. Quem assume o governo gaúcho é vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, que acumula a função de secretário da Segurança Pública desde o início da gestão. Ranolfo é pré-candidato a governador pelo PSDB.

Leite estudava um convite do PSD para disputar a eleição presidencial de outubro. A filiação era dada como certa, mas ele sofreu pressão dentro do PSDB para ficar na legenda. Cardeais do PSDB enviaram a Leite uma carta no último dia 18 para convencê-lo a permanecer. O texto foi assinado por alguns aliados de Doria.

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O governador gaúcho também foi convencido de que sua candidatura pelo PSD ficaria isolada, sem uma aliança com siglas fortes. Ele também enfrentaria resistências dentro da legenda, uma vez que o partido é dividido entre políticos que apoiam as candidaturas de Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT).

Se decidir concorrer pelo PSDB, Leite também enfrentará dificuldades. Sua viabilidade dependeria de que a legenda enterrasse o resultado das prévias que escolheram Doria candidato ou de que o governador paulista desistisse de disputar a eleição presidencial.

Aliados de Leite no partido, liderados pelo deputado Aécio Neves (PSDB-MG), trabalham para que o nome do gaúcho seja chancelado por outros partidos da chamada terceira via, sob o argumento de que ele seria um candidato mais viável que Doria.

Esse cenário em que Leite poderia ser alçado a candidato do PSDB ao Planalto é tratado como ilusório por aliados de Doria, já que o governador paulista venceu uma disputa interna que teve gastos do fundo partidário, participação de milhares de filiados e registro do resultado na Justiça Eleitoral.

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Neste domingo (27), Doria afirmou que desrespeitar as prévias seria um golpe.

— As prévias valem. Qualquer outro sentimento diferente disso é golpe. Uma tentativa torpe, vil, de corroer a democracia e fragilizar o PSDB — disse Doria.

Nesta segunda, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi ao Twitter para demonstrar apoio a Doria. “As prévias do PSDB foram realizadas democraticamente. Assim sendo, penso que devem ser respeitadas”, disse.

O PSDB já anunciou uma federação com o Cidadania e selou uma aliança com União Brasil e MDB. Os quatro partidos fecharam um acordo para que, até junho, escolham um candidato único. É nessa negociação que a opção por Leite pode prosperar, segundo a ala do PSDB que o apoia.

Além de Doria e Leite, pleiteiam a vaga a senadora Simone Tebet (MDB) e o presidente da União Brasil, Luciano Bivar. O Podemos de Sergio Moro também foi chamado a ingressar o bloco da candidatura única.

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Na última pesquisa do Datafolha, divulgada na semana passada, Leite apareceu com 1% as intenções de voto no cenário em que ele substitui Doria como candidato.