Em uma rápida passagem por Joinville nesta terça-feira, o governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência em 2014, Eduardo Campos (PSB), falou sobre os planos para as eleições, mantendo o discurso comedido de que ainda não é o momento para falar sobre a construção de palanques no Estado. Mas não escondeu o desejo de trazer o clã Bornhausen para a legenda, fortalecendo sua estrutura para o pleito.

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A Notícia – O PSB ainda não tem palanque em Santa Catarina para as eleições presidenciais do ano que vem. Como o senhor pretende compor com as siglas para o ano que vem?

Eduardo Campos – Acho que esse não é um ano de montar palanques. Esse é um ano de nós fazermos a economia do país voltar a crescer, nós podermos garantir as conquistas dos últimos anos e cuidarmos da agenda que está posta claramente diante do país. A questão de montarmos palanque, vão ser montado os palanques no entender do PSB em 2014. Então, em 2014 nós vamos ter um PSB presente na vida política de cada um dos brasileiros.

AN – Tem se especulado muito a respeito da relação do governador Raimundo Colombo com a presidente Dilma Rousseff. Isso poderá causar algum estremecimento na relação dos senhores?

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Campos – Acredito que isso não irá afetar nada. O Colombo é de um partido amigo do PSB, um partido que nasceu recentemente na vida política brasileira e inclusive em muitos estados cresceu ao lado do PSB – como em Santa Catarina – e eu vejo com naturalidade o PSD estar participando do governo da presidenta Dilma, o PSD tem estados que estão mais próximos do governo da Dilma e outros que estão mais distantes e em 2014 nós estaremos discutindo o que cada um dos partidos iremos fazer, fazer uma agenda para o país principalmente. Discutiremos o que é melhor para o país para que o Brasil possa melhorar.

AN – O seu partido está em aberto aqui em Santa Catarina, sem um grande nome. O senhor já tem conversado com outras lideranças políticas para aumentar a representação no Estado?

Campos – É natural que a direção estadual com o (Geraldo) Althoff e a direção nacional comigo e com outros parceiros sejamos procurados todos os dias por várias pessoas. Isso acontece porque o PSB cresceu, é o partido que mais cresceu nas eleições municipais, é um partido que esta chamando a atenção do Brasil e nós vamos conversando, porque nosso objetivo é continuar crescendo, mas crescendo sempre com qualidade, com objetividade e mantendo os valores partidários.

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AN – O senhor esperava encontrar o governador Raimundo Colombo durante o evento?

Campos – Não esperava. Eu estive com o Colombo semana passada em Brasília e já sabia que nessa data ele estaria na Alemanha cumprindo uma agenda de trabalho.

AN – Na economia nacional, o senhor vem tentando apresentar alternativas para mudar o que Brasília vem fazendo, utilizando indicadores, por exemplo. O senhor acredita que é possível realizar grandes modificações, principalmente na área da saúde?

Campos – Acredito que sim. Na saúde existe muito gasto ruim, ou seja, a falta de controle no gasto efetivo, além de existir muitas carências. Carências de mão de obra em muitas regiões, existe subfinanciamento em que o SUS deixa procedimentos há mais de onze anos sem reajustar na tabela do SUS. E a saúde, se você fizer uma pesquisa de opinião pública aqui em Santa Catarina ou em Rondônia, Pernambuco ou Piauí, verá que a saúde é um assunto da ordem do dia. A população brasileira está vivendo mais e por isso está procurando mais o serviço de saúde. Com isso, nós estamos tendo uma grande crise nesse setor. Para resolver, precisamos aumentar a participação da União nos custos da saúde, que já chegou antes de 1988 a 75% e hoje está em 45%. Houve um encolhimento enorme de participação da União e um aumento enorme de participação dos municípios e dos Estados. Então, temos que formar mais pessoas, melhorar a qualidade de gastos e temos que arrumar mais recursos.

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AN – Recentemente o Ministro da Saúde falou em importar médicos de Cuba e de países da Europa para atuarem no Brasil e suprirem as deficiências existentes. O senhor concorda com essa tese?

Campos – Nós precisamos abrir novas universidades de Medicina. Eu mesmo, no Estado, ajudei que a universidade do Estado abrisse dois cursos no interior – nós não tínhamos nenhum. Nós tínhamos menos vaga nos cursos de Medicina do que tínhamos em 1980 e o primeiro passo é formar os nossos jovens em medicina, mesmo que isso não resolva o problema imediato, já que são dez anos para que esse médicos cheguem ao mercado. Mas caso fosse feito uma convocação de médicos formados do Sul e Sudeste e não for suficiente para dar cobertura dos serviços de urgência e neonatal, maternidades, UTI e mesmo de saúde básica do PSF, eu não vejo problema de se trazer temporariamente de 400, 500 ou mil médicos para áreas que eles existam, mas isso só deve ser feito se a gente autorizar um conjunto de universidades e cursos a avalizar isso.

AN – Como o senhor avalia a pressão para a aprovação da MP dos Portos?

Campos – É óbvio que precisamos melhorar os portos brasileiros. Nós apoiamos a MP dos Portos. Acredito, sinceramente, que quando dá esse tipo de stress no Congresso é porque está faltando diálogo.

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AN – O senhor se reuniu com o presidente do PSD, Gilberto Kassab, ontem. Discutiram a possibilidade de adesão do Kassab a sua candidatura?

Campos – Kassab está visitando todos os Estados e visitou Pernambuco ontem. Nós almoçamos, ele me contou sobre as andadas dele, sobre as conversas que vem tendo com o governo federal, das preocupações dele com a economia, mas não tratei nem com o Kassab e nem com nenhum outro dirigente partidário sobre 2014. O dia que eu tratar disso, tenho que tratar com os companheiros do PSB.

AN – O senhor assinou a ficha para a criação do partido da Marina Silva. Como o senhor avalia a criação de novos partidos?

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Campos – Com a história de vida que eu tenho, não poderia ter outra atitude a não ser subscrever o partido da Marina Silva e de tantos outros manifestantes que ela abraça, o direito deles terem representatividade partidária e expor suas ideias, vendo quantos brasileiros acreditam naquele causa. Fiz o que aprendi desde que nasci.

AN – O senhor convidou o Paulo e o Jorge Bornhausen para integrarem o PSB?

Campos – O Paulo foi meu colega na Câmara (dos Deputados). Tivemos chance de militar junto na Câmara Federal onde desenvolvemos uma relação de amizade. Por essa via, conheci o senador Jorge Bornhausen, um quadro de grande experiência política e muitos serviços prestados ao Brasil, com quem tenho dialogado muito nos últimos anos e ouvido muito sua experiência e capacidade de refletir. E eles sabem que tem no PSB muitos amigos e muitas pessoas que os querem bem. E o Paulinho sabe que o PSB está sempre de portas abertas para ele. Ele já se sente PSB, porque aqui ele tem tantos amigos que ele já é meio PSB. Mas o dia que ele quiser se filiar, ele me chama e eu venho aqui com um bocado de amigos que ele tem para fazer essa festa.

AN – Mas o senhor já os convidou?

Campos – Foi feito agora (convite) porque fui provocado.