O dia começou cinzento no Rio de Janeiro, mas, principalmente, em São Januário. Não era para menos, em poucas horas um ídolo do clube faria sua despedida. Edmundo vestiria pela última vez a camisa cruz-maltina. A torcida ovacionou o Animal e ele, por sua vez, agradeceu e retribuiu o carinho com gols.
Continua depois da publicidade
Edmundo voltou a vestir a camisa 10 do Vasco, balançou a rede e deu adeus aos gramados contribuindo para a goleada de 9 a 1 sobre o Barcelona de Guayaquil (EQU), na noite desta quarta-feira, na Colina.
A festa começou muito antes de a bola rolar. Minutos antes do jogo começar, um vídeo com momentos da carreira do Animal com a camisa vascaína e depoimentos de ex-companheiros foi exibido no estádio. O placar, recém-inaugurado, anunciava a escalação vascaína e pôde repetir aquilo que o antigo já estava mais que acostumado: reger a torcida ao piscar “Ah, é Edmundo!”.
Jogadores do Vasco e do Barcelona em campo, menos um, Edmundo, o protagonista da noite. Ovacionado, entrou sob os estouros dos fogos de artifício, que homenageavam o Animal, a sua despedida, a sua carreira e a dedicação ao clube. Ele entrou em campo e depois dos hinos do Equador, do Brasil e do Vasco serem entoados, a bola rolou.
Não demorou até a rede balançar. Aos 10 minutos, o árbitro Marcelo de Lima Henrique viu pênalti em Thiago Feltri e a torcida pediu para Edmundo cobrar. Ele colocou a bola na marca da cal e, aos 12 minutos, abriu o placar. Comemorou, e muito. A torcida também. O Caldeirão ferveu de vez.
Continua depois da publicidade
O time de Cristovão Borges mandava no jogo, o Barcelona, assim como a torcida, assistia. E assistiu mais um gol do Vasco, dez minutos depois. Alecsandro marcou após bela tabelinha entre Edmundo e Eder Luis, que achou o companheiro dentro da área.
Edmundo fez mais um. Ele lançou Fagner, que foi ao fundo e cruzou para o Animal bater de primeira e fazer o seu segundo gol na partida, o terceiro do Vasco.
O Barcelona ainda conseguiu fazer o seu, aos 39 minutos, quando, após bobeada da defesa, Asencio, veterano que disputou a Libertadores de 1998, bateu para o fundo do gol. Mas não houve nem tempo de comemoração.
No minuto seguinte, Juninho recebeu na área e bateu colocado: 4 a 1. Fim de primeiro tempo.
Mal o segundo tempo havia começado e Eder Luis desviou cruzamento de letra. A bola bateu na zaga e entrou. Quinto gol do Vasco. Aos quatro minutos, porém, a energia do estádio teve uma queda e a luz ficou apagada por aproximadamente 20 minutos, tempo em que a torcida aproveitou para cantar e voltar a celebrar Edmundo.
Continua depois da publicidade
O Animal recebia a bola e arriscava as jogadas de outrora, quando arrancava entre os zagueiros, mas o vigor físico não é mais o mesmo. Nada que abalasse a alegria dos presentes, que ainda se deliciavam.
E aos 21 minutos, Fellipe Bastos bateu falta do meio de campo com um chute forte e fez o sexto do Vasco. Pouco tempo depois, Allan recebeu na área e bateu na saída de Vera Gines para ampliar, 7 a 1.
Diego Souza também deixou sua marca. Após cruzamento da direita, ganhou do zagueiro, dominou e marcou o oitavo. Aos 38 minutos do segundo tempo, Edmundo deixou o campo para dar lugar a William Barbio e saiu aplaudido por companheiros e torcedores. A substituição teve direito, inclusive, a hino do Vasco nas caixas de som.
Após a saída do Animal, o centro das atenções deixou de ser o jogo. Edmundo, ao andar ao redor do campo, bateu no peito como se quisesse mostrar todo amor ao clube e ouviu o pedido de “Fica”. O Animal chorou! Emocionou e se emocionou. Acabava ali a sua trajetória no futebol e vestindo a camisa do time que sempre se declarou torcedor, do time que mais se identificou.
Continua depois da publicidade
E o adeus a Edmundo foi completo, com casa cheia, gols, vitória vascaína e com o grito de “Ah, é Edmundo” eternizado na Colina Histórica. Nem mesmo o nono gol vascaíno, marcado por Allan no minuto final, fez com que o foco fosse outro que não o Animal.
Se pudesse, cada torcedor agradeceria pessoalmente a Edmundo. Se pudesse, Edmundo agradeceria pessoalmente a cada torcedor. Uma história de amor que começou em 1992 e teve seu capítulo final em 2012. “Au, au, au, Edmundo é bacalhau!”