O presidente Michel Temer suscita no mínimo sinais para preocupação da sociedade quando se manifesta dizendo ¿eu converso com quem eu quiser, na hora que eu achar mais oportuna e onde eu quiser¿, ao revidar críticas sobre encontros fora de hora, de local e da agenda. Ocupante do cargo máximo no setor público brasileiro, o presidente da República é livre para agir como quiser, desde que pautado sempre pela transparência de seus atos, o que está longe de se constituir regra no atual governo.

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A Câmara dos Deputados livrou o presidente de ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após denúncia de corrupção passiva formulada pelo procurador-geral da República no caso tornado público a partir de conversas gravadas pelo dono da JBS. A opção pelo simples arquivamento da denúncia impediu o esclarecimento dos fatos e os brasileiros estão até hoje sem saber exatamente como se passaram. A decisão tampouco autoriza o chefe máximo da nação a atuar com uma agenda sem o mínimo de transparência e que o impeça de prestar contas de seus atos.

Em boa parte, a crise política enfrentada hoje pelo país se deve ao fato de os políticos pouco se preocuparem em prestar satisfações sobre seus atos. Quando o Congresso abre mão de suas atribuições de fiscalizar atos do Executivo, a própria democracia fica ameaçada. E é exatamente isso o que ocorre quando passa a legislar em causa própria, a atuar em favor do interesse de corporações ou a agir com o intuito de barrar investigações que possam atingir seus integrantes ou o governo. Esse é o tipo da atitude que só pode merecer reprovação.

Governantes e legisladores não podem agir como bem entendem, pois devem satisfações à sociedade sobre seus atos. O presidente da República não contribuiu para esse objetivo com a polêmica afirmação.

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