Por mais que a situação política esteja tensa e que parlamentares e homens públicos sejam livres para defender suas causas, é sempre preocupante quando alguns parâmetros do bom senso são claramente ignorados. Políticos e homens públicos são eleitos para enfrentar desafios como os que o país enfrenta hoje e deveriam colocar sempre os interesses da sociedade acima dos seus, dentro dos limites de padrões éticos. É justamente o que está longe de ocorrer em Brasília, como ficou evidente ontem durante os fatos que marcaram a votação da reforma trabalhista no Senado. E é o que transparece também nas tentativas do presidente Michel Temer de influenciar a decisão da Câmara sobre a denúncia de que é alvo por corrupção passiva.
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No caso das mudanças na composição dos integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), é certo que outros governantes já recorreram a estratégias semelhantes. Ainda assim, fica evidente no mínimo a tentativa de interferência direta de um poder sobre o outro. Como se isso não fosse suficiente, voltam a ganhar força estratégias arcaicas como a liberação de verbas orçamentárias em troca de voto.
Outro caso ilustrativo de excesso na política foram os artifícios usados ontem por alguns parlamentares de oposição para tentar barrar a votação da reforma trabalhista no Senado. Independentemente de partido ou de posicionamento em relação à questão, parlamentares têm o direito de expor o que pensam. São descabidas, porém, atitudes como das senadoras que ocuparam a mesa do plenário, tentando impedir a votação.
Enquanto se mantiverem apegados a velhas práticas, como as que se repetem agora, políticos e homens públicos continuarão longe de reconquistar a credibilidade dos eleitores. Há limites que precisam ser obedecidos, pois são válidos para todos – incluindo políticos que insistem em ignorá-los.
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